Deixa eu te contar um segredo, daqueles que a gente sussurra na escuridão. Sabe aquela sensação de ser diferente, de ter algo pulsando sob a pele que o mundo não entende? Pois é, essa é a história de Rose. E acredite, o diário que você está prestes a espiar é apenas o começo de uma jornada... digamos... afiada. Prepare-se, porque as páginas à frente revelam um lado da realidade que você talvez nunca tenha imaginado.
Há algum tempo estou recusando certos tipos de comida, sei lá o que acontece, só sei que meu estomago rejeita, a doutora falou que seria normal isso acontecer comigo e que iria acontecer aos poucos. A comida que mais gosto é pizza e macarrão, e elas foram a ultima a eu rejeitar... To triste! Como toda a ultima sexta do mês pedimos pizza. Não consegui comer, me deu um nojo enorme. A Doutora foi chamada novamente. Comi carne crua, de novo. Minha mãe esta me chamando de pequeno leãozinho. Já emagreci uns 10 kg por comer apenas alface (mato) e carne crua. Não consigo comer nada alem disso mais. Nem sorvete- triste!
Segunda-feira
Depois de quase seis meses no psicólogo ela descobriu o que eu tenho. Mas não me disse o que, mas minha mãe sabe. Hoje tenho dentista, mas amanha começarei um tratamento no psiquiatra. Não fui à escola hoje, e não irei essa semana também. Estou usando as unhas para depilar as pernas e axilas. Maneiro!
Comecei a fazer pesquisas sobre meu comportamento e "poderes" eu sou tipo... LOBA! Meio Volverine.
Terça-feira
Hoje cedo fui ao hospital que a Dr. Andrea trabalha. Tinha muitas outras crianças mais novas, da mesma idade que eu e mais velhas. Tinha muitas alas e salas e eu fui para a ala de diagnóstico, ficava no térreo, nos fundos do prédio. Ficávamos todos em uma sala ela tinha uma saída para o corredor e uma porta para outra sala, blindada, entre essas duas salas tinha uma janela enorme onde podíamos ver toda a sala blindada. Nesta sala eram feitos os testes para saber quais as habilidades do paciente.
Chegou minha vez. Eu soltei minhas garras e depois minhas presas ficaram maiores do que o normal e muito afiadas (quase que eu me cortei), nunca tinha acontecido isso comigo. Concentrei-me novamente e os cortes na minha boca tinham sumido e o sangue secou, irado, eu disse que parecia com o Volverine! Recebi a ordem de atacar uma árvore, ela me parecia bem firme e viva, mas depois que eu ataquei ela com unhas e dentes, literamente, ela virou pedacinhos! Então me avaliaram como perigo laranja. Ah sim, de acordo com a tabela:
Branco: zero perigo.
Verde: vinte e cinco por cento de perigo.
Amarelo: cinquenta por cento de perigo.
Laranja: setenta por cento de perigo.
Vermelho: cem por cento de perigo.
Então vou tomar uma medicação para saber como vou reagir depois. À tarde fui para a floresta tomar banho de rio com um dos garotos que conheci lá no hospital hoje. Ele também foi classificado como laranja. Não, não estávamos sozinhos lá. Tinha mais alguns garotos e garotas da mesma intensidade, ah sim, e a doutora. Foi muito legal, levamos boias para descer a correnteza. Cheguei em casa perto das sete horas da noite e já estava escuro. Eu estava exausta e garanto que os outros também.
Quinta-feira
Denis, o garoto que falei, veio hoje de manhã para irmos à escola. Eu mudei de escola para uma somente para pessoas "especiais" com aulas diferenciadas, para nos controlar e coisas assim. Ele já é maior de idade e tem um carro, estávamos na companhia de mais duas amigas dele e sua irmã mais nova, uma gracinha. Acho que ele gostou de mim. Eu também dele (lembrar de não passar a limpo para a doutora).
A escola é muito legal, tivemos aula de aplicação de injeção (meio enfermagem) para se precisarmos tomar alguma injeção de ultima hora ou aplicar em alguém. Ele é muito legal comigo, e tem um papo legal, diferente dos outros meninos que conheço. Eu cheguei a falar dele para a psicóloga e ela disse que se quiséssemos ficar juntos teríamos que terminar o tratamento, pois somos nível laranja, ou seja, perigosos até para nós mesmos. Mas ela me alertou que se caso acontecesse, teria que relatar aqui e seria nosso segredinho (e que nos cuidasse também, pois a mutação genética estaria em risco).
DEZEMBRO
Ele é tão fofo comigo, hoje a tarde saímos do hospital e fomos tomar sorvete, passamos em uma loja de CDs e ele comprou o ultimo cd da minha banda favorita e me deu de presente. Own que fofo. Depois, era umas quatro horas, fomos ao parque da cidade, brincamos de pega-pega entre os brinquedos e quando cansamos, sentamos no balanço. Foi muito leal, esplêndido. Ele me beijou. Ele tinha halito de menta dos doces que compramos hoje mais cedo. Ainda é muito precipitado, mas acho q estou gostando dele. Não como amiga, os outros meninos também são muito legais e divertidos, mas com Denis é diferente. Ele é perfeito.
Segunda
Hoje na escola Denis me contou mais sobre sua vida antes do hospital. Ele descobriu seus "poderes" há uns dois anos, e por causa de seus poderes sua família não tinha residência fixa. Ele tem o poder de fogo, não é como do x-man que precisa de um acendedor para ativar o poder, é tipo o chama do Quarteto fantástico, ativa do nada. Ele incendiou todas as casas da sua família, tendo que alem de se mudar de casa, de cidade também, pois o preconceito era enorme.
A sorte que sua família era bem de vida e sempre pagaram seguro da casa, e como a seguradora nunca descobria o princípio de incêndio, sempre reembolsavam o valor da casa, que era usado para a nova moradia da família. Denis consultou com diversos psicólogos, psiquiatras, mãe e pai de santo, espiritismo, e nada de achar a base do problema.
Depois de um ano do aparecimento dos poderes de Denis, ele e sua família receberam a visita da Dra. Andrea, que explicou onde ela trabalhava e como podia ajudá-los. A família não sentiu confiança temendo que fosse mais um especulador do "Caso Denis", mas aceitaram ir ao hospital para ter certeza.
O hospital ficava a cinquenta quilômetros da cidade em que moram atualmente. A família gostou do hospital, atendimento e os custos para internação. Os pais de Denis aceitaram os acordos, assinaram os papéis e no dia seguinte a internação de Denis começaria. Sendo lá mais seguro para todos, pois seu quarto é blindado e a prova de fogo, caso ele entrasse em chamas durante a noite, o fogo não se alastraria pelo prédio e ganharia uma ducha para esfriar a cabeça.
Ele passou seis meses fazendo exames, testes e treinamentos para dominar seu poder. Ele era o mais forte de todos no hospital, tinha força para queimar no raio de mais de cem quilômetros de distância. Ele era nível preto, acima de mil por cento de perigo. Os exames revelaram sua fonte de calor, onde nenhum remédio eliminaria, apenas diminuiria. Ele é paciente do hospital há um ano, e de nível preto ele passou para laranja, mas por pouco tempo.
Terça-feira
Hoje teve teste semanal e nós dois diminuímos a classificação para verde, 25%, isso é ótimo! Todos estavam felizes. Semana que vem é meu aniversário de 18 anos. A minha festa será na quinta à noite, pois meus pais terão que viajar. Que saco isso, mas disseram que é para meu bem, sempre dizem isso. Então na sexta, Denis disse que vai me dar meu presente. Uau! Até imagino o que seja.
Hoje tivemos aulas normais (português, matemática, história e geografia). Na semana passada apenas tivemos apresentação dos professores, início das aulas. A cidade é pequena e sem nada para fazer, então passei o resto do dia jogando vídeo game. Ah não preciso ir mais ao dentista! Graças ao Bom Pai!
Sexta feira
A semana foi ate legal, nada de mais. Nada de diferente, eu dormi a noite toda, e na minha cama, eu não tive pesadelos, não mordi a cama ou travesseiro. O bom é que não preciso mais de acompanhamento constante, agora uma vez por mês já está bom. Estou muito bem, meus caninos não aparecem mais, só as unhas, a força e a regeneração das células ainda "funcionam" digamos assim. Mas não ofereço riscos tão graves, já que aprendi a me controlar. Convidei o pessoal para jogar vídeo game na minha casa hoje. Denis, Jonas, Orlando e Mari. Comemos salgadinhos e tomamos refrigerante (eu me esqueci de falar que eu voltei a comer normalmente).
Segunda feira
Meu final de semana foi muito show. O pessoal do hospital fez uma festa muito legal no sábado à noite, tipo um acampamento no meio do pátio do hospital. Comemos mashimallow assado na fogueira e contamos historias de terror. Passamos a noite no hospital. Ninguém tem nada com que se preocupar, pois o recinto todo tem câmeras e quem resolver "mudar" de quarto durante a noite seria expulso, e o hospital não se responsabilizaria pelas consequências dos internos (recaídas, etc.), essa era uma das clausulas assinado no acordo antes de ser internado. Mas tudo ocorreu super bem.
Depois que começamos a fazer esses tipos de atividade, por ideia minha, os internos tiveram melhoras significativas, como por exemplo, diminuição dos riscos da tabela de cores, melhor controle de força e poder (para os que tem poder infinito), melhora de humor e comportamento (trabalho mais tranquilo aos psicólogos e psiquiatras). Entre outros. Estou tão ansiosa pela minha festa de aniversário de 18 anos. Estou contando os dias, horas e minutos para quinta feira.
Quarta feira
Como de costume, nas 4º feiras temos aulas "anormais" como dizemos, por exemplo, idiomas (inglês, Frances, espanhol e japonês), Artes cênicas (teatro, ópera, dança, circo e comédia). E aulas que os alunos escolhem, por exemplo, eu e Denis escolhemos arquitetura, Jonas, Engenharia Mecânica, Orlando, Engenharia Social e Mari, Administração. Amanhã será o grande dia, e será na minha casa, não haverá aquela comemoração de sempre com bolo e parabéns. Mas eu convenci os meus pais a fazer tipo uma festa de adolescentes americanos. Por incrível que pareça eles concordaram, depois de dois meses de insistência de minha parte e eles não tinha mais ideias.
Quinta feira
O grande dia chegou, na escola não foi diferente que os outros dias: chato. Embora eu tenha recebido muitas felicitações pelo meu dia e presentes, foi um dia normal. Passamos a tarde organizando a festa que iniciaria às sete horas da noite. Denis se prontificou a cuidar do som e música. Eu e Mari das bebidas (café para ficar acordados e refrigerante), Orlando e Jonas cuidaram da decoração. A festa bombou, tudo estava maravilhoso e como combinado. Os petiscos da minha mãe ficaram deliciosos, não faltou bebida e a musica era contagiante. Perto da meia noite a casa estava limpa e o ultimo convidado já estava de saída. Denis e eu assistimos filme, comendo os petiscos e refrigerante que sobraram. Meus pais já deviam saber que eu e Denis gostávamos um do outro e não ficou contra a gente fazer coisas juntos, até porque nunca ficamos juntos e sozinhos.
Sexta feira
Minha festa foi a maior repercussão. Todos adoraram minha festa que foi o maior sucesso. Meus pais viajariam hoje cedo e como combinado (entre eu e Denis) ele iria hoje a tarde para me dar meu presente. O presente era uma caixa de madeira com fotos minhas, dele e fotos nossa juntos. Que fofo! Comemos algo, fomos assistir filme, era um filme legal, mas depois passou um romântico, eu não sei no que me deu, mas eu quis beijar ele, a boca dele era macia, doce... O filme acabou comemos algo e ele foi embora.
MAIO
Terça-feira
Bom, como está tudo bem comigo, não preciso mais ir ao psicólogo nem ao hospital. Agora está tudo indo bem, graças à medicação da doutora Andrea eu não preciso mais ir, preciso só da medicação. Apenas tenho a regeneração, é tipo infinito, como já mencionei, não sai, e não ofereço nenhum perigo mais. As aulas continuam normais. Sobre a viagem dos meus pais, o que eles foram comprar, no meu aniversário, é a medicação que tomarei daqui a diante, para eu não ter "recaída". Meus pais realmente abraçaram essa causa e conseguiram a medicação para todos os pacientes do hospital. Viajaram muito e falaram com diversas pessoas para conseguir a tal medicação mais barata.
Está tudo ótimo até então!
Cinco anos depois...
OUTUBRO
Quarta-feira
Estou aqui para testemunhar o que houve comigo após esse tempo. Eu e Denis começamos a namorar depois daquele tempo. Chegamos a casar com cerimônia simples, pois tínhamos planos para a lua de mel. Continuamos a usar a tal medicação e estou bem, mas Denis não.
Depois de dois anos e meio a medicação acabou, ninguém sabia onde encontrar mais, eu não precisava mais dela, parei de usá-la depois de um ano que estávamos casados, mas Denis sim... Faz um mês que ele se foi junto com nossos sonhos e nossos planos para o futuro, foi tão rápido. Nem deu tempo de eu me despedir dele. Mas não foi somente Denis, outros amigos nossos que tinham poder infinito também morreram há pouco tempo. Eu ia contar para ele que estava grávida de duas semanas de nosso primeiro filho quando o encontrei desmaiado na sala de nosso pequeno apartamento, em chamas.
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