═══ • ◆ • ═══ Porque não depende só do que você quer, é egoísmo, se trata do que o outro também quer. ═══ • ◆ • ═══ O sol despertou a todos...

• Nove •



═══ • ◆ • ═══

Porque não depende só do que você quer, é egoísmo,
se trata do que o outro também quer.

═══ • ◆ • ═══

O sol despertou a todos naquele alvorecer, o mal tempo havia passado e ido para o mar com a ajuda da ventania daquela madrugada. Clara acordou disposta naquela manhã, ainda mais por saber que seu amor não tinha abandonado ela, ele estava lutando por eles e ela lutaria também. Mas onde e quando se encontrariam com Dona Maria e Dona Tereza em seu encalço?

Terminou de se arrumar, se despediu de sua mãe e seus irmãos que estavam na cozinha, seu pai já tinha ido trabalhar e foi para a escola na companhia de sua melhor amiga. Os cabelos soltos de Clara estavam mais escuros e brilhosos naquele dia, sua pele mais corada também, Amélia não deixou de notar o clássico sinal de que a amiga estava apaixonada, além do sorriso no rosto e os olhos cintilando. Mas ela não podia ignorar o motivo de que ele não veio ver a amiga ou nem dar um sinal de vida, ele não estava trabalhando assim como disse seu irmão, isso ela desconfiou depois que chegou em casa e relembrou o reencontro repassando a conversa na cabeça.

Ao soar do sinal para a primeira aula, as amigas caminharam animadas para a sala, alguns alunos estavam preguiçosos naquela hora, mas logo despertariam. Clara e Amélia adoravam a matéria de língua portuguesa, e por isso prestavam a atenção no que a professora dizia, e anotaram os livros que precisariam ler no decorrer daquele trimestre.

O segundo sinal tocou para os professores intercalarem as salas e os alunos relaxaram com conversas paralelas e algazarra. Clara recebeu um bilhete que alguém deixou em cima do seu caderno enquanto fazia anotações, leu o conteúdo e percebendo que a professora ainda não havia chegado, não pensou duas vezes e pediu para a amiga a acobertar, pois ela estava decidida a ver Rodrigo. Amélia não entendeu direito o que ela iria fazer, mas prometeu ajudar, no entanto sentiu uma ponta de inveja da amiga, Diego estaria ocupado a essas horas e ela não poderia fazer nada além de estudar.

Clara sentia um misto de ansiedade e nervosismo, caso fosse pega saindo da escola em horário de aula, mas ela caminhou à espreita até chegar no portão da escola que dava para a saída, abriu-o sem chamar a atenção, saindo sorrateiramente por ele e fechando em seguida, e no outro lado da rua ela encontrou seu príncipe em seu cavalo branco, ou melhor, Rodrigo recostado no carro de Henrique.

— Quero que venha comigo — ele apenas disse a conduzindo para dentro do carro, sem deixar espaço para mais perguntas, estas que Clara almejava tanto, ela estava decidida a fazer com que Rodrigo prestasse contas dos seus atos. Ela acreditava que honestidade era o ponto forte de um casal e precisava disso vindo do rapaz.

Rodrigo dirigiu até sua casa, ele escolheu o momento em que ele estaria sozinho e a casa silenciosa, a claridade do dia entrava através das cortinas translúcidas deixando um ar de pureza e mistério. Clara achou lindo esse contraste, a luz do sol e a penumbra. Rodrigo escreveu no bilhete que queria conversar com a moça, mas não era isso que ele tinha em mente. Ele estava apaixonado por Clara e a desejava, e queria ter certeza se era recíproco satisfazendo seus próprios desejos.

Ele mentiu descaradamente sobre a maior parte do que disse a Clara e tentou se convencer que ela não o questionaria e acreditaria em mais essas mentiras. Uma parte desse tempo em que esteve ausente ele estava frequentando as festas que Henrique e as gêmeas davam, com tempo livre, sol e turistas era sinônimo de mais clientes e mais dinheiro para mais festas. A outra parte do tempo duas forças lutavam dentro de si, ele não sabia o que queria, qual mulher escolher, e o fora que recebeu de Luana depois que ela decidiu não ser mais um objeto nas mãos de Rodrigo, foi quando ele decidiu o que fazer. Porém o que ele disse a Clara foi totalmente ao contrário.

A moça não sabia se acreditava ou não em suas palavras, havia muitos furos na história  do rapaz, mas antes que ela perguntasse alguma coisa ele a beijou. Aquele beijo doce que ela ansiava a tanto tempo, cheio de saudade que fez seu corpo todo arrepiar com o toque dele em sua pele. Ela correspondeu o rapaz até quando os beijos estavam tomando outro rumo, mesmo ela não sabendo o que fazer, porque nunca estivera com outro rapaz dessa forma. Porém, pelo jeito que Rodrigo a conduzia dizia que ele sim sabia exatamente o que fazer.

Ainda estavam de pé na sala quando o rapaz deslizou uma das mãos por baixo da blusa procurando por seu seio e sentindo o bico enrijecer ao toque decidiu que queria mais. Pegou-a no colo, ela enroscando suas pernas ao redor de sua cintura sentiu o membro dele firme sob a roupa e isso fez sentir um calor gostoso percorrer seu corpo. Deitou-a no sofá, tirou a própria camisa exibindo seu peitoral atlético, tirou a camisa dela e em seguida o sutiã para poder abocanhar um seio e apalpar o outro. Clara fechou os olhos e aproveitou o momento sentindo cada pelo do seu corpo arrepiar, era eletrizante e suspiros exalaram dos seus lábios e foi surpreendida por beijos cada vez mais ferozes. Depois do primeiro beijo Rodrigo não disse se quer uma palavra e tudo que ele fazia tomava a resposta gritante do corpo de Clara como sinal para continuar. Ela o queria, e como queria. Ele bem sabia que ela era pura, mas não deixou isso o intimidar. 

Ficou de joelhos em frente a ela sentada no sofá deslizou suas mãos firmes pelas pernas da garota, a saia do uniforme da escola era só um objeto de desejo. Subiu a mão vagarosamente pela coxa ora apertando de leve de um jeito que sabia que ela soltava suspiros mais profundos enquanto enfiava sua língua na boca dela. Parou um momento para ver o rosto corado da moça e a respiração mais forte e pensou "ela já está entregue". Naquele momento ela já tinha esquecido o que queria perguntar, e qualquer resquício de juízo da sua cabeça tinha evaporado e apenas se deixou levar. Rodrigo olhou bem em seus olhos enquanto sua mão travessa abria passagem puxando a calcinha um pouco para o lado e introduziu um dedo devagar, ele mal conseguia se segurar quando sentiu ela lubrificada. Seus suspiros aumentaram e então ele aumentou o ritmo.

Rodrigo estava pronto, mas não iria a diante antes de introduzir mais um dedo e fazer a moça sentir mais prazer, ela deu grunhidos tímidos em resposta. Ele sabia que era o seu primeiro homem e queria que fosse inesquecível. 

— Isso, geme para mim — ele a encorajou —, ninguém virá, se solte mais. E foi o que ela fez quando um calor aumentou no ventre e lambuzou seus dedos que ele fez questão de lamber sob o seu olhar atento, beijando-a para fazer ela mesma sentir o seu próprio gosto. Clara estava tão absorta que esquecera onde estava e o que estava fazendo. Puxou a calcinha dela para baixo plantando beijos nas suas pernas tentando manter o clima, o suor já brotavam de suas testas. 

Rodrigo abaixou sua bermuda rapidamente, levantou a saia e posicionando em cima dela...

— Espera — ela interrompeu — você sabe que...

— Sei sim, algum problema?

Ela fez que não com a cabeça.

— Então tudo certo, eu te quero tanto — pressionou seu membro duro na coxa e exalou forte — mas não quero te machucar, vai doer um pouco no começo, mas se não aguentar me avisa, ok? — ela estava tão nervosa que só balançou afirmativo com a cabeça.
Ainda deitado sobre ela naquele sofá de couro coberto por uma manta, ele deslizou para dentro dela devagarinho, sabia que seria desconfortável no primeiro momento, Luana não era mais virgem quando ele transou com ela pela primeira vez, mas ela não era Luana, então ele tomou todo o cuidado. Ele fez de tudo para ajudá-la a relaxar, beijou seu pescoço e ombro para a distrair. A moça sentiu uma dor cortante no ato e uma lágrima escorreu por sua face se alojando atrás da nuca, e ele a beijou enquanto fazia.

Ele continuou devagar sentindo cada músculo tenso do seu corpo prestando qualquer outro sinal que ela desse e não veio, mirou sua face agora mais relaxada então aumentou a velocidade ofegando em seu peito, ela agora parecia gostar, pois se juntou a ele soltando gemidos baixos que para ele era tão sexy que se deixou levar pela própria luxúria e quando sentiu que ia gozar saiu de dentro da moça para jorrar em uma camisa que ele pegou rapidamente.
Rodrigo saiu de cima da moça para se secar, percebeu que ela estava quieta, mas achou ser normal, mulheres e seus pensamentos, agora ela era mulher, ele havia a tornado uma. Ele olhou para a janela aberta coberta pela cortina branca e sorriu com esse pensamento. Ele era o homem mais sortudo.

Mas Clara não se sentia tão vitoriosa assim e uma sombra de dúvidas caiu por ela. Ela cresceu com o pensamento que só se entregaria para o seu marido, após o casamento, e eles? Isso era um sinal de que o relacionamento estaria em um outro patamar? Ela mal o conhecia, quem diria casar. E se seus pais descobrissem só ela sabia as coisas que ouviria deles. Muitas dúvidas rondavam sua cabeça a ponto dela enjoar e correr para o banheiro. Rodrigo apenas se perguntou porque as mulheres que ele transava sempre corriam para o banheiro após o coito.

Depois de fechar a porta e retomar fôlego, Clara conseguia pensar com mais clareza, e de repente a culpa recaiu por seus ombros como um estalo no ouvido quando alguém tinha uma ideia boa, naquele momento era uma má ideia. Pensamentos sujos rondaram sua cabeça, e ela precisou sentar no vaso para reunir forças para não chorar. 

O ato em si não foi como ela pensava que fosse, não foi desconfortável apenas no físico, mas no emocional também. Ela gostava de Rodrigo, mas sentia que estava no lugar errado e na hora errada, talvez até com a pessoa errada. Com esses pensamentos ainda frescos na cabeça, ela tratou de se vestir e secar as lágrimas que rolavam de seus olhos, percebeu sangue no papel higiênico que usou para se limpar depois das suas necessidades, ótimo,  ela pensou, só faltava descer sua menstruação nesse momento para ficar tudo perfeito. 

— Pelo menos foi ele foi fofo — disse baixinho para seu reflexo no espelho. Respirou fundo sentindo o mau humor tomar conta de si, e abriu a porta do banheiro.

— Desculpe, você pode me levar para a escola agora? — Rodrigo pensou por um tempo, não se sentia tão vitorioso quando viu os traços sérios no rosto da moça, "ela esteve chorando?"

— Tudo bem, achei que estava se divertindo, preparei um café para a gente comer — ele soltou achando que conseguiria tirar algo da moça.

— Sim, me diverti — Clara assentiu ainda confusa com seus sentimentos —, o que você preparou para a gente?

Rodrigo pegou na sua mão e a conduziu até a cozinha onde tinha a mesa posta para os dois, as roupas não estavam mais jogadas pela casa e o sofá arrumado, até o cheiro de sexo não estava mais no ar e agora era uma fragrância adocicada.

Um silêncio pairava no ar, ao contrário dos pensamentos de Clara. Ela agora era uma mulher e estava se apaixonando por Rodrigo, mas a pilha de dúvidas em relação ao rapaz só aumentava. Queria poder amarrar ele a uma cadeira e abrir sua cabeça para saber o que verdadeiramente se passava ali, mas isso era coisa de psicopata, e isso ela não era.

— Clara, porque está tão quieta? Foi algo que eu fiz?

Sentado na ponta da mesa ele observava o olhar da moça distante, estavam a menos de um metro, ele na ponta da mesa e ela ao seu lado, mas pareciam quilômetros.

Como ela poderia responder que não acreditava em suas palavras sem ser mal educada? Pensou um pouco e respondeu:

— Desculpe-me, estou perdida em pensamentos.

— Se algo te chatear, você pode me contar.

Então era agora que ela teria suas respostas, ela sabia que teria de vir dele para ser sincero e o momento havia chegado.

— Eu só queria te ver mais, você parecia apaixonado e depois sumiu, isso pareceu um sinal de desinteresse, e agora surgiu do nada e fizemos isso. Eu não entendo, porque quando queremos uma pessoa, a gente quer ficar perto.

Pela primeira vez Rodrigo se colocou no lugar da moça e tentou entender seu julgamento.

— Não quero fazer promessas furadas, porque não sei se consigo cumpri-las, mas o que quiser eu farei.

Clara abriu um sorriso, se sentiu aliviada como se um peso saísse do seu coração e inclinou para frente e deu um selinho em seus lábios, que foi correspondido e dado de volta. Quando se afastaram Clara bateu os olhos no relógio pendurado na parede atrás de Rodrigo.

— Você pode começar me levando de volta para a escola? Eu faltei quase o dia todo, preciso estar em casa na hora certa para não ter problemas.

— Levo sim, vou pegar suas coisas. 

Entraram no carro e partiram para a escola, já começava a escurecer e os carros ligavam os faróis na rodovia. Tiveram uma conversa franca no caminho sobre as bandas que escutavam, os lugares que gostariam de conhecer e o que fariam nesse ano.

Clara tinha planos e estava se preparando para quando terminasse a escola, mas agora tinha Rodrigo e a pergunta que ficava martelando sua cabeça era se Rodrigo iria com ela ou partiria e junto seu coração?

Rodrigo pisou no pedal e deu uma freiada de leve até parar o carro em frente a escola, do outro lado da rua, ele até que dirigia bem.

— Nos vemos amanhã?

Ela interpretou como um sinal de que ele queria ficar com ela, mas precisava saber se ele estava disposto a salva-la do castelo.

— Desculpe, não posso mais faltar aula, mas você pode me buscar e levar em casa?
Ele ponderou e hesitou antes de responder, pois teria de devolver o carro hoje, mas não disse a ela, ele daria um jeito.

— Te vejo amanhã na saída.

— Te vejo amanhã então — despedindo-se com um beijo rápido.

Dali ouviram o sinal da saída, a moça se apressou a sair do carro e encontrar sua amiga, Rodrigo soltou uma buzina leve de despedida e arrancou o veículo.

Quando os olhares das amigas se cruzaram Clara acenou para que Amélia viesse ao seu encontro e já começou lhe dando bronca.

— Amiga, você faltou quase o dia todo! O que estava pensando? — gritou do meio da rua.

— Você me empresta para copiar? — pediu com olhos melancólicos ao se aproximar da amiga. Como não rir dessa situação? 

— Tudo bem — disse abrindo a mochila — aproveita e faz minha tarefa.

Clara pegou o caderno de capa dura encapado com estampa xadrez vermelho e branco cheio de adesivos de coração e segurou contra o peito, pois não cabia na sua mochila.
— Então vai me contar o que você fez que matou aula? Você saiu de repente e sumiu, fiquei preocupada! — Amélia disse dando um tapinha no ombro da amiga.

— Antes de tudo preciso te esclarecer que eu estou apaixonada pelo Rodrigo e que só fiz isso porque tenho certeza de que ele não está me usando.

— Aí meu Deus, já até sei o que vai falar — Amélia tapa sua boca com ambas as mãos. — É sério?
Clara concordou com a cabeça tentando não explodir de alegria ali no meio da rua.

— Sim!

— Ahh! Minha amiga agora é mul...

— Shiu — Clara colocou o indicador em frente aos lábios — quer que o bairro todo saiba?  

— Amiga, sabe que pode contar comigo em tudo, não sabe? — Clara deitou a cabeça no ombro da amiga e contou como foi, ponderou o que podia dizer e o que queria manter em segredo sua intimidade, e ouviu atentamente os conselhos que Amélia lhe dirigia. 

Ouviu uma vez sua mãe conversar com suas tias, que depois que a menina tinha sua primeira relação ela virava mulher, que podia ter filhos, e que isso era uma coisa maravilhosa, mas ela não conseguia sentir isso agora, nem imaginava que isso tinha acontecido! Ainda podia sentir o cheiro do perfume de Rodrigo em sua roupa, o cheiro do suor em sua pele e todas as sensações que ele a fez sentir. E foi nesses devaneios que Clara fez o percurso para casa.

Dona Maria percebeu na hora em que Clara chegou em casa que algo  estava diferente com sua primogênita, mas não quis entrar na privacidade da filha, hora ou outra ela se mostraria aberta para conversar sobre o que a deixou agir assim. 

PRÓXIMO CAPÍTULO DISPONÍVEL:

• DEZ •


0 comments:

═══ • ◆ • ═══ Até que ponto a amizade suporta? ═══ • ◆ • ═══ A chuva caía fraca em Cerca Grande, Diego olhava as gotas se forman...

• Oito •



═══ • ◆ • ═══

Até que ponto a amizade suporta?

═══ • ◆ • ═══

A chuva caía fraca em Cerca Grande, Diego olhava as gotas se formando na ponta do telhado e caindo quando não aguentavam a força da gravidade fazendo um barulho familiar na poça que se formava no chão.

Pensava em Amélia.

Já se passaram três meses e a vida começou a se habituar aos poucos a cada dia que passava, e o ano novo não era mais tão novo assim, e nesse tempo eles não se falaram, pois seu trabalho no restaurante foi árduo, o rapaz trabalhou sem descanso devido a temporada de verão, que acabou depois do Carnaval, em fevereiro, após esse evento os veranistas voltaram para suas vidas e o movimento no restaurante foi diminuindo gradativamente para baixa temporada, atendendo principalmente quem viajava na auto estrada e parava ali para almoçar. Sendo assim, o trabalho das amigas na sorveteria também, porque fecha completamente nesse período. Perguntou-se o que ela estaria fazendo, se estaria com raiva dele, então decidiu parar de pensar e começou a agir. Tomou banho, vestiu sua melhor roupa e caminhou até o quarto do seu irmão, talvez ele quisesse uma carona.

 • ◆ • 

As aulas estavam prestes a começar, com seus materiais escolares em mãos, as amigas marcharam pelas mesmas ruas que já conheciam até a escola Francisco. Mesma escola, mesmos colegas de classe, mesmos professores, tudo igual, só mudava o ano escolar. Sua turma estaria junta na mesma sala novamente esse ano, ficaram eufóricos quando souberam disso, Lucas revirou os olhos cinza e praguejou quando as meninas soltaram gritinhos estridentes de felicidade.

O primeiro dia de aula foi para conhecer o que eles já conheciam, e receber o plano de aula anual, não que os professores fossem seguir o cronograma à risca, mas era para os pais e alunos terem como base aquele plano. Depois que foram dispensados a turma caminhou até a saída para se despedir e seguirem seus caminhos, mas não esperavam encontrar os irmãos ali na hora da saída, Doug, Peu e Catarina se despediram das amigas, não antes de lançar um olhar de desprezo para os irmãos, eles estavam a par da situação.

— Ora, ora, ora — Amélia cruzou os braços e fechou a cara enquanto falava — olha quem resolveu dar as caras por aqui, Clara?

Ela não iria perder a oportunidade de alfinetar os irmãos, não depois desse hiatos de encontros. Diego parecia arrependido, enquanto Rodrigo mostrou uma cara de deboche.

— Se não estão felizes em nos ver, então vamos embora — ele arrebatou e Diego lançou um olhar matador a ele.

— Eu estive trabalhando muito esse tempo todo, não sei o meu irmão, mas eu não tive muito tempo livre.

A feição de Amélia se iluminou com essa revelação, ele seguiu seu conselho de trabalhar, e era claro que ela queria saber de todos os detalhes, até se esqueceu que estava brava com ele. Clara então olhou para Rodrigo querendo mais respostas, decidiram então dar essa chance aos rapazes. Mas ali não era a hora e o local, o céu já estava querendo se desmanchar novamente, e elas precisavam ir para casa, então marcaram outro dia.

Sem muito o que fazer depois do almoço, Amélia foi até a casa da amiga, Clara faria aniversário em julho, então teriam menos de três meses para planejar a festa que marcava qualquer adolescente. Primeiro contaram o dinheiro que Clara vinha juntando com os trabalhos, não era muito, mas ajudaria bastante, seus pais inteirariam o que faltasse, mas deixaram explicado que não mais que metade do valor total que a festa custaria.

A decoração seria um rosa envelhecido, passava uma impressão de elegância, as meninas encontraram em uma das revistas de moda que Dona Maria tinha em seu ateliê de costura. A cor estaria no seu vestido, na toalha da mesa, na decoração do bolo e nos docinhos que preencheriam a mesa principal. Em outra revista, Clara e Amélia encontravam um vestido que ficasse bom em seu corpo. Marcaram a saia de um, gola de outro, manga de outro ainda, até terem um modelo perfeito aprovado pela mãe de Clara que confeccionaria a peça.

— Essa manga combina com a saia desse vestido, olha Amélia — Clara apontou com o indicador nas duas revistas de moda abertas em cima da mesa de corte.

Dona Maria assentiu olhando para as revistas fazendo uma nota mental do que a filha sugeriu, já tinham montados mais de vinte vestidos diferentes naquela tarde, e a imaginação das garotas estava à toda. Saiu esfregando o pano de prato na louça que segurava nas mãos sentido à cozinha.

— O que sua mãe acha sobre Rodrigo? — Amélia perguntou à amiga em um tom baixo só para elas ouvirem.

Por mais que sua mãe dissesse que aprovaria seu relacionamento com Diego, e que ela sentisse que gostava do rapaz, não poderia prosseguir com ele sem saber o que sua melhor amiga pensava sobre isso, ela sentia que seria errado caso a amiga não desse certo com o futuro ex-cunhado dela.

Clara remexeu nas unhas em um momento de nervosismo, e Amélia bem sabia disso, e antes da amiga poder dizer algo mais ela já sentiu a tristeza quebrar seu coração.

— Amiga — ela chamou a atenção da loira que mudou de humor bruscamente — está tudo bem se você e Diego derem certo, não será um problema se vocês ficarem juntos — Clara puxa Amélia para um abraço e aconchega sua cabeça no seu peito — eu quero e desejo que vocês sejam muito felizes.

Um beijo foi depositado no topo da cabeça de Amélia, e as amigas ficaram ali em silêncio, até perceberem que a chuva estiou. Depois de constatar que tudo estava certo para o aniversário da amiga, Amélia foi para casa, a chuva tinha dado uma trégua e ela se apressou antes que desaguasse novamente.

PRÓXIMO CAPÍTULO DISPONÍVEL:

• NOVE •



0 comments:

═══ • ◆ • ═══ Amizades que te mudam, te influenciam. ═══ • ◆ • ═══ Rodrigo se sentiu desolado depois da despedida de Clara, então t...

• Sete •



═══ • ◆ • ═══

Amizades que te mudam, te influenciam.

═══ • ◆ • ═══

Rodrigo se sentiu desolado depois da despedida de Clara, então teve uma ótima ideia para suprir esse sentimento. Caminhou na companhia do irmão até o centro, perto da escola, e depois seus caminhos foram separados. Ele não entendeu direito o que o irmão quis dizer com "preciso fazer umas coisas, Mel estava certa", e nem queria perder seu precioso tempo pedindo mais explicações, então ele marchou para o bairro no lado oposto da cidade, onde seus amigos de festa moravam. As ruas do lado de lá da rodovia estavam tranquilas naquela tarde, o sol já estava à pino e ele sentia sua cabeça queimar e o suor escorrer por suas têmporas, mas não demoraria a chegar ao seu destino.

Ele sabia o caminho de cor e dobrou as ruas estreitas e calçadas até chegar em frente à casinha de alvenaria azul com cerca viva na frente, a casa de Luana. Como de costume, ele apenas foi entrando sem bater, pois as janelas de vidro atrás das grades marrons estavam abertas e o som alto, indicando que ela estava em casa, seus pais almoçavam no trabalho e só chegariam perto da noite. A fome bateu no rapaz e ele não conseguiu resistir ao entrar na cozinha e ver Luana em frente ao fogão só de calcinha e camiseta mexendo nas panelas, o cheiro estava bom.

— Ahhh — ela gritou de susto sentindo algo subir suas pernas desnudas, e ao perceber que era Rodrigo e não um inseto, o encheu de bofetadas onde tinha alcance até ele conseguir segurar seus braços com seus rostos próximos.

— Oi Lua — ele disse com a respiração pesada beijando em seguida seus lábios suavemente, ela fraquejou e ele se sentiu seguro para soltá-la, que o abraçou pelo pescoço colando seus corpos, e sentindo o desejo a dominar.

Luana girou os botões do fogão apagando as chamas, então o rapaz a pegou no colo passando as pernas pela sua cintura e cruzando nas suas costas para que ela tivesse firmeza e não caísse. Fazendo isso Luana logo sentiu o membro rígido de Rodrigo que gemeu com o contato, ela deu um sorriso malicioso e tornou a beija-lo. Nessa posição Rodrigo caminhou até o quarto todo decorado de rosa, deitando a moça em sua cama de casal sem nenhum cuidado, retirando suas peças de baixo e deitando por cima da moça. Em seguida Rodrigo tirou sua camiseta plantando beijos no pescoço e colo de Luana, fazendo-a arfar e balbuciar palavras incompreensíveis. Luana o amava e por mais que ele só quisesse prazer, ela queria ter Rodrigo por completo e a qualquer custo; seu corpo gritava por ele, cada toque, cada beijo a deixava ainda mais sedenta por tê-lo dentro de si. Palavras não cabiam no momento, e ela não tinha muito a dizer, mas desejava ouvir pelo menos uma vez que ele a amava.

Rodrigo sem a menor cerimônia puxou a calcinha de renda branca até os tornozelos e a penetrou de uma única vez com precisão e forte, arrancando um grito de Luana que mesclava dor e prazer. Ele sorriu safado constatando o quanto estava sentindo prazer em vê-la contorcendo embaixo de si. As estocadas ficavam cada vez mais rápidas, o prazer cada vez maior. Muita coisa se passava na cabeça da jovem Luana, quando deu por si, no furor do momento, ela implorou por algo que a mesma sabia que não iria acontecer.

— Porque precisa dela? Fica comigo, fica comigo para sempre! — puxa Rodrigo para um beijo urgente.

— Você sabe que não posso… — ele diz perto do seu pescoço ao se desvencilhar do beijo, sua voz saiu ofegante, deu uma mordiscada no seu ombro que logo apareceu uma marca roxa. Rodrigo queria ela na sua cama, somente por puro desejo, o pouco sentimento que ele tinha não era suficiente para ter um relacionamento sério com ela. Ele queria tê-la em seus braços o máximo que podia, queria deflorar seu corpo de todos os modos e aplacar todo o desejo que tinha por ela.

A sincronia com que chegaram no seu ápice era indiscutível e isso fez Luana o questionar novamente, porque ele queria brincar com Clara, uma jovem moça que mal sabe da vida e nem de como satisfazer um homem na cama, ou será que ao invés dele estar querendo brincar com Clara ele estava querendo mesmo era brincar com a pobre Luana?

Luana saiu rapidamente debaixo de Rodrigo e correu para o banheiro levando consigo suas roupas, disse que precisava se limpar, mas era para que o rapaz não visse as lágrimas que teimaram em escorrer por sua face corada e suada do momento anterior. Mais calma, Luana saiu do banheiro para que o rapaz pudesse usar, seu rosto não estava mais suado e agora ela estava vestida. Tratou de vestir um shorts também e caminhou até a cozinha para terminar o preparo do almoço.

Rodrigo saiu do banheiro quando Luana organizava os pratos e talheres em cima da toalha bordada coberta por um plástico transparente, feito à mão pela mãe da moça. Serviram-se e comeram em silêncio até não restar nada no prato.

O clima era desconfortável e de longe a galera notou quando chegaram no mesmo momento na casa de Luana para a reunião diária e trataram de mudar logo essa situação. As gêmeas trouxeram algo de presente para Luana que levantou seu astral rapidamente, um cigarro especial que ao tragar o fumante sentia um prazer, um êxtase de curto prazo. Ele continha uma substância que também era encontrado em chocolates e cocaína, que estimulava a endorfina no organismo. Não demorou até que Luana estivesse radiante e chapada, como se nada tivesse acontecido. Logo os outros do grupo, Henrique e as gêmeas, estavam assim também. Ligaram o som e curtiram ao som de Cindy Lauper.

Rodrigo pareceu não curtir esse novo produto, e resolveu ficar apenas no cigarro convencional e no whisky que o trio trouxera. Henrique percebeu que o rapaz não entrava no clima de jeito algum, então lhe ofereceu algo diferente.

— Você sabe que eu não curto essas coisas — Rodrigo disse ao pegar na mão o pacotinho com um pó branco, ele nunca tinha usado, nem ao menos visto, mas sabia muito bem a causa e efeito.

— O lance é você saber usar — Henrique aconselhou enquanto deslacrava o pacotinho e formava uma fina e curta fileira do produto em cima da mesa de vidro da sala de televisão.

Tocava oh girl just wanna have fun da lenda feminina do Rock'n Roll enquanto Rodrigo aspirava o pó branco com um canudinho feito de nota de papel.

 • ◆ • 

Diego pensou nas palavras de Mel quando chegaram na sorveteria, e se ele mostrasse ser um rapaz melhor conseguindo um emprego? Ele não sabia se passaria realmente uma boa impressão com esse feito, mas faria de qualquer maneira. O rapaz não tinha sido preparado para isso ainda, então fez o que ele achava ser certo, caminhou até o centro da cidade com seu irmão e quando se despediram para seguirem caminhos diferentes, ele andou pelo centro da cidade perguntando nos comércios se tinha vaga para trabalhar e se ele atendia os requisitos.

Passou para falar com o gerente da Casa de Pesca e da Ferramenta, onde tinha ido havia pouco tempo com seu pai, na Casa do Pescador, mesmo se o pagamento fosse em peixes, ele poderia vender para conseguir dinheiro. Passou no Mercado Municipal, pequenas mercearias e verdureiras, e nada de Diego conseguir um emprego. Caminhou a tarde toda e antes de escurecer resolveu ir para casa, não conseguiu alcançar seu objetivo e já se encontrava faminto. O céu enegreceu lentamente, por sua sorte estava perto de casa quando a rodovia se tornou um completo breu, iluminado apenas pelos faróis dos carros que volta e meia passavam por ele iluminando a estrada.

Diego entrou pelo enorme portão de ferro que ficava entre os muros altos do terreno, caminhou entre as árvores que acompanhavam o caminho calçado. Seu pensamento voava longe e quase sem esperança, estava realmente na hora de começar a ganhar o seu dinheiro, mas não tinha ideia de onde mais procurar emprego. Encontrou seu pai na sala de televisão sentado no sofá assistindo o jornal. Desabafou suas frustrações e seu pai enxergou seu esforço e prometeu lhe ajudar abaixando o volume da televisão antes.

— Realmente eu confesso que errei nisso com vocês, vou fazer o possível para ajudar — Coronel vendo que o semblante de seu filho mudou de um preocupado para um mais esperançoso, voltou sua atenção ao aparelho e alteou o volume novamente.

 • ◆ • 

As semanas passaram e o ano chegou ao fim, os preparativos para a virada do ano na rua das amigas estava a todo vapor. Antes do por do sol muitos familiares já tinham chegado, alguns se reuniram ao redor de mesas para jogarem cartas, outros se reuniram ao redor de churrasqueiras para o preparo da carne, as mulheres na cozinha contando as novidades da família, até as crianças se reuniram para brincar de esconde-esconde.

Nenhum dos meninos apareceu nessa semana, as amigas acharam estranho, mas nenhuma delas foram atrás deles, até porque nem tinham como ir até a casa dos irmãos. Pensaram ser o destino tirando de seus caminhos o que não prestava, então seguiram suas vidas normalmente. Exceto Clara que já estava apaixonada por Rodrigo e ficava imaginando mil e uma coisas que poderia ter afastado o rapaz. A moça ficava se perguntando se tinha falado algo de errado, ou feito algo de errado para ele se chatear, mas não conseguiu se lembrar de nada. Decidiu que não choraria as pitangas mais, caminhou até o espelho da sua penteadeira, fez uma maquiagem que combinaria com o seu look de virada de ano e foi ajudar sua mãe no preparativos da ceia. Cada família ia cear na sua casa, mas depois das dez horas da noite todos iam se reunir em frente à suas casas para a comemoração.

Em frente à casa de Clara e Amélia foi montado um portal de balões de prata com confetes dentro, e quando os fogos iniciarem, todos que quiserem participar deverão passar pelo portal primeiro com o pé direito e assim iniciar as festividades de ano novo, com saudações, champanhe e muito abraço.

Em frente à casa do senhor Olavo, mais no início da rua, seus filhos montaram uma bateria de fogos de artifício, daqueles bem bonitos que fazia uma trilha de chuviscos como um buquê de flores. Em frente à casa do senhor e senhora Paz, que moravam entre o senhor Olavo e a Dona Cassilda, foi montado uma bateria daqueles que só faziam um ou dois estouros, são mais baratos, então tinha uma quantidade maior do que os outros fogos. Em frente à casa do senhor e da senhora Oliveira, a última casa da rua, foi montado uma bateria de fogos luminosos, não fazem muito barulho, mas os desenhos que apareciam no céu eram lindos.

 • ◆ • 

Diego admirava a luz do sol poente refletido no mar, ele parou para secar o suor da testa quando foi levar umas caixas com garrafas de cerveja vazias atrás do restaurante, onde trabalhou essas semanas. Seu pai conversou com o dono e como prometido, o ajudou com essa vaga de trabalho. E foi o que o rapaz fez nesse tempo, acordava cedo para ajudar na limpeza do restaurante antes de abrir para o almoço. Servia as mesas e recolhia o lixo durante o expediente, e depois de fechado ele ajudava no que precisava para deixarem tudo em ordem para o dia seguinte.

Com as festividades de final de ano, o restaurante lotava desde a sua abertura, às dez da manhã, até depois que o último cliente pagava a conta, pelas onze da noite. Muitas famílias decidiram passar essas festividades — natal e ano novo — curtindo a vista para a beira mar que o restaurante dispunhava no deck nos fundos do restaurante, onde Diego transitava agora.

Amélia adoraria ver os fogos daqui, pensou Diego. Amélia. Não deu tempo de falar com a moça nos últimos dias, o que será que ela deveria estar pensando dele?

Resolveu não querer descobrir a resposta, tratou de guardar a última caixa que ele havia depositado no deck para se recompor, e voltar até o interior do restaurante, pois faltava poucas horas para escurecer e queria ter pouco trabalho para as primeiras horas do primeiro dia do ano.

• ◆ • 

Não conformado consigo mesmo e com a decisão de ir atrás de Luana para satisfazer seus desejos por Clara, Rodrigo usou seu tempo todo trancado em seu quarto. Saía apenas para fazer sua higiene e comer algo que fosse rápido e prático.

Ele gostou da sua nova droga e seguindo a recomendação de Henrique, ele inalou pequenas quantidades do pó branco, que fez aquele pacotinho que o amigo havia lhe dado durar duas semanas a mais do que o previsto. A cada carreira ele sentia uma euforia tão grande, aquela sensação de poder fazer tudo sem nenhum problema.

Não sentia mais culpa, aquela dor no peito por ter usado Luana ou a culpa por, de certa forma, ter traído Clara. Será que ela faria o mesmo? Não quis pensar muito nisso. Ele sentia falta dela, do seu cheiro, da sua risada, mas só de imaginar que ela seria de outro lhe subia um queimor pela face de tanta raiva e ele precisava fazer algo a respeito disso.

Ele sentia culpa também de ser um estorvo para sua família, seu irmão estava tentando ser alguém para Amélia, até conseguiu um trabalho e ele nada. Mas ele não sentia mais isso não, essa sensação deu lugar a penas e plumas, e agora se sentia leve. E foi nessa vibração que ele aguardou a virada do ano.

 • ◆ • 

A contagem regressiva para a chegada do ano novo iniciou, e quando o relógio chegou à meia noite o céu se iluminou em diversas cores e formatos diferentes. O estrondo dos fogos de artifício para uns era insuportável, para outros alegria. Mas o que importava mesmo era o que tinham em seus corações para o futuro.

Clara, era a responsabilidade.

Amélia, era o objetivo.

Rodrigo, era a incerteza.

Diego, era realização.

Festar era fácil, o problema era arrumar aquela bagunça toda na manhã do primeiro dia do ano. Era garrafa de champanhe e latinhas de cerveja jogadas pelo chão, guardanapo usado, confetes, muitos confetes, aqueles que saíram do balão, restos de balão inclusive. A festa foi até cedo de manhã, mas na medida que as pessoas iam acordando, as que não cuidavam do preparo da refeição, com certeza ia para a limpeza da rua, cada um pegava um saco de lixo, ou uma sacola qualquer, e recolhia qualquer coisa do chão um a um e depositava na sacola. Perto do meio dia a rua estava limpa e transitável novamente, era como uma grande família e todos se ajudavam a manter a ordem e amizade.

PRÓXIMO CAPÍTULO DISPONÍVEL:

• OITO •



0 comments:

═══ • ◆ • ═══ Que você abra um lindo sorriso e sinta o meu amor aquecer seu coração. ═══ • ◆ • ═══ Clara se despediu da amiga assim que cheg...

• Seis •



═══ • ◆ • ═══

Que você abra um lindo sorriso e sinta o meu amor aquecer seu coração.

═══ • ◆ • ═══

Clara se despediu da amiga assim que chegou no seu portão, elas estavam com fome e o cheiro saboroso do feijão da Dona Maria fez o estômago das duas roncarem alto. Cada uma correu para a sua casa a fim de ajudarem suas mães a terminarem o preparo da refeição para enfim poderem se alimentar. Dona Maria policiava muito bem os horários dos filhos, e sabia que a filha estava atrasada para o almoço, será que estava com aquele rapaz, pensou. Até ouvir a porta da frente ranger com o movimento e a filha aparecer através dela.

— Se atrasou hoje, minha filha — Dona Maria observou, morava naquela mesma casa há anos e conhecia cada um dos visinhos e sabia quais tinham a língua solta e tentava desviar deles —, estou quase terminando, lave as mãos e se sirva, pois a Dona Cassilda precisa de verduras para o jantar e o senhor Olavo precisa de umas coisas da mercearia.

Clara assentiu e tratou de fazer o que a sua mãe lhe pediu, ela não falaria que o motivo do seu atraso era o rapaz por quem estava apaixonada e que ele estava a acompanhando até em casa. Por sinal, a moça precisava ocupar sua cabeça com coisas produtivas, antes que Rodrigo tomasse conta de todos os seus pensamentos.

Que a filha estava avoada, Dona Maria percebeu, mas arrancar algo da moça — a mais reservada das filhas — isso seria uma tarefa difícil. Já Flora era toda espaventada, falava o que queria mesmo quando não podia.

Nesse momento senhor Narciso chegou do trabalho, perto do meio dia, cumprimentou todos rapidamente, lavou as mãos no banheiro e sentou à mesa em silêncio e com a carranca de sempre, junto com os outros dois irmãos de Clara, Pedro, o mais novo e Flora.

Narciso estava sempre sério aparentando estar de mal humor e mesmo assim seus raros sorrisos eram verdadeiros. Ele amava sua primogênita, talvez mais que os outros dois filhos, mesmo sabendo que isso era errado. Talvez por esse motivo a conhecia muito bem e claro que ele não gostou de saber por sua mulher que um homem acompanhado de dois rapazes mais novos a buscou em casa para um jantar na casa deles, mesmo que a melhor amiga da filha tivesse ido junto. A por parte era um dos rapazes sendo intitulado como namorado de Clara. Dona Maria contou o que sabia do rapaz e seu ponto de vista a seu marido, falou dos detalhes sobre o jantar na casa dos pais dele, e que Amélia sempre a acompanhou, não deixando eles a sós para safadezas. Ele sentiu um demônio se enfurecer dentro de si, mas tratou de se acalmar e tirar essa história a limpo com ela quando tivesse a oportunidade. Não deixou de dar uma bronca em sua mulher por dar a ela essa liberdade tão cedo, mas Clara era nova de mais para as coisas do mundo que ele tanto tentava a proteger. Flora ouvia a conversa atrás da porta e sentiu uma ponta de inveja da irmã, pois ela não tinha essa atenção para si.

— Quem é o rapaz? — ele perguntou na mesa depois de todos terem se servido e começarem a comer, enfiou uma garfada na boca em seguida para dar espaço para a resposta. Essa era a tática dele e alguém teria de responder enquanto ele estava com a boca cheia, e se não tivesse resposta até ele engolir o último pedaço, a cinta ia esquentar. Todos sabiam que era de Rodrigo que Narciso perguntava, achavam que só porque ele estava trabalhando não iria descobrir? Pois seu pai ficou sabendo por Joaquim, seu amigo e vizinho e queria respostas, e os dois mais novos percebendo que Clara não ia responder, fizeram por ela para se livrarem do castigo.

— O namorado da Clara! — os dois disseram em uníssono e voltaram a seus respectivos pratos.

Narciso não falou nada, era seu jeito também, mas ninguém soube dizer se era bom ou ruim, então continuaram em quietos. Terminaram a refeição no mais pleno silêncio, apenas se ouvia o tilintar dos talheres no prato e o assovio dos pássaros nas árvores frutíferas no quintal, mas Clara bem sabia que essa reação do seu pai era de reprovação.

Assim como Clara, Amélia também ajudou sua mãe a terminar o almoço. Dona Tereza percebeu sua filha mais animada e concluiu que precisava ter uma conversa franca com a moça.

— E esse rapaz, Mel? Irmão do tal Rodrigo, Diego o nome dele? — sua mãe pergunta como quem não quer nada — Ele parece ser um rapaz bom, o pai deles me deu uma boa impressão.

Amélia pensou antes de falar, ela se surpreendeu com a observação da mãe, ela não imaginava que ela estivesse pensando em algo assim.

— Ele é um cara legal, mãe — Amélia começou devagar. Passou pela sua cabeça que algum vizinho tivesse visto os dois e a dedurado para sua mãe quando ela não estava em casa, então pensou com cautela antes de responder.

— Que bom filha que se dão bem, quem sabe vocês ficam juntos também — Dona Tereza aconselhou sua filha, por fim — eu aprovaria.

Amélia sorri para a mãe que devolve com um olhar cúmplice, ela estava feliz que acertou seus pensamentos sobre a filha. Dona Tereza não sabia que a moça já havia trocado beijos com o cunhado da melhor amiga, mas esse era um detalhe que ela não precisava saber agora.

Seu Joaquim chegou em casa do trabalho nesse momento, e depois de cumprimentar sua filha mais nova e sua mulher, todos sentaram à mesa para almoçar, sua irmã mais velha estava no trabalho extra e sempre almoçava lá.

─ • ◆ • ─

Quando o relógio apontou ser duas da tarde Clara chamou pela amiga no portão, era hora delas fazerem suas atividades. Amélia levantou do sofá sonolenta, a tábua onde ela pisou para se equilibrar rangeu com o peso, caminhou preguiçosamente até a janela para chamar sua amiga para entrar.

Amélia puxou a amiga para seu quarto, não era porque iam sair às compras para seus vizinhos ali perto que precisavam sair desleixadas. Elas pentearam seus cabelos e amarraram de um jeito charmoso, ambas com cabelos compridos soltos nesse calor não combinava e pigmentaram os lábios. Depois de estarem com menos cara de "acabei de acordar de um cochilo", elas pegaram as sacolas de pano que suas mães fizeram e foram primeiro na casa de Dona Cassilda e depois na casa do Senhor Olavo, anotando em um bloco de papel o que ambos precisavam, saindo em seguida.

Entrando na verdureira do Sr. Manoel elas cumprimentaram o dono, que atendida um cliente no caixa. A Verdureira do Seu Manoel não era muito grande, mas era a mais perto de suas casas e os preços eram os melhores.

— Esses legumes são para a Dona Cassilda? — ele pergunta se aproximando das moças, ele bem sabia a resposta, pois elas estavam escolhendo os legumes mais maduros, que era como Dona Cassilda preferia e descartando as verdes.

— Sim, senhor Manoel — Amélia respondeu com um sorriso e malícia no olhar.

— Separei umas mais maduras do jeito que ela gosta, deixa eu pegar lá trás para vocês — Seu Manoel deu as costas para as moças antes que elas vissem suas bochechas rosadas, envergonhado. As amigas se entre olharam tentando conter os risinhos de "te peguei no flagra!".

Não demorou a voltar com os legumes especificados na lista da velha senhora, bem maduros e suculentos. Recebeu o valor — com desconto por estarem muito maduras — e ofereceu uma fruta a escolha das meninas por pagamento do seu silêncio. Ele queria que essa paixão platônica continuasse no anonimato e por isso fazia isso.

— Sabe que precisa se declarar um dia, não é seu Manoel?

— Eu sei pequenas, quem sabe um dia. — Repetiu ele com o olhar longe. — Quem sabe um dia.

As amigas agradeceram a gentileza e saíram radiantes pelas ruas em direção à Mercearia da Família enquanto degustavam seus morangos doces e avermelhados. Lá comprariam o que estava na lista do Sr. Olavo. Vários enlatados e conservas, normal para um senhor aposentado e viúvo que morava sozinho.

Entregaram as compras do Senhor Olavo primeiro, pois ficava mais distante da casa das amigas do que a casa de Doma Cassilda, que ficava a três postes de distância. Ele atendeu na primeira chamada, abriu o portão e as acompanhou até a cozinha, onde elas esvaziaram as sacolas de estampa de frutas guardando as compras no armário embaixo da cristaleira. Elas receberam a suas gorjetas, se despediram do senhor e com a outra sacola de Dona Cassilda de estampas de flores elas caminharam até a casa da senhora.

Amélia cansou de bater palmas, enquanto Clara cansou de chamar por Dona Cassilda no portão, então as amigas desistiram e concordaram de voltarem mais tarde e depois de darem as costas a velha senhora aparece na janela chamando por elas.

— Mil perdões garotas — Dona Cassilda dizia enquanto corria abrir o portão e as convidou para um café fresco passado no coador novo que sua filha havia lhe dado — eu acabei esquecendo que havia pedido para vocês irem na verdureira e fui tirar um cochilo.

As amigas responderam que não precisava se desculpar, que elas entendiam e não ficaram chateadas e era verdade, elas faziam isso porque gostavam deles e queriam ser úteis.

O café ficou pronto e Clara colocou as bolachas na mesa, enquanto Amélia distribuía as xícaras. E logo se serviram de um café delicioso, passavam das quatro horas da tarde, e a fome já estava estampada na face das amigas.

Depois de terminar o café, as meninas tinham outra tarefa, lavar a louça e descascar e picar os legumes. Enquanto isso, tinham uma conversa harmoniosa com a velha senhora sobre os trabalhos na sorveteria e os clientes que atenderam. Dona Cassilda foi vendedora quando mais jovem, e antes das meninas irem embora ela deu dicas para cativar os clientes. Agradecendo as dicas, as amigas se despediram da vizinha, e logo depois elas mesmo se despediram no portão, já estava escurecendo na pequena cidade.

Os olhos de Clara cintilaram ao contar todo o seu dinheiro junto, contando com o que havia ganho hoje, a quantia não era muita, mas ajudaria a pagar uma parte da sua festa de quinze anos, que seria na metade do próximo ano, e ainda sobraria para outro fim do seu agrado.

Amélia não sabia ao certo o que fazer com o dinheiro guardado ainda, ela portanto não queria festa de aniversário, então apenas guardou seu dinheiro até valer a pena depositar em um poupança.

PRÓXIMO CAPÍTULO DISPONÍVEL:

• SETE




0 comments:

═══ • ◆ • ═══ O primeiro a se apaixonar deve ser o homem. Depois a mulher. ═══ • ◆ • ═══ Uma das coisas que nossos pais nos dizi...

• Cinco •



═══ • ◆ • ═══

O primeiro a se apaixonar deve ser o homem. Depois a mulher.

═══ • ◆ • ═══

Uma das coisas que nossos pais nos diziam desde pequenos era para cuidarmos com nossas amizades, mas porquê? Nem todos nasciam com um bom caráter e nossos pais tinham medo deles corromperem as almas de anjos que vossos filhos tinham. Mas seus próprios filhos eram anjos? Por esse motivo Dona Maria sempre policiou as amizades dos seus filhos, tanto na escola, quanto na rua, assim como Dona Tereza. Clara e Amélia eram tão unidas assim porque suas mães também eram amigas de infância, e assim uma ajudava a outra a cuidar das meninas. Porém nem todas as mães tinham esse cuidado, ou por trabalharem demais e não terem ninguém para ajudar a tomar conta de seus filhos, ou por desleixo, falta de maturidade, entre outros motivos.

Esse era o caso de Cecília, ela trabalhava fora e com o marido ausente por causa do Marinha, não conseguia ficar próxima o suficiente dos rapazes e com isso não sabia com quem se envolviam. E quando estavam em casa, a rigidez do Coronel fazia com que eles ficassem mais rebeldes. Tentavam aconselhar os rapazes quando percebiam que eles estavam "fora da linha", mas como contra argumentar quando se é questionado sobre ser uma mãe ou pai mais presente. Que precisa sustentar a casa? Isso não era o suficiente.

─ • ◆ • ─

Com o término das provas finais e início das férias escolares, Clara e Amélia tinham o tempo disponível para trabalharem em meio período, sem atrapalhar suas outras atividades. Conseguiram um emprego temporário na sorveteria do seu Amaro, um conhecido do pai de Amélia. Elas fariam a maior parte do serviço, atender, limpar e seu Amaro cuidaria do dinheiro do caixa. Clara se sentia bem em trabalhar ali, isso aumentaria sua poupança também e ainda na companhia da amiga.

Amélia aproveitou um momento a sós com a amiga, que cada vez mais se mostrava apaixonada por Rodrigo, para conversar com ela, ainda tentando mostrar a verdade para a amiga sem a magoar.

— Amiga, esse é o seu primeiro relacionamento, talvez você tenha que ter mais cautela e ir mais devagar, o que acha? — Amélia limpava a máquina de sorvete, enquanto Clara limpava o chão da sorveteria.

— Eu estou tendo cautela, Mel. — Clara não sabia onde a amiga queria chegar, e tampouco estava disposta a descobrir, e o assunto morreu, cada uma atarefada com as suas atividades.

Ainda era cedo, mas logo a sorveteria iria encher de clientes sedentos por um refresco para aquele calor. O clima estava esquentando gradativamente, logo o verão chegaria ao pico, e os turistas e veranistas encheriam a cidade. Mesmo sendo uma cidade pequena, era acolhedora e com algumas atrações turísticas dignos de prêmios estaduais. O Museu Etnográfico Casa dos Açores, praias belíssimas, parques aquáticos e passeios em trilhas nas matas oeste da cidade.

Depois que a hora de pico na sorveteria passou, diminuindo assim o movimento de clientes, eis que dois rapazes, um mais alto de cabelos escuros, compridos até os ombros e com as pontas encaracoladas, e o outro mais baixo de cabelos mais claro e curto, aparecem na sorveteria.

A voz grave e forte de um deles foi que chamou a atenção de Amélia, o outro tinha uma voz grave, porém mais gentil. Amélia caminhou até a mesa que os irmãos tinham se sentado levando consigo um pano que usava para limpar as mesas. Diego nunca tinha achado ela tão sexy com um shorts preto e camiseta branca como uniforme e em sua cintura um avental colorido com estampas de sorvetes de casquinha.

— Vocês não trabalham, não? — Amélia indagou ao se aproximar da mesa com um sarcasmo no sorriso, mas era claro que tinha uma ponta de verdade.

— Claro que não — Rodrigo respondeu prontamente e mandou de volta —, como iríamos ter tempo de vir aqui ver vocês se a gente trabalhasse?

A moça revirou os olhos no momento que Clara gritou lá de dentro do balcão que estavam liberadas do trabalho. Amélia só respirou ao olhar para trás na direção da amiga que fez sinal para ela se apressar. Forçou um sorriso para os rapazes e deu meia volta para guardar o avental.

— Por que não me avisou que eles estavam ali nos esperando, Amélia? — a amiga perguntou curiosa.

― Eles não chegaram há muito tempo — Amélia respondeu e deu de ombros, ela queria ter a chance de falar com os irmãos a sós e acabou de perder a oportunidade.

Pensou então que seria difícil conseguir essa façanha, então ela falaria primeiro com Diego, tentaria tirar tudo o que conseguisse dele e depois veria o que iria acontecer.

Se despediram do senhor Amaro e caminharam pela calçada sentido a rua onde elas moravam, eram quase onze horas e o almoço estava sendo preparado por suas mães, era um sinal de que elas não poderiam demorar nesse trajeto trabalho-casa.

De mãos dadas com Diego, afrouxou o passo ficando mais atrás do outro casal, Clara imaginou que a amiga queria mais privacidade com o... Nem ela sabe o que eles são. Uma brisa lhe tocou a face e ela sabia que esse era o momento.

— Eu percebi o modo como você olha para a Clara, Di.

Apenas jogou a bomba, e nada mais. Diego, que era a calma em pessoa, não se abalou com as palavras jogadas ao ar, mas também não se fez de desentendido. Ele deu a volta ficando de frente para a moça, colocou uma mão em seu rosto e a outra segurou na sua cintura, mas não para a beijá-la.

— Eu não sei o que te levou a pensar isso, mas estou aqui para te responder qualquer dúvida, qualquer pergunta. E por você eu faço qualquer coisa. — ele manteve o contato visual sem vacilar — eu estou aqui por você e é com você que eu quero ficar, se você também me quiser.

Ele foi firme e verdadeiro em suas palavras, Amélia podia sentir no timbre de sua voz e ver na dilatação de sua pupila que o rapaz falava a verdade e isso fez algo aquecer seu peito e se sentir aliviada, fazendo-a se jogar em seus braços para o beijar.

Clara percebendo a ausência de passos atrás de si se virou e viu sua melhor amiga aos beijos com o cunhado. Amélia era da altura de Clara e Diego — sendo quase tão alto quanto Rodrigo —, precisava se curvar para alcançar os lábios da moça, que ficava na ponta dos pés para o alcançar os dele também. Clara sorriu e olhou para seu parceiro que sorriu para ela antes de a beijar também.

Não se demoraram muito, pois ainda precisavam chegar em casa para o almoço, se despediram dos irmãos e dobraram a esquina que chegava em sua rua.


PRÓXIMO CAPÍTULO DISPONÍVEL:

• SEIS •



0 comments:

═══ • ◆ • ═══ Quero ver as estrelas enquanto sinto o calor do seu abraço! ═══ • ◆ • ═══ D urante aquela semana o quarteto se enc...

• Quatro •



═══ • ◆ • ═══

Quero ver as estrelas
enquanto sinto o calor do seu abraço!

═══ • ◆ • ═══

Durante aquela semana o quarteto se encontrou na hora e local combinado, foi o modo que eles encontraram de se falar sem compromisso, nessa época não tinha muita tecnologia disponível. Clara era o alvo principal, Amélia era a ponte para Diego, e Rodrigo só queria curtir a companhia.

— Eu não posso demorar - disse Amélia, seus pais desconfiariam.

Então foram para um lugar mais reservado onde podiam conversar e se curtir mais a vontade., mesmo o encontro sendo rápido.

— Como estão sendo as provas? — Rodrigo perguntou abraçado a Clara em um banquinho na praia, entre a vegetação e a areia.

— Eu estava motivada no início, mas acabei ficando como nossos amigos — a moça desabafa tristonha olhando para seus pés.

Eram quase onze horas, e o sol brilhava com poucas nuvens no céu, tendo um clima agradável. Os dois casais se curtiram um pouco e logo deu o horário de irem para suas casas. As amigas tinham suas tarefas para cumprirem, inclusive uma era juntas, elas ajudavam as vizinhas a fazerem suas compras e ganhavam gorjetas. Amélia e Clara guardavam seus pagamentos, era a forma que as meninas tinham de guardar para uma poupança, estudos ou o que necessitar.

Logo a sexta feira chegou e com isso o fim da semana de provas, acabando também com o encontro às escondidas depois da escola, foi então que os irmãos convidaram as amigas para irem na sua casa no final de semana.

— Vocês podiam jantar na nossa casa — Rodrigo convidou — vocês vão adorar, da para ver toda a grande cidade da área de festa e também as estrelas.

Isso não vai ser bom, pensou Amélia.

Essa vai ser a minha chance, pensou Rodrigo.

Acho que estou me apaixonando, pensou Clara.

Eu preciso tomar uma decisão, pensou Diego.


Então chegou o dia. Amélia não deixaria Clara mentir para seus pais sobre Rodrigo, ela a convenceu de falar a verdade sobre a visita na casa dele, e com isso não precisaria mentir para seus próprios pais o porquê de estar indo junto, dizendo que ia apenas para acompanhar a amiga e não deixá-la sozinha na casa do rapaz. Mentir mesmo ela teria para Diego.

Coronel, o pai dos rapazes, fez questão de buscar as meninas em casa, para conferir onde elas moravam e também para trocar umas palavras com seus pais. Dirigiu até o bairro do sul e era bom, a cidade pequena ainda não era dividida por classe social de acordo com a região, como em cidades grandes.

Dona Maria, mãe de Clara, gostou da apresentação de Coronel, mais até que do próprio rapaz. Narciso, seu pai, ainda estava trabalhando e sentiu alívio por isso. Dona Tereza achou o senhor alto e forte galante, soltou alguns suspiros quando ninguém estava vendo, seu marido Joaquim estava trabalhando com o marido de Dona Maria e também não estava ali para advertir as meninas no modo pai protetor, só Deus sabia o que poderia ter acontecido.

As mães viram suas filhas entrarem na picape vermelha e ficarem pequenininhos no fim da rua, enfim suas bebês estavam crescendo, pensaram.

Chegando lá o grande portão de ferro se abriu para o longo caminho de calçada todo arborizado, algumas árvores só dariam sombra nos dias quentes de verão, e outras frutos comuns como goiaba e tangerina. As amigas ficaram encantadas e tinham muito que ver ainda.

— Incrível, não é meninas? Vou estacionar aqui e os meninos mostram o restante, vou ver o que a mãe de vocês precisa de ajuda.

Todos concordaram e o senhor saiu do carro deixando a porta aberta para saírem em seguida. O último saiu e bateu a porta e Diego conduziu um tour pela casa grande, sua mãe tinha muito orgulho e sempre fazia questão que as visitas conhecessem. Seu pai sendo da Marinha Brasileira conseguiu dar uma vida confortável para sua família e assim eles tinham uma casa confortável com coisas que a maioria das pessoas não tinham.

A casa em si não era muito grande, mas foi bem planejada para ocupar o terreno acidentado criando vários desníveis internos, os quartos acima com vista para o mar e sala com sacada para a rua e os demais cômodos abaixo. Construída em modelo de casa praiano ela leva materiais como tijolo à vista nas paredes, pedra para fundação e detalhes em madeira envernizada nas venezianas, assim como os móveis de madeira maciça, já as paredes rebocadas levam pintura em branco.

— Vamos por aqui — Diego conduziu as meninas para a porta principal.

A entrada principal é invertida voltada para a sala de estar e TV no segundo piso, dali uma escada rodeia a casa por fora para o primeiro piso e quintal, enquanto uma segunda escada desce reto da porta principal até a cozinha. Entrando na sala, de frente a grande estante de madeira maciça, há dois sofás coloniais em tons de marrom dando um ar de amplitude ao ambiente, entre eles um tapete persa cobrindo quase todo o piso de madeira polido, as grandes porta janela estava entreaberta deixando uma leve brisa balançar as cortinas voil brancas.

— Olha Amélia, que lindos — Clara apontou para uma enorme coleção de brinquedos dispostos nas prateleiras da estante, eles vinham dentro de um ovo de chocolate e estavam separados por coleção.

— Que incrível, eu tenho alguns, mas essa coleção é irada!

— Minha mãe quem coleciona — Rodrigo disse sem graça — não comemos tudo isso sozinhos, tem da geração das nossas irmãs também.

— Quem quer conhecer o quarto dos meninos? — Amélia distraiu o grupo.

— Vamos lá, então — Rodrigo foi na frente e abriu a porta do seu quarto.

Era um quarto comum de menino daquela época que foi organizado pela mãe horas antes da chegada das meninas, claro. Mas os posters de bandas de rock permaneceriam coladas nas paredes, assim como os adesivos nas portas do guarda-roupas. Em cima da escrivaninha ainda tinham porta CDs com todas as bandas que Rodrigo escutava no seu disk man com os fones devidamente enrolados pela sua mãe.

— Você curte todas essas bandas?

— Curto sim, Clara, quer ouvir? Escolhe um.

Clara passou os dedos pelo Metallica, Nirvana, The Who, Scorpions, Ramones e parou em cima do Guns N'Roses, seu favorito nessa seleção. Ele então sentou na cama e puxou a sentar do seu lado, Diego continuou em pé, mas puxou a cadeira da escrivaninha para Amélia sentar, a jaqueta de couro de Rodrigo estava pendurada no encosto da cadeira e ao sentar Amélia sentiu o perfume de Rodrigo exalar da jaqueta, e era bom. Posicionou os fones no ouvido de Clara e ligou o aparelho dando play, pois o CD já estava ali. Clara ouvia muita música, para qualquer tipo de tarefa e gostou de saber que tinham os mesmos gostos. Amélia não dava muita bola e por isso ficou conversando com Diego sobre outro assunto aleatório.

— Aqui é legal, mas quero que vocês vejam outro lugar também, acho que vão gostar mais do que aqui — Diego disse puxando Amélia para se levantar, Clara levantou-se e seguiu o casal.

Desceram as escadas até o quintal entre a casa principal e subiram outra até a área de festas acima da garagem dos barcos, e tudo era revestido por pedaços de azulejos. Essas peças compunham uma construção a parte no finzinho do terreno à beira mar.

— Aqui é tão lindo e calmo — Clara observou, ela caminhou até o peitoril de frente para o mar apoiando os cotovelos no parapeito, a brisa agitada fazia seus cabelos balançarem ao seu redor e sua pele se arrepiou. Amélia sentou um pouco afastada da amiga no banco de concreto e recostada na mesa de refeição.

A maré estava preia-mar e as ondas batiam nas paredes de pedra que guardavam a estrutura da casa do mar. Nisso Rodrigo a abraçou por trás para que pudessem ver juntos a vista usando seu corpo para aquecê-la. Diego estava sentado ao lado de Amélia, ele se aproximou mais da moça tentado criar um momento romântico, ela queria poder resistir e desmascarar os dois irmãos ali naquele momento, mas suas emoções a traíram e a dominaram. Resolveu deixar de lado essa perseguição pela verdade e curtir a noite estrelada junto com a amiga e principalmente com Diego. Depois desse ponto ela não prestou mais atenção no outro casal, não importava afinal.

A respiração quente de Diego em seu pescoço fez ela voltar à realidade de seus pensamentos, bastou ela virar o rosto para encontrar os lábios do rapaz bem próximos do dela. Decidiu também que iria tirar proveito da situação, era o primeiro rapaz que ela tinha tamanha intimidade. Diego passou um braço pelo ombro de Amélia para que pudesse segurar sua nuca, fazendo a moça se arrepiar com o toque, toque esse em sua pele sedosa que o fez desejar plantar beijos ali e foi o que fez e a moça não o evitou. Ela gostou e se permitiu entreabrir os lábios para soltar pequenos suspiros de prazer misturados à sua respiração. Com o outro braço Diego segurou em sua cintura, puxando um pouco para perto de si, conforme ele mesmo se impulsionava para mais perto dela. Não demorou que seus lábios se grudassem de uma forma urgente, mesmo desajeitada Amélia seguia as instruções do rapaz, principalmente quando sua língua pediu entrada, a moça não sabia como fazer, mas se deixou levar. Rodrigo e Clara não estavam muito longe desse ponto também, e um barulho lá embaixo fez com que os dois casais se desgrudassem ofegantes.

— Acho que precisamos ir, Clara — Amélia se desvencilhou do abraço de Diego para chamar a atenção da amiga.

Clara concordou com o olhar da amiga e logo aquele ar de romance deu lugar as brincadeiras e divertimento na conversa do quarteto enquanto desciam as escadas, Coronel e Cecília aguardavam no quintal ao lado da casa principal com a mesa posta para um jantar divertido e descontraído ao ar livre, o sol já estava indo embora então ascenderam luzes ao redor para compensar a falta de iluminação.

A família anfitriã serviu diversos pratos que as amigas gostavam, isso foi trabalho dos meninos de sondar as preferências das meninas. Na travessa tinha lasanha de frango com molho branco, na caçarola de ferro camarão refogado de tirar o chapéu, além de arroz branco, farofa caseira com bacon e feijão vermelho para acompanhar. Coronel abriu uma garrafa de vinho tinto para si e sua mulher, e pediu para Diego abrir uma garrafa de refrigerante para eles.

— Eu e Amélia gostamos muito de sua companhia senhor e senhora Silva — Clara disse envergonhada ao se despedir. Amélia fez um sinal que estava de acordo com o que a amiga falou por ela.

No fim da noite e antes do horário combinado Rodrigo e Diego deixaram as meninas em casa, e na volta passaram na casa de Henrique que estava dando sua festinha semanal. Lá dispunham de bebidas alcoólicas e cigarros, tanto de tabaco quanto de maconha, Henrique enrolava um no momento em que os irmãos chegaram.

— As princesas chegaram finalmente então — Henrique pausou a fala para passar a língua na seda para selar o baseado —, como foi o encontro com aquelas gatinhas?

Das inúmeras coisas que Rodrigo escondia de Clara, era o uso de drogas. O álcool estava presente em todos os finais de semana ou em todas as festas que frequentava durante a semana, e era só o começo. Ele tinha a sua turma de festa e quando não estava bebendo com seus amigos, estava com Clara — como na última semana —, e seus amigos sabiam disso.

— Rô está apaixonado! — eles falavam para tentar tirar algo dele. Luna ascendeu o cigarro de erva observando a reação do amigo colorido.

Claro que ele mentia, percebendo suas intenções com a resposta e principalmente sob o olhar de Luana, dizendo que era apenas para experimentar uma transa diferente. O assunto morria, e ninguém acreditava no rapaz. Mas até quando ele conseguiria esconder dos outros e dele mesmo o que sentia?

PRÓXIMO CAPÍTULO DISPONÍVEL:
• CINCO •


0 comments:

═══ • ◆ • ═══ A consciência descansa, mas um dia acorda e pesa. ═══ • ◆ • ═══ N a segunda feira, Clara acordou disposta para e...

• Três •



═══ • ◆ • ═══

A consciência descansa, mas um dia acorda e pesa.

═══ • ◆ • ═══

Na segunda feira, Clara acordou disposta para essa última semana de aula. Acordou cedo, vestiu o uniforme da escola pela última vez, saia de prega xadrez preta, camisa gola polo branca e tênis também preto. Depois do café encontrou com sua amiga e confidente Amélia e caminharam sorridentes pelo mesmo trajeto por ruas estreitas com calçamento sextavado que fizeram durante o ano inteiro.

Chegando na escola havia muito barulho com crianças correndo pelo pátio ou em grupinhos brincando de pular com elásticos, os corredores tinham alunos conversando enquanto aguardavam o sinal de início das aulas. Foram direto para sua sala e procuraram por seus colegas de turma, que conversavam desanimados pelas provas finais.

— Alegria gente, — Amélia tentou animar — logo estaremos em férias, curtindo a praia e sombra fresca!

Doug olhou para Catarina descrendo nas palavras da amiga apoiando a cabeça nos braços em cima da mesa escolar em um claro sinal de tédio. Peu recostou na cadeira e colocou os pés cruzados em cima da carteira.

Esses eram os melhores amigos de Clara e Amélia desde o início escolar, pois suas famílias nasceram e cresceram ali, inclusive frequentaram a única escola da cidade, Escola Municipal Hercílio Luz de Pedra Grande. Petry, carinhosamente apelidado de "Peu", era um rapaz magro e mais alto do que a maioria dos rapazes da sua idade, ao contrário de Douglas, chamado pelos amigos de "Doug", que é roliço e baixinho. Catarina é uma garota ruiva e sardenta de cabelos volumosos e encaracolados.

A primeira aula iniciou e então as amigas sentiram o desânimo recair sobre seus ombros também. Elas não eram as melhores da turma, e por isso estavam ali fazendo as provas finais, para recuperar as notas que não conseguiram atingir durante os quatro bimestres escolares. Tinham estudado aquelas questões o ano inteiro, mas se no tempo certo já foi difícil, imagina tudo junto em uma prova só?

• ◆ •

Acordar cedo não era o forte de Rodrigo, ainda mais depois de um fim de semana inteiro de bebedeira, que iniciou na sexta-feira e finalizou na segunda de madrugada.

Eram quase dez da manhã de segunda e ele ainda estava estirado em sua cama, alguém que visse a cena diria que ele estava morto. Pela boca entreaberta escorria um fio de saliva que molhava seu travesseiro, seus braços largados ao redor do corpo, um reto e outro flexionado — assim como suas pernas —, com as palmas viradas para cima, e suas nádegas ligeiramente empinadas.

"Ele vai ter uma dor nas costas daquelas quando acordar", seu irmão pensou ao entrar no quarto, depois de bater na porta diversas vezes sem sucesso em acordar Rodrigo e ver a cena. Decidiu sair e deixá-lo acordar sozinho dessa vez, eles só teriam aula à noite, que por ventura era semana de provas finais também, assim como as amigas.

As amigas. Um flashback veio em sua mente da noite em que ele as conhecera. Ele beijou a Amélia, uma moça linda e doce, mas pensava em Clara naquele momento, um misto de alegria e choque passou pelo seu corpo ao vê-las na praia, estava tão perto e tão longe ao mesmo tempo. Desceu as escadas seguindo as marteladas que vinha da marina, nos fundos da residência.

A casa dos seus pais era bem privilegiada, pois tinha frente com a via lateral da rodovia que ligava o país de norte a sul e de fundos para o mar, tendo uma pequena marina particular para um ou dois barcos pequenos. O barulho era de seu pai, o Coronel Orlando Silva, consertando um dos barcos, o mar estava em baixa-mar naquela hora, então dava para se transitar ali à pés secos. Ele pregava algo dentro de um dos barcos que ele usava para pescar, era seu hobby quando estava em casa.

— Bom dia, filho — o Coronel tirou os olhos do que estava fazendo apenas para olhar para seu filho, pausou seus movimentos precisos com o martelo enquanto fazia esse gesto.

— Bom dia, pai — ele devolveu o cumprimento entrando na garagem dos barcos. Era como uma garagem de carros, porém na preia-mar a garagem alagava de um metro a dois, sendo somente acessível de barco e sendo perigoso transitar a nado.

— Como foi o fim de semana? Mal vi você e seu irmão — seu pai falava calmamente, mas era impossível não perceber o tom forte vindo de anos à frente de comando.

— Foi bom pai, eu e o mano fomos naquela danceteria e conhecemos duas amigas — ele sempre contava tudo para seu pai que tornou o que estava fazendo.

— Contanto que elas mantenham vocês dois longe de festas, drogas e confusão, eu não vejo problema. — ele esboçou um sorriso sincero, que Diego retribuiu na mesma intensidade.

Diego era o filho bom, precavido e estudioso. Rodrigo, mesmo sendo o mais velho sempre foi o mais rebelde. Não que Coronel Silva e sua mulher amassem mais um filho do que o outro, mas eles eram assim e isso os diferenciava em grande escala.

— Eu preciso ir no centro, quer uma carona? — Diego concordou, queria ser útil em alguma coisa.

Seguiram com a picape vermelha pelo único trajeto até chegar no centro da cidade. Seu pai passou na Casa de Pesca para comprar uns itens que precisava substituir, o velho que atendia era seu amigo de infância e serviram juntos na mesma infantaria, até Coronel subir de patente. Depois foram até a Casa do Ferramenteiro, precisava fazer uma reforma na garagem do barco e não tinha as ferramentas necessárias, lá o neto do dono os atenderam com menos experiência do que seu avô, que faleceu anos atrás. E por fim no Mercado Municipal, que ficava em frente à escola onde ele estuda e as amigas também.

Pensava nelas quando ouviu a familiar risada saindo do portão da escola, a picape estava estacionada do outro lado da rua, em frente ao mercado. Rapidamente e sem pensar duas vezes, ele abriu a porta da picape e atravessou a rua correndo em direção de Clara.

— Clara, Amélia, oi meninas.

Ele ficou sem jeito assim que se dera conta do que havia feito. As moças o cumprimentaram de volta, Amélia abriu um sorriso ao ver seu ficante, e ele percebeu o quão linda ela estava naquele dia, mesmo sob o uniforme e não pode se conter em dar um beijo doce nela, quando uma brisa bateu sentiu melhor o seu cheiro adocicado, poderia ser baunilha. Entrou em devaneios se esquecendo completamente que Clara estava ali bem ao lado. Trocaram palavras desajeitadas de nervosismo, mas combinaram de se encontrar nessa mesma hora no dia seguinte, ele prometeu a Clara que ia trazer seu irmão.

Seu pai buzinou nesse momento, fazendo o rapaz ansioso sentir um leve sobressalto, se despedindo rapidamente das amigas e correndo para o banco do passageiro. Ouviu risadinhas depois que acenou pela janela e seu pai deu a partida. Pensou estar fazendo papel de trouxa, mas era apenas seu nervosismo. Seu pai percebeu, ora, ele mesmo já havia passado por essa fase e agora se divertia, mas não falou nada, bastava só ele descobrir se o filho mais velho também estava apaixonado.

• ◆ • 

No dia seguinte e na hora combinada, os irmãos estavam em frente ao mercado para seu primeiro encontro com as amigas. Rodrigo vestia uma regata branca que destacavam seu corpo forte e bermuda de praia colorida psicodélica, enquanto Diego usava camiseta preta de banda e bermuda jeans.

O sinal bateu, e o coração de Diego apertou. Rodrigo estava ansioso também, mas nada fora do normal, era a ansiedade de poder ter Clara em seus braços, sentir seu cheiro e seu gosto, mas nada sentimental como Diego.

Clara, que passou várias horas do seu dia desde o dia anterior pensando em Rodrigo e seu jeito misterioso e lembrando do beijo, abriu um sorriso alegre ao ver os irmãos caminhando até elas quando atravessaram o portão de saída da escola. Era um misto de sentimentos que a moça sentia, e que com sua falta de experiência, era difícil decifrar. Algo em seu peito lhe passava uma mensagem, mas ela não conseguia entender.

Sua amiga, no entanto, não se sentia da mesma maneira e quase podia jurar que o brilho no olhar de Diego não era por vê-la. Nessa posição ela podia ver claramente o que estava acontecendo entre os irmãos, uma singela disputa pela atenção de sua amiga Clara, ela estava no jogo apenas por distração, como uma ponte até o alvo. Ao tirar essa conclusão sentiu o peito doer, como se tivesse sido traída, não pela inocência da amiga, mas pelos dois rapazes que faziam isso descaradamente, achando que ninguém ia perceber.

Voltando seus pensamentos à realidade com um sorriso torto ela como amiga tinha que fazer algo, se sentia na obrigação de tomar uma atitude. A grande dúvida era como faria isso, pois se falasse diretamente com Clara, ela poderia ver isso com maus olhos, como se a amiga estivesse vendo coisas por sentir inveja.

— Oi Mel — Diego chamou por sua atenção carinhosamente com uma mão em seu rosto, pois percebeu que ela estava pensativa, ela forçou esboçar um sorriso e antes dele passar a outra mão em sua cintura — um sinal de que ia a beijar. Chamando a atenção da amiga disse que precisavam ir para casa, pois não podiam se atrasar, mas não antes de Clara marcar encontro para os dias seguintes.

A mãe de Clara notou sua filha mais alegre essa semana, mas o porquê era um total mistério. A mãe de Amélia, por sua vez, percebia a filha mais preocupada.

PRÓXIMO CAPÍTULO DISPONÍVEL:
• QUATRO •


0 comments:

Page 1 of 61236