Olá leitores, Fiquei pensando no que poderia falar no primeiro post para o blog e contar sobre a minha história parecia a melhor o...

Como nasce uma escritora?

 Olá leitores,

Fiquei pensando no que poderia falar no primeiro post para o blog e contar sobre a minha história parecia a melhor opção, então vamos lá!



Confesso que nem sempre gostei de ler, ganhei alguns livros na infância que não passei da primeira página, um deles era "entre neste livro" ou algo assim. Mas minha história tomou um curso diferente quando ganhei de uma amiga da minha mãe, alguns gibis do Maurício de Souza, eu tinha pouco mais de dez anos. Então minha casa passou a estar sempre cheia na companhia da turma da Mônica, do Chico Bento, do Astronauta, da Tina e do Penadinho.

Vencer obstáculos está no meu sangue desde o ventre da minha mãe por ser uma gravidez não planejada, mas a força e coragem dela também vieram no pacote. Comecei a escrever na minha adolescência, geralmente é uma fase difícil e para mim não foi diferente e pode parecer clichê, mas foi nessa confusão de sentimentos misturados com lágrimas que meu relacionamento com a caneta e o papel iniciou.

No início eram apenas palavras jogadas no papel sem qualquer disciplina, desabafos de uma mente confusa, inspirações vindas de letras de músicas e decepções vividas. Confesso também que na escola a matéria que menos gostava era Língua Portuguesa, mas não era tão ruim, ajudei amigos escritores na revisão e até a editar suas obras, é uma responsabilidade enorme e eles confiaram em mim para tal missão. Já cogitei fazer bacharel, ser revisora ou editora. De uma coisa eu sei, o futuro é incerto.

Com o tempo pequenas cenas vinham a minha mente e mesmo insegura quanto a minha escrita fui compondo uma a uma até virar um pequeno conto. Mas tinha muito que desenrolar a história ainda e se tornou minha primeira novela: Segredos - Todos Temos Um, escrito em 2013, e relançado em 2015.

Foi também em 2013 que lancei meu Blog Pense. Repense. Quantas vezes forem necessárias, mudado o nome posteriormente para apenas Blog Pense Repense O blog foi criado primeiramente para publicar minhas poesias e textos, não que eu achasse que era ótimo e queria que o mundo lesse, muito pelo contrário. Um amigo muito especial, Michael Mendonça, me presenteou com ele após ler meus escritos e admirá-los. Hoje, além dos meus desabafos, publico sobre diversos assuntos, principalmente literatura. Compartilho notícias e eventos importantes, e até já fiz uma seleção de contos de escritores do wattpad para divulgar no blog.

A partir de 2015 minha vida de escritora começou a se agitar, conheci outros escritores, aprendi muito mais sobre ser escritora e sobre escrever também, lembro dessa época como um salto na minha carreira. Foi assim que comecei a participar de antologias de poesias e contos onde a maior parte dos meus textos foram publicados.

Já em 2017, participei na antologia A Viagem do Pólen da Vida com minhas poesias ''Rimas para Você'' e ''Represa'' e meu conto ''Henrique e Ela - Amor que Floresce'' na edição Cultive o Pólen da Vida 3, organizados pelo Professor Lenilson. Meu primogênito, "Sonhos Distantes", publiquei na antologia de contos Sem mais, o amor, pela Andross Editora.

Em 2018 novas publicações, como a antologia Colha o Pólen 1, também organizado pelo Professor Lenilson, participei com minha poesia ''Tempestade''. Já na Coletânea de Contos e Poesias FLAL 5° Edição escolhi meu conto ''Alexandre e Ela - Amor Encontrado''. No final do ano publiquei Minha Inspiração, uma antologia poética solo lançada em comemoração aos meus dez anos de escrita.

Em 2020 novos lançamentos como o meu primeiro romance Coração de Oceano, após longos cinco anos o escrevendo, revisando e editando e a Coletânea de Contos e Poesias FLAL 6° Edição, dessa vez apostei em duas poesias que me levaram ao pódio duas vezes no concurso, "Escravidão" vencedora do sexto lugar, e "Através da Janela" vencedora do segundo lugar.

Minha escrita nasceu para eu fugir de problemas e eu realmente acreditei que assim que superasse essa fase eu deixaria de o fazer. Tenho muito orgulho dos meus livros, dos concursos que participei e principalmente os que ganhei, e sentiria uma dor enorme se esse meu mundo fosse embora. Então encontrei a resposta para minha pergunta: eu jamais deixarei de escrever!

Leia online grátis: 

Certificados de Participações e Concursos

Aquarelas Literárias do Brasil


Esse é um projeto desenvolvido e idealizado pela Uiara Melo, onde participei com meu livro Coração de Oceano. Em um bate papo descontraído via vídeo chamada que respondo perguntas sobre meu livro, a vida de escritora e minha opinião sobre a literatura em geral. Infelizmente não tenho mais o vídeo da entrevista.



Mês Nacional da Escrita de Romances


"O National Novel Writing Month (ou NaNoWriMo, para abreviar) é uma maratona anual de escrita que ocorre em novembro de cada ano. Durante o evento, escritores de todo o mundo tentam escrever 50.000 palavras de ficção entre os dias 1 e 30 de novembro. Isso pode formar o primeiro rascunho de um manuscrito ou processar o trabalho em direção a um rascunho."

Em 2017 participei com '30 Dias", uma história de apocalipse zumbi que me propus a escrever, eu não terminei a história desde então, mas venci a maratona. O objetivo principal é criar uma rotina de escrita que seja confortável.
Além do evento principal em novembro, há outros ao longo do ano, ainda não participei de nenhum, mas são bem dinâmicos.





5º Festival de Artes Literárias e Literatura


Evento online no Facebook, tem o objetivo de divulgar a Literatura Nacional Contemporânea e ajudar a divulgar autores nacionais em várias dinâmicas como entrevista, bate papo e também publicando os textos participantes em uma linda coletânea. Os exemplares estão disponíveis aqui: Leia Livros Editora Online.




Concursos Wattpad

Concurso Tatanjuba 02/2018


Esse foi o primeiro concurso ganhei com essa história, e fiquei muito feliz, pois também foi o primeiro concurso que eu ganhei no Wattpad! Só havia uma qualificação para cada categoria que são os gêneros literários existentes na plataforma, e venci no categoria Romance.



Concurso MoonBook 10/2018


Esse foi o segundo concurso que participei e ganhei em segundo lugar na categoria Romance.




Concurso Rosas Douradas 10/2018



Esse foi um concurso que participei com minha história Coração de Oceano, ganhando em segundo lugar na categoria Aventura.






Concurso Órion 10/2018



Participei também com a história Coração de Oceano e venci em segundo lugar na categoria Ação e Aventura.






6º Festival de Artes Literárias e Literatura

Em 2019, tornei a participar do FLAL tanto nas entrevistas quanto no concurso de textos anônimos, e para a minha surpresa minhas duas poesias foram premiadas. A coletânea você pode conferir aqui: Leia Livros Editora Online









Postagem original Blog Pense Repense 12/04/2023



 ═══ • ◆ • ═══ Você é uma luzinha na escuridão.  Sua intuição é forte e não falha, mas sua oração tem poder.  Seu nome é vó. ═══ • ...

• Vinte e Dois •


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Você é uma luzinha na escuridão. 

Sua intuição é forte e não falha, mas sua oração tem poder. 

Seu nome é vó.


═══ • ◆ • ═══


Ao desembarcarem do carro, Clara e os jovens amigos seguiram o protocolo,  pegaram suas malas e aguardaram na sala vip enquanto faziam o check in pelo aplicativo de celular.


Meia hora antes do voo com destino à Ilha da Magia, Clara, sua filha Camille e seus amigos Dominic e Liam, foram autorizados a embarcar e agora caminhavam pelo longo corredor até chegar na entrada especial, próximo à cabine do piloto.


Com um sorriso sincero e olhar nos olhos dos passageiros, o comissário os cumprimentou, e verificando o cartão de embarque, prosseguiu com o atendimento.


— Boa noite, senhoras e senhores. Bem-vindos a bordo do nosso voo da Air France com destino ao Brasil. Eu sou o Comissário Chefe Bruno e em nome de toda a tripulação, tenho o prazer de recebê-los na La Premier. Vou acompanhar até a cabine de vocês.


— Boa noite — responderam em uníssono e seguiram o jovem rapaz.


— Para este voo noturno, planejamos tudo para lhes oferecer o máximo de conforto. Vocês poderão desfrutar de nossas roupas de cama de alta qualidade, um menu à la carte, alta gastronomia, uma ampla escolha de entretenimento e atendimento personalizado, nossa equipe estará à sua disposição para atender a todas as suas solicitações. Nosso horário previsto de chegada ao Aeroporto de Guarulhos é às oito da manhã.


— Muito obrigada pela sua recepção, Comissário Bruno, com certeza fez a diferença em nosso voo esta noite — ele fez um cumprimento curto com a cabeça, em resposta à Clara pelo comentário — Você pode trazer o menu? Eu não jantei ainda — soltou um suspiro leve.


— Com certeza, Senhora Clara, não é? — Comissário Bruno tentou lembrar o nome no cartão de embarque, Clara fez um sinal positivo e ele sorriu de volta. — Vou trazer também a carta de vinhos, são todos maiores de idade, certo?


— Claro, são todos sim — respondeu Clara, que era a mais velha ali.


— Podem aguardar em seus lugares que logo decolaremos e trarei assim que for liberado.


A La Premiere era um santuário de madeira nobre, veludo e outros tecidos suede, onde cada detalhe era um convite ao relaxamento. A suave iluminação indireta, a maciez das almofadas e o aroma sutil de flores frescas criavam uma atmosfera de puro deleite. Um oásis no céu, a primeira classe era um convite ao luxo, com poltronas que se transformavam em verdadeiras camas, serviço personalizado e uma vista deslumbrante.


Clara deslizou suavemente para a última suíte à esquerda, apreciando a privacidade e o conforto do assento junto à janela. Camille escolheu o assento imediatamente atrás, enquanto Dominic ocupou a primeira suíte à direita e Liam, a suíte seguinte.


— Estão muito cansados? — podiam notar que Clara tinha no rosto e na voz uma expressão abatida, mas não queria deixar o clima desconfortável — Eu estou um pouco, mas podem conversar a vontade, afinal, vocês estão de férias.


— Um pouco, senhora Clara. —  Liam respondeu primeiro. — Vamos cuidar para não incomodar a senhora.


— Vocês não incomodam — Clara sorriu para si e recostou a cabeça ao se aconchegar.


— Dom, Liam — Camille chamou a atenção se apoiando no encosto da poltrona para conversar com os meninos do outro lado do corredor —, o que vocês acharam da apresentação da Margaux? Eu achei tão incrível, ela parecia uma deusa atrás do púlpito e com o microfone nas mãos — mesmo de longe ambos os meninos podiam ver o brilho nos olhos de Camille enquanto falava orgulhosamente da amiga, e eles balançaram a cabeça positivamente enquanto ela falava.


— Eu também achei, ela parecia mais confiante nas apresentações da faculdade nesse semestre — Dominic se remexeu em sua poltrona tentando diminuir a distância entre eles enquanto falava.


— Não sei o que aconteceu com ela, mas eu preciso também — a alegria contagiante da conversa foi interrompida pela voz monótona do alto-falante. Com um misto de entusiasmo e apreensão, os passageiros acompanharam as instruções na tela e se prepararam para a decolagem, enquanto todos ajustavam os cintos. Com um rugido potente, o avião decolou, deixando Paris e seus encantos para trás.


Camille já havia voado diversas vezes, mas ainda sentia um frio anormal na barriga durante as decolagens, e assim que atingiram altitude de cruzeiro e puderam desafivelar os cintos, a garota correu até o banheiro para se aliviar.


— Dominic? — chamou o amigo ao olhar para a poltrona atrás de si.


— Sim — respondeu prontamente seguindo o olhar até ele.


— Eu vou ali e não volto, não me pergunte — Liam não pensou duas vezes até atravessar o corredor e sentar no lugar de Camille, deixando seu amigo com uma expressão confusa, porém não questionou, como ele pediu.


Clara fingia indiferença, mas a curiosidade a consumia. Havia horas em que Camille falava sobre seus amigos, pintando um quadro tão vívido que Clara quase se sentia parte do grupo. Mesmo assim, a jovem era um livro fechado, guardando seus sentimentos mais profundos para si. Como mãe, Clara tinha um radar infalível. Observava cada gesto, cada palavra, cada nuance na voz de Camille. A intuição materna, afinal, é um dom.


Todos os quatro amigos se davam muito bem, mas o que estava explícito para Liam e Margaux, e não para Camille e Dominic, era o quanto eles se gostavam. O quarteto estava sempre junto, tanto na faculdade, quanto fora, inclusive nos fins de semana, e só sendo muito tapado para não perceber que o tom de voz que Camille usava para chamar carinhosamente "Dom", e o olhar único e apaixonado que ele lançava para a garota, estava explícito o que eles sentiam um pelo outro.


Quando Camille voltou e vendo seu lugar ocupado, resmungou fazendo uma careta de questionamento para Liam, que cruzou os braços e apontou com o nariz para ela se sentar ao lado de Dominic e não reclamar, se virando em seguida para olhar a vista enegrida além da janela, mas era só um ato para ignorar a amiga, porque nada ele via naquela hora da noite e ainda mais acima das nuvens.


Rapidamente a garota entendeu o recado e deu um sorriso tímido para si mesma, pegou seu celular que havia sido colocado propositalmente no encosto da poltrona e seguiu para o outro lado. Liam estava sentado na frente de Dominic por conveniência, devido só ter eles ali, mas Camille se sentou ao lado do rapaz e logo engataram uma conversa, meu palpite era que eles estavam rezando para isso acontecer. Liam sorriu satisfeito olhando o casal, e logo voltou a sua atenção a uma série na tela embutida à sua frente aconchegando os fones em seus ouvidos.


Não demorou mais que dez minutos até o vinho escolhido ser servido e logo em seguida, o jantar. Clara cuidou para a troca de poltronas não deixar a filha desconfortável, ela sabia que uma hora isso iria acontecer e a vida precisava seguir o fluxo. Crescer, quem sabe casar e seguir em frente. 


— Estão ansiosos para rever seus familiares? — Clara perguntou enquanto dava sua primeira garfada, ela havia pedido filé de dourado, batatas fondant e mexilhões.


— Estou sim, meus pais são demais e eu sinto muito a falta deles. — Dominic foi verdadeiro, Clara podia sentir a ternura em sua voz, e isso fez derreter o coração de Camille ao ouvir.


— E, desculpe perguntar, mas eles trabalham no que? — Fazia muito tempo que Clara não usava aquela expressão desafiadora e olhar afiado, já sua filha ligou o modo alerta para intervir caso a mãe passasse dos limites.


— Meu pai é dono de um bar e minha mãe o ajuda a administrar — Clara não sabia se a tranquilidade do rapaz era devido a pouca idade, ou ele se sentia assim realmente, ouviu ele atentamente. — Caso precise de um local adequado para tomar um drink e sair com as amigas enquanto estiver em casa, eu convido a senhora para conhecer, fica na ilha mesmo e eu posso buscar vocês — por essa Clara não esperava, e pela apresentação que o rapaz fez em seguida sobre o local, não conseguiu segurar sua face entusiasmada e olhos atentos.


— Gostei — respondeu devagar e pensativa com o olhar fixo imaginando como seria o lugar, enfim tornou a olhar para o rapaz — podemos marcar antes das festas de fim de ano.


— Melhor ainda — fez a proposta com um tom animado e brilho nos olhos — o bar ficará aberto para o reveillon, então vocês podem passar lá, tem uma vista linda para as balsas com os fogos.


Ainda pensativa concordou com a cabeça balançando devagar. Com um estalar de dedos ela esticou as costas e levantou o olhar.


— Gostei da ideia! Vou ver com nossa família o que eles planejaram e a Camille combina com vocês. — então ela se virou para Liam, para não deixar o rapaz desconfortável — e os seus pais?


— Ah, meu pai é militar e minha mãe é enfermeira, ela sempre o acompanhava para onde ele viajava quando trocava de base, então eu ficava mais na casa do Dom — sua expressão melancólica tocou no coração de Clara, em seguida sua expressão se suavizou — mas faz uns dois anos que eles se divorciaram e agora ela ajuda as tias do Dom na clínica, e agora vejo mais ela durante as férias.


— É uma profissão muito difícil, tenho certeza de que eles sentem muito a sua falta, mas aprecio sua coragem de ficar com seu amigo do que se mudar constantemente — a expressão do rapaz ruborizou de leve, acrescentando um sorriso aliviado.


Terminaram a refeição silenciosamente, cada um absorvendo a conversa que tiveram. Camille ficou satisfeita com o rumo da conversa, então só começou a tagarelar sobre o que ela iria fazer nas férias. 


Clara se tornou a coadjuvante da conversa e só ouviu o que os amigos conversavam, enquanto bebericava seu vinho. O que ela não sabia era a conexão desses garotos com o seu passado. Camille os ajudava com o inglês e o francês e vez ou outra em que falavam português ela reconheceu aquele sotaque familiar que ela julgava inofensivo e por isso, ela não se surpreendeu quando eles fizeram a conexão para o mesmo aeroporto. Clara, que escondia um profundo segredo, não fazia ideia de que a vida desses garotos se cruzariam com a dela de forma tão inesperada. 


• ◆ •

Depois de onze horas atravessando o atlântico, e mais de uma hora de São Paulo até a ilha de Santa Catarina, era impossível chegar ao Aeroporto Internacional de Florianópolis sem se levantar e esticar os braços para se despreguiçar, mesmo não sendo uma cama convencional e ainda mais dentro de um avião que tem balanços e outras movimentações que atrapalham um sono contínuo.


Clara conseguiu descansar um pouco, assim como Liam, que dormiu em um sono profundo o máximo que pode. Já Camille, não havia dormido muito assim como Dominic, a noite passou em um piscar de olhos para o jovem casal e quanto perceberam já eram três da manhã. O resultado não podia ser outro: olhos sensíveis a luz, sonolência e Dominic com um braço dormente por passar o tempo todo de mãos dadas com Camille para que ela ficasse confortável, agora seu braço esquerdo estava completamente dormente, assim como seu coração.


Era quase meio dia e o sol de dezembro estava a pino, beirando trinta graus, e os planos para o dia estavam cronometrados, colocaram seus óculos escuros e aguardaram o comissário abrir a porta para saírem do avião.


— Dominic e Liam, — Clara chamou a atenção dos meninos enquanto procurava pela mala na esteira de bagagens — Camille me falou que vocês moram em Jurerê Internacional também, meu irmão vem buscar a gente e posso deixar vocês no caminho.


— Se não for atrapalhar vocês, — pensou um pouco antes de responder — hum, podemos sim, não é Dom?


— Nós vamos passar no bar do meu pai para ver eles, e depois vamos pra casa. — Dominic pegou sua mala e logo alcançou a de Camille — Acho que da para irmos no mesmo carro, sim.


— Ah combinado então, nós vamos no banheiro nos trocar e encontramos vocês, é rapidinho — Camille puxou a alça da sua mala e esperou pela mãe para a acompanhar até o banheiro, continuar com aquelas roupas pesadas era sinônimo de deboche por parte do tio pelo verão inteiro.


• ◆ •

Uma hora depois...


Clara digitou a senha da porta frontal da casa de veraneio da família, e se surpreendeu ao ver seus pais sentados no sofá da ampla sala e ficaram de pé, com muito custo, assim que a porta se abriu revelando a chegada de sua família. Fazia mais de seis meses que não os via, mas notou que eles estavam mais velhos do que da última vez.


— Pai, mãe — Clara chamou em um sussurro tentando conter as lágrimas, assim como uma represa prestes a romper. Como plumas ao vento, seus pés seguiram até seus pais, não foi fácil segurar a emoção e a saudade rolou pela face de Clara. Camille juntou-se a eles deixando sapatos e mala no hall de entrada para um abraço em família que aconchega qualquer coração, cheio de carícias e beijinhos estalados. Nisso, Augusto não se conteve em apenas observar a cena e abraçou em uma última camada.


Fazia quase um ano que avós e neta não se viam e essa ausência era tempo demais, Dona Maria sentia o peso dos anos em seu corpo e sabia que cada dia era um a menos em sua vida e por isso queria passar o máximo de tempo com a família reunida. Ela já havia suplicado à suas filhas que voltassem a morar todos juntos depois que a filha enviuvou, e elas prometeram assim que Camille terminasse a faculdade, mas quatro anos pareciam se arrastar mais que o esperado.


— Venha minha filha, — chamou seu pai com a voz rouca da idade — quero te mostrar umas flores novas que plantei no jardim, deixa elas conversarem.


Augusto aproveitou a deixa e acompanhou o pai sem desgrudar da irmã até o jardim também. Ele era pequeno quando a irmã saiu do país para estudar fora, mas mesmo assim sentia falta dela e ficava tão grudento quanto cera de abelha quando ela vinha visitar durante as férias de inverno.


— Vó — Camille chamou amansando a voz com uma ponta de súplica dolorida ao reparar que sua avó estava coberta por fios de linha de diversas cores, denunciando o que estava fazendo antes de ser interrompida

— Oi minha netinha linda! — respondeu docemente a senhora derretida pela neta, já especulando a bronca que viria a seguir.

— Nessa idade ainda costurando, seus pulsos não doem? — Acrescentou em um tom de reprovação.

— Meus joelhos doem mais — a avó ergueu os ombros e seus lábios franzindo em um biquinho, como se dissesse: "Ah, as dores da idade... mas o que posso fazer?". Agora com as mãos na cintura ela desafiou a jovem menina — e como pode minha linda neta, que nasceu e cresceu no país da moda vestir roupas que sua velha vó fez em um quartinho nos fundos do quintal?


Camille olhou para baixo, para sua própria roupa e teve que concordar, seu guarda roupa tinha das mais variadas marcas de luxo e todas caríssimas, mas sempre preferia usar as roupas básicas e para esse passeio ela escolheu uma bermuda de linho bege e uma camisa branca de malha, ambos feitos pela dona Maria.


— Como eu poderia usar marcas de luxo tendo uma avó costureira que faz roupas tão incríveis e cem por cento exclusivas? — respondeu com uma carinha fofa piscando os olhinhos que a fez ser abraçada em seguida, sua avó nunca sentiu tanto orgulho de si mesma e de sua descendente.


— Trouxe o que eu te pedi? — perguntou mudando de assunto depois de passada a melancolia.


A pergunta da senhora idosa fez a expressão da moça mudar e seu rosto transformou abrindo um largo sorriso maroto, em seguida correu buscar sua mala indo em um pé e voltando no outro.


— Como eu poderia esquecer? — disse Camille com um sorriso satisfeito levantando um vestido em frente ao seu corpo para que sua avó pudesse ver como um manequim.


— Ele é mais lindo do que eu imaginei! Vamos fazer uns ajustes e estará perfeito para o natal!


PRÓXIMO CAPÍTULO DISPONÍVEL:

• VINTE E TRÊS •

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