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• Dois •



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Um beijo ardente de repente

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Clara abriu o portão de madeira levantando a tramela em seguida fechando-o atrás de si, caminhou até a varanda da frente observando a lua reluzente no céu e lembrou-se de umas noites passadas a qual viu uma estrela cadente cruzar o mesmo céu. Várias coisas se passaram por sua mente, sobre seus planos para depois de terminar os estudos, onde iria trabalhar, se faria faculdade. Clara era uma moça sonhadora.

Tirando os sapatos do lado de fora e entrando sorrateiramente pela porta da frente, Clara caminhou no escuro até seu quarto com os sapatos nas mãos para não fazer barulho no assoalho de madeira. Precisava descansar para o dia que viria, mas não conseguia tirar o rapaz da cabeça. Estaria ela se apaixonando? Sua mãe jamais permitiria, seu pai então, até tinha um palpite do que ele falaria caso ela trouxesse o rapaz em casa agora: "você não pode namorar, pense no seu futuro primeiro, depois em rapazes"; e seu pai tinha razão, entrou no quarto fechando a porta e disse para si mesma "Foi só um beijo, Clara!". Pegou seus itens de higiene e foi até o banheiro, precisava tirar os vestígios da festa e depois de um banho relaxante, vestiu seu pijama favorito e sem acordar seus irmãos que dormiam no mesmo quarto entrou embaixo do lençol, mas não antes de conferir o cintilar das estrelas pela janela aberta sob o véu do mosqueteiro.


Os primeiros raios de sol já entravam pela janela quarto de Clara, sua mãe já tinha a chamado algumas vezes, sem sucesso. Decidiu se levantar da cama, tomar café e fazer o que sua mãe pedisse, para que depois do almoço daquele sábado ela pudesse sair com sua amiga para caminhar na praia e contar o que aconteceu com ela na noite anterior.

— Bom dia filha, como foi a festa, Clarinha? — sua mãe, Dona Maria, perguntou ao ouvir o ranger das tábuas do assoalho, ela estava no quartinho de costura ao lado da sala de televisão por onde Clara passou.

A moça queria contar tudo à sua mãe e confidente, mas omitiu a parte do rapaz que conheceu, tinha medo de descobrir que ele não era o tipo de genro que sua mãe sonhava em ter antes de poder conhecê-lo de verdade. Algo nele dizia que ele era perigoso, mas Clara não quis dar ouvido à sua intuição, ela tinha um certo apetite para coisas desse tipo, ou apenas fosse a idade. Aventureira, ela queria desbravar o mundo, mas se sentia um passarinho engaiolado por super proteção.

Dona Maria passou por muita coisa na vida, viveu no sítio, ajudou seus pais no engenho de açúcar e como filha mais velha de seis, ainda ajudava a cuidar dos irmãos mais novos e da casa. A vida não foi fácil e ela queria mostrar o valor do trabalho à seus filhos também.

— Que bom que se divertiu minha filha, agora tome seu café que preciso que você faça umas coisas para mim.

Clara assentiu e saiu sorridente pelo cômodo até chegar na cozinha com móveis simples muito bem feito pelo seu pai que era um carpinteiro de mão cheia e fez um ótimo acabamento nos cantos e com verniz escuro passou demãos do produto até ficar com as camadas uniformes.

Logo que Clara colocou os olhos na mesa posta sentiu a fome sonorizar, tinha pão e doce de banana feitos pela sua mãe. Serviu-se e pôs-se a comer pensando em como viveria sem essas delícias.

Antes de sair a moça arrumou a mesa e lavou a louça, sua mãe a orientou a deixar a casa sempre limpa e a louça lavada. E terminando tudo, ela saiu com a lista do que precisava comprar para a mãe preparar o almoço daquele sábado quente e ensolarado.

• ◆ •

Era quase meio dia quando Rodrigo conseguiu abrir os olhos, a ressaca não era forte, mas o incomodava. Pensou que ela não apareceria ou aquela erva que lhe deram não era tão boa assim.

— Acorda dorminhoco! — ouvindo isso ele sentiu uma pancada macia na cabeça, gemeu de dor e enfiou a cabeça embaixo do lençol, resmungando algo inaudível para Diego.

— Vamos mocinha — ele tentou novamente encorajar seu irmão — o sol está lindo e quem sabe poderemos ver as meninas de biquíni na praia!

Diego parecia animado naquela manhã, não tinha bebido muito e associado a uma boa noite de sono esse era o resultado. Outra almofadada em Rodrigo.

— Ok, ok, eu me rendo. — Rodrigo tirou a cabeça do lençol levantando as mãos em rendição, o jeito deles de irritar o outro.

Enquanto o irmão mais velho se vestia, ouviram uma buzina lá na frente, a carona para mais um final de semana de farra. Diego correu até a sacada da frente para sinalizar que estavam indo.

— Rápido mano, eles chegaram!

Desceram as escadas depressa, seus pais estavam viajando e não havia ninguém em casa e por isso aquele enorme sobrado vazio parecia deprimente. Suas irmãs mais velhas já tinham se casado e saíram de casa anos atrás para formarem suas próprias famílias, e só restaram os dois. Percorreram o longo caminho arborizado até o portão.

No carro estavam seus amigos de festa Henrique, o motorista do Chevrolet prata, um típico surfista alto, cabelos claros e pele avermelhada em alguns pontos mais expostos ao sol; Roberto, sentado no carona ao lado, cabelos curtos e escuros de pele morena, um perfeito descendente de índio; Luana, a loira de pele perfeitamente bronzeada sentada no carona de trás. A capota estava aberta então os meninos só pularam para dentro do veículo.

Durante o percurso o quinteto ouviu música alta e contaram suas histórias da noite anterior com muita risada e agito. Um tentando falar por cima do outro, tanta bagunça que o motorista quase perdeu o controle do carro em uma curva muito fechada. Luana, que ficou entre os irmãos no banco de trás, não perdeu a oportunidade de beijar Rodrigo tentando fazer ciúmes ao Diego.

Pegaram a rodovia em frente à casa dos rapazes passando pelo centro da cidade até o bairro Rosa, onde a praia era perfeita para o que eles tinham em mente e ficava na área sul da cidade.

Saindo da rodovia para a via lateral, passaram por baixo do viaduto para fazer o retorno e entraram em uma rua em frente que seguindo até o fim chegava na praia que era famosa entre os jovens que queriam privacidade, a longa faixa de areia era cercada de vegetação praiana e que não dava acesso à veículos, então teriam que estacionar o carro antes da vegetação e seguir a trilha a pé.

Naquele paraíso silencioso, as gêmeas Aurora e Pandora, aproveitavam o sol que queimava suas peles ao som das ondas do mar. Os biquínis minúsculos que usavam cobriam apenas o essencial, os cabelos loiros curtos e ondulados balançavam com a brisa do mar e um óculos escuro cobriam seus olhos verdes. Elas moravam ali perto e resolveram ir antes do horário combinado para aproveitar o melhor da praia sozinhas. De longe as moças ouviram seus amigos se aproximarem, tamanha era a bagunça e a altura do som.

Os rapazes descarregaram seus pertences do carro e não demoraram a montar uma tenda que protegeria eles e as bebidas do sol que não estava forte, mas esquentaria as bebidas rapidamente e acabaria com a festa. Trouxeram uma caixa com gelo e as bebidas, que ia de cerveja até destilados dos mais variados, era quase um bar móvel. Não podiam esquecer de cadeiras de praia e toalhas de banho, eles queriam curtir a praia vazia antes de beberem.

E assim foi até quase anoitecer, banho de mar, algazarra e muita bebida.

 • ◆ • 

Depois do almoço, Clara e Amélia saíram juntas para colocar o papo em dia. Escolheram caminhar até a praça no centro que era quase deserta nesse horário, a pé não era muito longe cortando algumas ruas. O lugar perfeito delas era a praia, mas era sábado e provavelmente teriam muitas pessoas aproveitando o dia de folga lá, e elas precisavam de privacidade.

Clara já não aguentava mais manter aquilo só para si e logo que estavam distantes de casa a moça contou tudo e com detalhes o que se passou desde que a amiga a deixou sozinha com aquele rapaz, que parecia muito afim dela, até elas se reencontrarem perto de casa. A história era instigante para Amélia, que esboçava diversas reações enquanto sua amiga lhe contava o episódio que passou.

— Acredita que eu não vi nadinha? — Amélia perguntou retoricamente, e logo explicou — porque eu conheci um rapaz também!

Clara não ficou chocada, mas descobriu com a amiga que ambos eram da mesma escola delas, mas de outro turno, e pelo que o rapaz disse eles eram irmãos.

— Não creio! — foi o que ela respondeu antes das amigas caírem na risada depois de se sentarem em um banco na praça mais afastado dos brinquedos onde as mães brincavam com seus filhos.

— Então as amigas beijaram os irmãos — Clara concluiu pensativa.

Pararam para observar as crianças se divertindo nos brinquedos, tinha escorregadores, balanços e uns de se pendurar, Clara relembrou quando era criança e sua mãe a trazia aqui para brincar com Amélia.

As amigas resolveram tomar um sorvete e molhar os pés na água salgada antes de voltarem, caminharam desde a praia central até a praia do Sul que era outro caminho para casa. Não tão longe avistaram um grupo de amigos bebendo e rindo alto e quando perceberam dois rapazes falando um com o outro e caminhando na direção delas.

"Rodrigo?" Clara pensou e analisou o rapaz ao lado dele, podia ser o irmão que a amiga falou.

— Diego! — Amélia fez o mesmo que a amiga e nenhuma das duas tinham aumentado ou diminuído o que disseram sobre eles.

— Oi meninas — os irmãos disseram em uníssono quando estavam a uma distância curta, estavam tão surpresos quanto as amigas, ainda mais que ambos estavam bêbados.

Quem diria, pensou Clara, e ela achando que jamais veria o rapaz novamente a julgar pelas suas companhias, sentiu uma ponta de ciúmes, e ainda de brinde é apresentada ao irmão de Rodrigo, que não tirou os olhos dela, que descarado!

Amélia sabia que uma hora ou outra poderia cruzar com Diego e até mesmo com Rodrigo pelas ruas da cidade, além de Pedra Grande não ser tão grande assim, eles moravam demasiadamente perto, elas na Praia do Sul, e eles na Praia do Norte, apenas separados pelo Bairro Centro.

— Interessante encontrar vocês por aqui — Clara observou o grupo atrás deles — mas precisamos mesmo ir para casa.

— É longe daqui? — Diego logo se prontificou, sempre cavalheiro.

As amigas gentilmente recusaram, por não quererem aparecer no portão de casa acompanhadas por dois rapazes, seus pais enlouqueceriam se vissem a cena. Eles logo entenderam e pediram pelo menos por um beijo, Rodrigo puxou gentilmente Clara pela mão até um deck na orla da praia a ergueu para se sentar no parapeito do deck, assim ela ficava um pouco mais alta que ele e a beijou profundamente segurando-a pela cintura para não cair, Diego fez o mesmo, mas foi para o outro lado da calçada de madeira, o beijo não foi como na noite passada, rápido e superficial, mas um beijo melhor, mais profundo, aquele que deixaria qualquer mulher suspirando.

Despediram-se delas e observaram as amigas caminhando através das longas sombras que se formavam na areia naquele fim de tarde.

PRÓXIMO CAPÍTULO DISPONÍVEL:

• TRÊS •



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═══ • ◆ • ═══ Primeiro os olhares, o flerte, depois o beijo. ═══ • ◆ • ═══ C lara se olhava no espelho pela décima vez em cinc...

• Um •



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Primeiro os olhares, o flerte, depois o beijo.

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Clara se olhava no espelho pela décima vez em cinco minutos, não era exagero, ela só queria conferir se seu visual estava realmente bom. Seu vestido rodado até os joelhos foi feito à mão pela sua mãe que trabalhava como costureira desde jovem, seus sapatos não eram novos, mas eram bem cuidados, o cabelo castanho claro chegava a um tom loiro nas pontas, estava solto e ia quase até a cintura, seus lábios estavam pigmentados em um rosa clarinho e em suas orelhas não podiam faltar brincos, eram discretos, mas Clara adorava eles.

O espelho refletia também a indignação de sua irmã, Flora, dois anos mais nova que fazia birra sentada à sua cama no beliche de baixo, pois queria ir junto naquela festa. Clara explicou a menina o motivo de não poder ir e decidiu sair de casa antes que sua mãe mudasse de ideia, era o único momento que a moça poderia se descontrair com as amigas e não perderia essa chance por causa da irmã. Seu pai já havia se retirado para seu quarto e não se envolveria na discussão.

Fechou as portas do guarda-roupa que foi entalhado pelo seu pai que é marceneiro e organizou seu quarto, guardando as roupas e sapatos que não foram escolhidos e a maquiagem. Sozinha em seu quarto, apagou a luz, se despediu de sua mãe e de sua irmã e saiu pela porta da frente fazendo as tábuas do assoalho rangerem com seu peso ao passar.

Sentindo o ar fresco daquela noite ela prometeu a si mesma que se divertiria ao máximo, ela vem sabia que a vida traria responsabilidades que fariam mudar sua rotina totalmente, e não desperdiçaria essa última oportunidade.

Caminhou até o portão, um caminho de terra batida e ao fechá-lo atrás de si avistou sua melhor amiga, Amélia, em frente a sua casa do outro lado da rua estreita e empoeirada. Ela estava vestida para festa assim como Clara, sorriram uma para a outra e depois de se cumprimentarem com um beijo no rosto estalado e um abraço apertado, seguiram rumo à festa. Caminharam de braços dados trocando confidências pela estrada de chão até chegarem em menos de dez minutos na danceteria.

— Você acha que vamos encontrar alguém diferente essa noite?
— Eu acho que não, Amélia, frequentamos a tempo suficiente para conhecer todas as pessoas que vão lá também.
As amigas riram e finalizou.
— Pois eu acho que hoje será diferente.

Clara e Amélia eram vizinhas desde pequenas e ali surgiu uma amizade linda. Faziam tudo juntas, inclusive ir às festas no Furacão 2000, a danceteria para jovens perto de suas casas.

O que chamavam de danceteria, era uma casa antiga de uma família que a abandonou há muitos anos. Um empresário no ramo de discoteca a comprou e a transformou no que era hoje.

O quintal foi remodelado para um pequeno espaço aberto com lajotas na entrada que combinava com a decoração externa, a sala de estar virou a pista de dança principal que eram usados também como palco de eventos, desfiles de agências de modelo e outros eventos da sociedade. A cozinha ganhou um balcão onde serviam as bebidas, os banheiros foram expandidos e ao redor da pista xadrez preto e branco foram posicionados bistrôs com banquetas altas para quem tinha os pés cansados. A parte posterior do terreno era apenas aberta para eventos particulares como aniversários e casamentos, a piscina e todo o restante do espaço foram reformados segundo paisagismo impecável, sendo o sonho de toda garota fazer sua festa de debutante ali, maravilhadas em imaginar as fotos que aquele lugar daria.

Toda a decoração girava em torno dos anos 60 com cores neon vibrantes, e tocava músicas da época como Rock, Pop, Dance, Jovem Guarda, entre outros semelhantes e sendo assim um lugar para se reunir com os amigos no fim de semana.

Chegando em frente à danceteria, as amigas diminuíram o passo, pois a danceteria ainda estava se preparando para abrir e o espaço aberto já estava lotado. Pela porta aberta puderam perceber que o jogo de luzes já estava ligado e o globo de espelhos girava fazendo a galera se agitar em ansiedade, minutos depois começou a tocar os primeiros acordes da música que era sucesso na época no estilo europop, Brother Louie da dupla alemã Modern Talking e então a bilheteria liberou a entrada.

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Foi por estar distraído com Luana que Rodrigo não viu Clara comprar seu ingresso na portaria e entrar acompanhada de sua amiga, mas seu irmão Diego sim e mesmo sem saber o porquê do seu coração bater mais forte, ele apressou o irmão a entrar para não perder a moça de vista. Não era a primeira vez que os irmãos Rodrigo e Diego estavam naquela festa, mesmo preferindo uma festa regada de bebida e cigarros, e mesmo assim estavam ali por causa de uma menina ou duas que iriam encontrar. Furacão 2000 era famoso por quem frequentava e os irmãos nunca dispensaram uma festa.

Uma hora mais tarde Rodrigo e o irmão tinham encontrado suas amigas, mesmo estando tão lotado que mal dava para se locomover pela pista de dança, e estavam divertindo e bebendo. Do fundo do salão eles observavam os jovens dançando os passinhos quando uma menina em especial chamou a atenção do mais novo, pela segunda vez. Ele não acreditou que tornaria a vê-la diante daquela multidão, mas lá estava ela e ele tratou de cravar seus olhos antes que a perdesse de vista novamente.

— Parece que você encontrou um alvo para essa noite, Diego — Rodrigo tentou falar por cima da voz elétrica que saia da caixa de som.

Diego desdenhou seu irmão, ele era do tipo que não usava as mulheres, ao contrário do seu irmão que não via problema nisso. Ele havia se interessado pela garota no momento em que a viu em frente à danceteria e se decidiu naquele momento conhecer a moça assim que tivesse oportunidade, quando a música acabasse e ela viesse pegar um refresco. O irmão interpretou isso como um desafio, assim como Luana, que estava ao seu lado muito fora de si por causa da bebida alcoólica, dançando com passos desconexos. Ele então se remexeu inquieto, e isso foi a confirmação que Rodrigo precisava para mover seus pés até a jovem moça de vestido rodado e cabelos soltos.

• ◆ •

Logo que Clara e Amélia entraram na danceteria, encontraram outras colegas da escola e formaram seu grupinho em um canto da pista, perto do DJ.

Cerca de uma hora depois as amigas sentiram que precisavam se refrescar. Bianca, uma dessas colegas, não quis parar de dançar, com o álcool — que bebeu antes de entrar — em suas veias, ela rodopiava nos passinhos do flashback e Pietra dançava com seu namorado Lucas.

— Olá moça — Rodrigo tentou ser gentil, galanteador e sem tropeçar nas palavras, falhando na sua investida fazendo Clara soltar uma risada contida e virar para a amiga, de costas para ele.

O rapaz tentou novamente, respirando fundo, tentando fazer uma apresentação melhor.

— Olha rapaz — ela olhou em sua direção com uma postura firme, tentando ser gentil — hoje eu quero me divertir com a minha amiga então vá procurar outra!

Vendo a situação de camarote, e depois do olhar de "me ajuda" que recebeu de Rodrigo, Amélia deu um cutucão na amiga dizendo silenciosamente "dá uma chance", pegou seu refrigerante e caminhou dançando até a pista saindo de vista no meio da multidão. Clara não sabia o que fazer, não deu tempo nem de pensar direito.

Vendo que não tinha opção, virou-se para ficar de frente com o rapaz e deu brecha para falar. Enquanto conversavam, ao lado da bancada do bar, ela podia analisar melhor o rapaz de traços fortes, pele clara e cabelos curtos. Descobriram que estudavam na mesma escola, e depois de encontrar algo em comum, a conversa deslanchou.

Algumas músicas depois, uma romântica que Clara gostava muito começou a tocar, Rodrigo se aproximou para dançar mais perto da moça, pouco a pouco seus braços se resvalavam com o compasso da canção, um toque eletrizante para ambos. Eles estavam perto e tomando um pouco de coragem, Clara deixou ser beijada por Rodrigo.

Não era seu primeiro beijo, mas foi uma experiência única. Os lábios de Rodrigo eram quentes, assim como o toque que Clara sentiu quando ele a puxou para mais perto passando seus braços ao redor de sua cintura e ela apertou seus braços no pescoço do rapaz.

Quando a música foi trocada por algo mais agitado, eles se afastaram, foi um beijo curto, mas o suficiente para uma chama pequena e frágil dentro dela se ascender. Ele por outro lado tinha certeza de que queria ir mais e além e por isso, quando as luzes do globo de espelhos deram lugar a luz pálida das lâmpadas fluorescentes às duas em ponto, ele sabia o que teria que fazer.

Com aquela multidão de adolescentes amontoados na porta de saída seria muito difícil encontrar sua amiga e seu grupo novamente, então ele se prontificou a levá-la para casa e ela aceitou a companhia.

A caminhada sob as estrelas associada ao vento fresco vindo do sul fez com que voltassem para a realidade com os pés firmes no chão, sem aquele calor abafado e música alta nos ouvidos ou a euforia do momento, e eles podiam então observar melhor os seus detalhes. O sorriso tímido dela quando ele fazia um elogio, as mechas do cabelo dele que dançavam com a brisa. Podiam sentir melhor suas emoções também, o frio na barriga de ansiedade e o calor que brotava de seu peito.

Sua casa não era longe dali, mas fizeram o percurso demorar mais que o de costume, apenas para conversarem um pouco mais.

— Foi muito bom te conhecer, Clara. — ele disse olhando para suas mãos que seguravam as dela em um momento tímido de despedida, deu um selinho e a moça sorriu relutante soltando suas mãos, para caminhar até sua amiga, que a esperava na esquina para chegarem juntas em casa.

— Clara! Você vai me contar tudo! — Amélia exclamou assim que deram os braços e perceberam o rapaz sair de vista. As duas caminhavam pela rua deserta em direção a suas casas, apenas alguns metros. Depois do sumiço da amiga, Amélia queria saber os detalhes do que aconteceu, ela ficou preocupada, mas sentia que ela estava bem.

— Contarei tudo o que você quiser saber, mas vamos para casa? Estou exausta — Clara deixou escapar um bocejo, e deitou sua cabeça no ombro da amiga, um claro sinal de que a noite foi boa.

— Tudo bem — Amélia respondeu se desgrudando da amiga, tinham chegado em casa — boa noite Clara.

— Boa noite Mel.

PRÓXIMO CAPÍTULO DISPONÍVEL:

• DOIS



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  Olá, leitores queridos!  Sou Aline Duarte, a autora apaixonada por trás de 'Ascendente', uma obra que está em constante...

Novela ASCENDENTE

 Olá, leitores queridos! 


Sou Aline Duarte, a autora apaixonada por trás de 'Ascendente', uma obra que está em constante evolução. Convido vocês a se juntarem a mim nesta jornada de criação, acompanhando cada capítulo e me ajudando a moldar esta história. 

A leitura é gratuita, e sua opinião é fundamental para o aprimoramento do livro, que pretendo comercializar após a conclusão. Sintam-se à vontade para compartilhar suas impressões a cada capítulo! Ao final, preparei uma surpresa especial como forma de agradecimento por fazerem parte deste processo desde o início.

❙❘ Epígrafe ❘❙


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Sempre acredite no que é certo e correto, 
porque mesmo as coisas não saindo como você quer 
o universo te surpreenderá pelo seu esforço.

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❙❘ Prólogo ❘❙


O céu da pequena cidade praiana estava sem nuvens naquela noite e Clara olhava atentamente a cada pontinho cintilante naquele mar de escuridão. Ela e sua irmã Flora haviam sentado na varanda de casa para contemplar a noite calma e fresca daquela primavera.

No ano seguinte Clara completaria quinze anos, mesmo ainda jovem tinha muitas responsabilidades e com a próxima idade ela sentia o peso se erguer em seus ombros, pois o fardo era intenso. Sua família agradecia a cada refeição, que não era farta, mas sustentava ela, seus dois irmãos mais novos e seus pais. Sentia prazer em ajudar em casa, mesmo quando sua mãe gritava, seu irmão lhe pregava peças, sua irmã pegava seus pertences sem pedir, ou quando seu pai era indiferente a tudo isso. Mas eles se amavam, apesar de tudo.

— Olha! — a moça quase não podia acreditar no que seus olhos viam, seu coração palpitou mais forte em euforia. Sua irmã procurou pelo risco no céu em que Clara direcionava com a ponta do dedo — Uma estrela cadente!

As jovens escolheram um pedido e o fizeram em pensamento, se ele se realizaria ninguém sabia, mas Clara o pediu com a maior convicção do mundo àquela estrela cadente que ela pudesse ascender seu pedido.

Novos capítulos toda semana!

Capítulos publicados:

PARTE 1


 Um 
 Dois
✦ Três 
✦ Quatro
✦ Cinco
✦ Seis
✦ Sete
✦ Oito
✦ Nove
✦ Dez
✦ Onze
✦ Doze
✦ Treze
✦ Quatorze
✦ Quinze
✦ Dezesseis
✦ Dezessete
✦ Dezoito
✦ Dezenove
✦ Vinte

PARTE 2


✦ Vinte e Um
 Vinte e Nove NOVO!
 Trinta: em andamento
 Trinta e Umem fase de planejamento
 Trinta e Doisem fase de planejamento

  

  




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Em Ascendente, prepare-se para conhecer um quarteto de personagens que te cativará com suas histórias, segredos e complexas personalidades....

Ascendente: Personagens Entrelaçados em uma Teia de Paixões



Em Ascendente, prepare-se para conhecer um quarteto de personagens que te cativará com suas histórias, segredos e complexas personalidades.

Juntos, esses quatro personagens embarcam em uma jornada emocionante de amor, traição, amizade e autodescoberta. Prepare-se para se apaixonar, chorar, rir e refletir sobre as complexidades da vida e do amor em Ascendente.

Clara, de espírito livre e coração vibrante, personificava a alegria e a amizade. Sua lealdade era inabalável, mesmo diante de dilemas que desafiavam seus próprios sentimentos. Nos quadros abstratos que pintava, expressava a alma e se libertava, e no colar de estrela, presente de Diego, guardava a memória do primeiro amor. Ciente da paixão de Amélia por Diego, reprimia seus próprios sentimentos, buscando refúgio nos braços de Rodrigo, acreditando que, ao retribuir seu carinho, evitaria ferir a amiga, enquanto mordia o lábio inferior, absorta em seus pensamentos.


Diego, o irmão mais novo, era um ser sensível e introspectivo, com uma paixão contagiante pela vida e pela busca por seus sonhos. Na música, encontrava a forma de se conectar com sua alma, expressando sua sensibilidade em melodias tocadas no violão. Na foto antiga de Clara, guardava a lembrança do primeiro amor, e na atenção dedicada a Amélia, buscava despertar o ciúme do irmão e, principalmente, de Clara. Seu comportamento era um reflexo da própria confusão, um grito silencioso por atenção, enquanto a mão deslizava pelo queixo, denunciando a indecisão que o atormentava.


Rodrigo, o irmão mais velho, era um jovem ambicioso e determinado, encontrando no surf e na arte a forma de expressar seus sentimentos mais profundos. Em sua alma rebelde, pulsava a vontade de desafiar as expectativas e lutar por aquilo que acreditava. Colecionador de vinis raros dos anos 90, encontrava nas melodias a conexão com suas emoções, e na prancha herdada do avô, um um refúgio para suas inquietações. A cada onda que surfava, sentia a liberdade de um pássaro em pleno voo, desafiando a gravidade e as convenções.

Amélia, amiga inseparável de Clara, era a voz da razão e da cautela, com um olhar perspicaz sobre o mundo e as pessoas. Por trás da fachada racional, escondia um coração apaixonado e cheio de inseguranças, expressando seus sentimentos e medos em poemas e contos guardados em um caderno secreto. No livro de poesias herdado da avó, encontrava consolo e inspiração, e na paixão avassaladora por Diego, alimentava a esperança de um amor impossível, ignorando os sinais que indicavam o contrário, enquanto colocava o cabelo atrás da orelha, denunciando a ansiedade que a consumia.

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