═══ • ◆ • ═══ Quero ver as estrelas enquanto sinto o calor do seu abraço! ═══ • ◆ • ═══ D urante aquela semana o quarteto se enc...

• Quatro •



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Quero ver as estrelas
enquanto sinto o calor do seu abraço!

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Durante aquela semana o quarteto se encontrou na hora e local combinado, foi o modo que eles encontraram de se falar sem compromisso, nessa época não tinha muita tecnologia disponível. Clara era o alvo principal, Amélia era a ponte para Diego, e Rodrigo só queria curtir a companhia.

— Eu não posso demorar - disse Amélia, seus pais desconfiariam.

Então foram para um lugar mais reservado onde podiam conversar e se curtir mais a vontade., mesmo o encontro sendo rápido.

— Como estão sendo as provas? — Rodrigo perguntou abraçado a Clara em um banquinho na praia, entre a vegetação e a areia.

— Eu estava motivada no início, mas acabei ficando como nossos amigos — a moça desabafa tristonha olhando para seus pés.

Eram quase onze horas, e o sol brilhava com poucas nuvens no céu, tendo um clima agradável. Os dois casais se curtiram um pouco e logo deu o horário de irem para suas casas. As amigas tinham suas tarefas para cumprirem, inclusive uma era juntas, elas ajudavam as vizinhas a fazerem suas compras e ganhavam gorjetas. Amélia e Clara guardavam seus pagamentos, era a forma que as meninas tinham de guardar para uma poupança, estudos ou o que necessitar.

Logo a sexta feira chegou e com isso o fim da semana de provas, acabando também com o encontro às escondidas depois da escola, foi então que os irmãos convidaram as amigas para irem na sua casa no final de semana.

— Vocês podiam jantar na nossa casa — Rodrigo convidou — vocês vão adorar, da para ver toda a grande cidade da área de festa e também as estrelas.

Isso não vai ser bom, pensou Amélia.

Essa vai ser a minha chance, pensou Rodrigo.

Acho que estou me apaixonando, pensou Clara.

Eu preciso tomar uma decisão, pensou Diego.


Então chegou o dia. Amélia não deixaria Clara mentir para seus pais sobre Rodrigo, ela a convenceu de falar a verdade sobre a visita na casa dele, e com isso não precisaria mentir para seus próprios pais o porquê de estar indo junto, dizendo que ia apenas para acompanhar a amiga e não deixá-la sozinha na casa do rapaz. Mentir mesmo ela teria para Diego.

Coronel, o pai dos rapazes, fez questão de buscar as meninas em casa, para conferir onde elas moravam e também para trocar umas palavras com seus pais. Dirigiu até o bairro do sul e era bom, a cidade pequena ainda não era dividida por classe social de acordo com a região, como em cidades grandes.

Dona Maria, mãe de Clara, gostou da apresentação de Coronel, mais até que do próprio rapaz. Narciso, seu pai, ainda estava trabalhando e sentiu alívio por isso. Dona Tereza achou o senhor alto e forte galante, soltou alguns suspiros quando ninguém estava vendo, seu marido Joaquim estava trabalhando com o marido de Dona Maria e também não estava ali para advertir as meninas no modo pai protetor, só Deus sabia o que poderia ter acontecido.

As mães viram suas filhas entrarem na picape vermelha e ficarem pequenininhos no fim da rua, enfim suas bebês estavam crescendo, pensaram.

Chegando lá o grande portão de ferro se abriu para o longo caminho de calçada todo arborizado, algumas árvores só dariam sombra nos dias quentes de verão, e outras frutos comuns como goiaba e tangerina. As amigas ficaram encantadas e tinham muito que ver ainda.

— Incrível, não é meninas? Vou estacionar aqui e os meninos mostram o restante, vou ver o que a mãe de vocês precisa de ajuda.

Todos concordaram e o senhor saiu do carro deixando a porta aberta para saírem em seguida. O último saiu e bateu a porta e Diego conduziu um tour pela casa grande, sua mãe tinha muito orgulho e sempre fazia questão que as visitas conhecessem. Seu pai sendo da Marinha Brasileira conseguiu dar uma vida confortável para sua família e assim eles tinham uma casa confortável com coisas que a maioria das pessoas não tinham.

A casa em si não era muito grande, mas foi bem planejada para ocupar o terreno acidentado criando vários desníveis internos, os quartos acima com vista para o mar e sala com sacada para a rua e os demais cômodos abaixo. Construída em modelo de casa praiano ela leva materiais como tijolo à vista nas paredes, pedra para fundação e detalhes em madeira envernizada nas venezianas, assim como os móveis de madeira maciça, já as paredes rebocadas levam pintura em branco.

— Vamos por aqui — Diego conduziu as meninas para a porta principal.

A entrada principal é invertida voltada para a sala de estar e TV no segundo piso, dali uma escada rodeia a casa por fora para o primeiro piso e quintal, enquanto uma segunda escada desce reto da porta principal até a cozinha. Entrando na sala, de frente a grande estante de madeira maciça, há dois sofás coloniais em tons de marrom dando um ar de amplitude ao ambiente, entre eles um tapete persa cobrindo quase todo o piso de madeira polido, as grandes porta janela estava entreaberta deixando uma leve brisa balançar as cortinas voil brancas.

— Olha Amélia, que lindos — Clara apontou para uma enorme coleção de brinquedos dispostos nas prateleiras da estante, eles vinham dentro de um ovo de chocolate e estavam separados por coleção.

— Que incrível, eu tenho alguns, mas essa coleção é irada!

— Minha mãe quem coleciona — Rodrigo disse sem graça — não comemos tudo isso sozinhos, tem da geração das nossas irmãs também.

— Quem quer conhecer o quarto dos meninos? — Amélia distraiu o grupo.

— Vamos lá, então — Rodrigo foi na frente e abriu a porta do seu quarto.

Era um quarto comum de menino daquela época que foi organizado pela mãe horas antes da chegada das meninas, claro. Mas os posters de bandas de rock permaneceriam coladas nas paredes, assim como os adesivos nas portas do guarda-roupas. Em cima da escrivaninha ainda tinham porta CDs com todas as bandas que Rodrigo escutava no seu disk man com os fones devidamente enrolados pela sua mãe.

— Você curte todas essas bandas?

— Curto sim, Clara, quer ouvir? Escolhe um.

Clara passou os dedos pelo Metallica, Nirvana, The Who, Scorpions, Ramones e parou em cima do Guns N'Roses, seu favorito nessa seleção. Ele então sentou na cama e puxou a sentar do seu lado, Diego continuou em pé, mas puxou a cadeira da escrivaninha para Amélia sentar, a jaqueta de couro de Rodrigo estava pendurada no encosto da cadeira e ao sentar Amélia sentiu o perfume de Rodrigo exalar da jaqueta, e era bom. Posicionou os fones no ouvido de Clara e ligou o aparelho dando play, pois o CD já estava ali. Clara ouvia muita música, para qualquer tipo de tarefa e gostou de saber que tinham os mesmos gostos. Amélia não dava muita bola e por isso ficou conversando com Diego sobre outro assunto aleatório.

— Aqui é legal, mas quero que vocês vejam outro lugar também, acho que vão gostar mais do que aqui — Diego disse puxando Amélia para se levantar, Clara levantou-se e seguiu o casal.

Desceram as escadas até o quintal entre a casa principal e subiram outra até a área de festas acima da garagem dos barcos, e tudo era revestido por pedaços de azulejos. Essas peças compunham uma construção a parte no finzinho do terreno à beira mar.

— Aqui é tão lindo e calmo — Clara observou, ela caminhou até o peitoril de frente para o mar apoiando os cotovelos no parapeito, a brisa agitada fazia seus cabelos balançarem ao seu redor e sua pele se arrepiou. Amélia sentou um pouco afastada da amiga no banco de concreto e recostada na mesa de refeição.

A maré estava preia-mar e as ondas batiam nas paredes de pedra que guardavam a estrutura da casa do mar. Nisso Rodrigo a abraçou por trás para que pudessem ver juntos a vista usando seu corpo para aquecê-la. Diego estava sentado ao lado de Amélia, ele se aproximou mais da moça tentado criar um momento romântico, ela queria poder resistir e desmascarar os dois irmãos ali naquele momento, mas suas emoções a traíram e a dominaram. Resolveu deixar de lado essa perseguição pela verdade e curtir a noite estrelada junto com a amiga e principalmente com Diego. Depois desse ponto ela não prestou mais atenção no outro casal, não importava afinal.

A respiração quente de Diego em seu pescoço fez ela voltar à realidade de seus pensamentos, bastou ela virar o rosto para encontrar os lábios do rapaz bem próximos do dela. Decidiu também que iria tirar proveito da situação, era o primeiro rapaz que ela tinha tamanha intimidade. Diego passou um braço pelo ombro de Amélia para que pudesse segurar sua nuca, fazendo a moça se arrepiar com o toque, toque esse em sua pele sedosa que o fez desejar plantar beijos ali e foi o que fez e a moça não o evitou. Ela gostou e se permitiu entreabrir os lábios para soltar pequenos suspiros de prazer misturados à sua respiração. Com o outro braço Diego segurou em sua cintura, puxando um pouco para perto de si, conforme ele mesmo se impulsionava para mais perto dela. Não demorou que seus lábios se grudassem de uma forma urgente, mesmo desajeitada Amélia seguia as instruções do rapaz, principalmente quando sua língua pediu entrada, a moça não sabia como fazer, mas se deixou levar. Rodrigo e Clara não estavam muito longe desse ponto também, e um barulho lá embaixo fez com que os dois casais se desgrudassem ofegantes.

— Acho que precisamos ir, Clara — Amélia se desvencilhou do abraço de Diego para chamar a atenção da amiga.

Clara concordou com o olhar da amiga e logo aquele ar de romance deu lugar as brincadeiras e divertimento na conversa do quarteto enquanto desciam as escadas, Coronel e Cecília aguardavam no quintal ao lado da casa principal com a mesa posta para um jantar divertido e descontraído ao ar livre, o sol já estava indo embora então ascenderam luzes ao redor para compensar a falta de iluminação.

A família anfitriã serviu diversos pratos que as amigas gostavam, isso foi trabalho dos meninos de sondar as preferências das meninas. Na travessa tinha lasanha de frango com molho branco, na caçarola de ferro camarão refogado de tirar o chapéu, além de arroz branco, farofa caseira com bacon e feijão vermelho para acompanhar. Coronel abriu uma garrafa de vinho tinto para si e sua mulher, e pediu para Diego abrir uma garrafa de refrigerante para eles.

— Eu e Amélia gostamos muito de sua companhia senhor e senhora Silva — Clara disse envergonhada ao se despedir. Amélia fez um sinal que estava de acordo com o que a amiga falou por ela.

No fim da noite e antes do horário combinado Rodrigo e Diego deixaram as meninas em casa, e na volta passaram na casa de Henrique que estava dando sua festinha semanal. Lá dispunham de bebidas alcoólicas e cigarros, tanto de tabaco quanto de maconha, Henrique enrolava um no momento em que os irmãos chegaram.

— As princesas chegaram finalmente então — Henrique pausou a fala para passar a língua na seda para selar o baseado —, como foi o encontro com aquelas gatinhas?

Das inúmeras coisas que Rodrigo escondia de Clara, era o uso de drogas. O álcool estava presente em todos os finais de semana ou em todas as festas que frequentava durante a semana, e era só o começo. Ele tinha a sua turma de festa e quando não estava bebendo com seus amigos, estava com Clara — como na última semana —, e seus amigos sabiam disso.

— Rô está apaixonado! — eles falavam para tentar tirar algo dele. Luna ascendeu o cigarro de erva observando a reação do amigo colorido.

Claro que ele mentia, percebendo suas intenções com a resposta e principalmente sob o olhar de Luana, dizendo que era apenas para experimentar uma transa diferente. O assunto morria, e ninguém acreditava no rapaz. Mas até quando ele conseguiria esconder dos outros e dele mesmo o que sentia?

PRÓXIMO CAPÍTULO DISPONÍVEL:
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A consciência descansa, mas um dia acorda e pesa.

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Na segunda feira, Clara acordou disposta para essa última semana de aula. Acordou cedo, vestiu o uniforme da escola pela última vez, saia de prega xadrez preta, camisa gola polo branca e tênis também preto. Depois do café encontrou com sua amiga e confidente Amélia e caminharam sorridentes pelo mesmo trajeto por ruas estreitas com calçamento sextavado que fizeram durante o ano inteiro.

Chegando na escola havia muito barulho com crianças correndo pelo pátio ou em grupinhos brincando de pular com elásticos, os corredores tinham alunos conversando enquanto aguardavam o sinal de início das aulas. Foram direto para sua sala e procuraram por seus colegas de turma, que conversavam desanimados pelas provas finais.

— Alegria gente, — Amélia tentou animar — logo estaremos em férias, curtindo a praia e sombra fresca!

Doug olhou para Catarina descrendo nas palavras da amiga apoiando a cabeça nos braços em cima da mesa escolar em um claro sinal de tédio. Peu recostou na cadeira e colocou os pés cruzados em cima da carteira.

Esses eram os melhores amigos de Clara e Amélia desde o início escolar, pois suas famílias nasceram e cresceram ali, inclusive frequentaram a única escola da cidade, Escola Municipal Hercílio Luz de Pedra Grande. Petry, carinhosamente apelidado de "Peu", era um rapaz magro e mais alto do que a maioria dos rapazes da sua idade, ao contrário de Douglas, chamado pelos amigos de "Doug", que é roliço e baixinho. Catarina é uma garota ruiva e sardenta de cabelos volumosos e encaracolados.

A primeira aula iniciou e então as amigas sentiram o desânimo recair sobre seus ombros também. Elas não eram as melhores da turma, e por isso estavam ali fazendo as provas finais, para recuperar as notas que não conseguiram atingir durante os quatro bimestres escolares. Tinham estudado aquelas questões o ano inteiro, mas se no tempo certo já foi difícil, imagina tudo junto em uma prova só?

• ◆ •

Acordar cedo não era o forte de Rodrigo, ainda mais depois de um fim de semana inteiro de bebedeira, que iniciou na sexta-feira e finalizou na segunda de madrugada.

Eram quase dez da manhã de segunda e ele ainda estava estirado em sua cama, alguém que visse a cena diria que ele estava morto. Pela boca entreaberta escorria um fio de saliva que molhava seu travesseiro, seus braços largados ao redor do corpo, um reto e outro flexionado — assim como suas pernas —, com as palmas viradas para cima, e suas nádegas ligeiramente empinadas.

"Ele vai ter uma dor nas costas daquelas quando acordar", seu irmão pensou ao entrar no quarto, depois de bater na porta diversas vezes sem sucesso em acordar Rodrigo e ver a cena. Decidiu sair e deixá-lo acordar sozinho dessa vez, eles só teriam aula à noite, que por ventura era semana de provas finais também, assim como as amigas.

As amigas. Um flashback veio em sua mente da noite em que ele as conhecera. Ele beijou a Amélia, uma moça linda e doce, mas pensava em Clara naquele momento, um misto de alegria e choque passou pelo seu corpo ao vê-las na praia, estava tão perto e tão longe ao mesmo tempo. Desceu as escadas seguindo as marteladas que vinha da marina, nos fundos da residência.

A casa dos seus pais era bem privilegiada, pois tinha frente com a via lateral da rodovia que ligava o país de norte a sul e de fundos para o mar, tendo uma pequena marina particular para um ou dois barcos pequenos. O barulho era de seu pai, o Coronel Orlando Silva, consertando um dos barcos, o mar estava em baixa-mar naquela hora, então dava para se transitar ali à pés secos. Ele pregava algo dentro de um dos barcos que ele usava para pescar, era seu hobby quando estava em casa.

— Bom dia, filho — o Coronel tirou os olhos do que estava fazendo apenas para olhar para seu filho, pausou seus movimentos precisos com o martelo enquanto fazia esse gesto.

— Bom dia, pai — ele devolveu o cumprimento entrando na garagem dos barcos. Era como uma garagem de carros, porém na preia-mar a garagem alagava de um metro a dois, sendo somente acessível de barco e sendo perigoso transitar a nado.

— Como foi o fim de semana? Mal vi você e seu irmão — seu pai falava calmamente, mas era impossível não perceber o tom forte vindo de anos à frente de comando.

— Foi bom pai, eu e o mano fomos naquela danceteria e conhecemos duas amigas — ele sempre contava tudo para seu pai que tornou o que estava fazendo.

— Contanto que elas mantenham vocês dois longe de festas, drogas e confusão, eu não vejo problema. — ele esboçou um sorriso sincero, que Diego retribuiu na mesma intensidade.

Diego era o filho bom, precavido e estudioso. Rodrigo, mesmo sendo o mais velho sempre foi o mais rebelde. Não que Coronel Silva e sua mulher amassem mais um filho do que o outro, mas eles eram assim e isso os diferenciava em grande escala.

— Eu preciso ir no centro, quer uma carona? — Diego concordou, queria ser útil em alguma coisa.

Seguiram com a picape vermelha pelo único trajeto até chegar no centro da cidade. Seu pai passou na Casa de Pesca para comprar uns itens que precisava substituir, o velho que atendia era seu amigo de infância e serviram juntos na mesma infantaria, até Coronel subir de patente. Depois foram até a Casa do Ferramenteiro, precisava fazer uma reforma na garagem do barco e não tinha as ferramentas necessárias, lá o neto do dono os atenderam com menos experiência do que seu avô, que faleceu anos atrás. E por fim no Mercado Municipal, que ficava em frente à escola onde ele estuda e as amigas também.

Pensava nelas quando ouviu a familiar risada saindo do portão da escola, a picape estava estacionada do outro lado da rua, em frente ao mercado. Rapidamente e sem pensar duas vezes, ele abriu a porta da picape e atravessou a rua correndo em direção de Clara.

— Clara, Amélia, oi meninas.

Ele ficou sem jeito assim que se dera conta do que havia feito. As moças o cumprimentaram de volta, Amélia abriu um sorriso ao ver seu ficante, e ele percebeu o quão linda ela estava naquele dia, mesmo sob o uniforme e não pode se conter em dar um beijo doce nela, quando uma brisa bateu sentiu melhor o seu cheiro adocicado, poderia ser baunilha. Entrou em devaneios se esquecendo completamente que Clara estava ali bem ao lado. Trocaram palavras desajeitadas de nervosismo, mas combinaram de se encontrar nessa mesma hora no dia seguinte, ele prometeu a Clara que ia trazer seu irmão.

Seu pai buzinou nesse momento, fazendo o rapaz ansioso sentir um leve sobressalto, se despedindo rapidamente das amigas e correndo para o banco do passageiro. Ouviu risadinhas depois que acenou pela janela e seu pai deu a partida. Pensou estar fazendo papel de trouxa, mas era apenas seu nervosismo. Seu pai percebeu, ora, ele mesmo já havia passado por essa fase e agora se divertia, mas não falou nada, bastava só ele descobrir se o filho mais velho também estava apaixonado.

• ◆ • 

No dia seguinte e na hora combinada, os irmãos estavam em frente ao mercado para seu primeiro encontro com as amigas. Rodrigo vestia uma regata branca que destacavam seu corpo forte e bermuda de praia colorida psicodélica, enquanto Diego usava camiseta preta de banda e bermuda jeans.

O sinal bateu, e o coração de Diego apertou. Rodrigo estava ansioso também, mas nada fora do normal, era a ansiedade de poder ter Clara em seus braços, sentir seu cheiro e seu gosto, mas nada sentimental como Diego.

Clara, que passou várias horas do seu dia desde o dia anterior pensando em Rodrigo e seu jeito misterioso e lembrando do beijo, abriu um sorriso alegre ao ver os irmãos caminhando até elas quando atravessaram o portão de saída da escola. Era um misto de sentimentos que a moça sentia, e que com sua falta de experiência, era difícil decifrar. Algo em seu peito lhe passava uma mensagem, mas ela não conseguia entender.

Sua amiga, no entanto, não se sentia da mesma maneira e quase podia jurar que o brilho no olhar de Diego não era por vê-la. Nessa posição ela podia ver claramente o que estava acontecendo entre os irmãos, uma singela disputa pela atenção de sua amiga Clara, ela estava no jogo apenas por distração, como uma ponte até o alvo. Ao tirar essa conclusão sentiu o peito doer, como se tivesse sido traída, não pela inocência da amiga, mas pelos dois rapazes que faziam isso descaradamente, achando que ninguém ia perceber.

Voltando seus pensamentos à realidade com um sorriso torto ela como amiga tinha que fazer algo, se sentia na obrigação de tomar uma atitude. A grande dúvida era como faria isso, pois se falasse diretamente com Clara, ela poderia ver isso com maus olhos, como se a amiga estivesse vendo coisas por sentir inveja.

— Oi Mel — Diego chamou por sua atenção carinhosamente com uma mão em seu rosto, pois percebeu que ela estava pensativa, ela forçou esboçar um sorriso e antes dele passar a outra mão em sua cintura — um sinal de que ia a beijar. Chamando a atenção da amiga disse que precisavam ir para casa, pois não podiam se atrasar, mas não antes de Clara marcar encontro para os dias seguintes.

A mãe de Clara notou sua filha mais alegre essa semana, mas o porquê era um total mistério. A mãe de Amélia, por sua vez, percebia a filha mais preocupada.

PRÓXIMO CAPÍTULO DISPONÍVEL:
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