═══ • ◆ • ═══ O destino é traiçoeiro, mas o que está escrito nas estrelas sempre se cumpre ═══ • ◆ • ═══ • Madrugada, depois do reencontro n...

• Vinte e Oito •


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O destino é traiçoeiro, mas o que está escrito nas estrelas sempre se cumpre

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• Madrugada, depois do reencontro no bar de Henrique •


Camille chegou em casa com sua mãe e, antes de dormir, checou as notificações, encontrando uma enxurrada de mensagens de Dominic.




Camille franziu a testa, confusa. 'Como assim, armaram?'



Foi então que caiu a ficha. Ela sabia que havia algo no passado de sua mãe, mas ninguém falava nada e ela sempre percebia que quando sua mãe e sua tia conversavam o assunto mudava quando ela se aproximava. Então era isso, era Diego. Talvez um namorado da adolescência?



Percebeu o quão sensível era seu namorado, por se importar tanto com Diego que nem era parente de sangue, apenas amigo de infância do seu pai. Primeiro sentiu um ponta de raiva por ele ter se metido nos assuntos de família, mas depois que entendeu sua posição, seu coração amoleceu por ele.




Camille terminou de digitar a mensagem com o pouco de sono que tinha e apagou imediatamente sob o aconchego dos seus lençóis de cetim perolizado.


• Manhã seguinte, no cemitério •


Sentindo os ombros mais leves, como se um fardo invisível tivesse sido retirado, Clara caminhou para fora do cemitério, decidida a não fazer mais promessas que não pudesse cumprir. Exalou um suspiro de alívio e apertou o botão do controle, destravando o carro.


— Oi, Clara — a voz de Diego a surpreendeu, ele aproximava com um buquê de tulipas rosas, suas favoritas.


— Oi, Diego — no primeiro momento, Clara pensou que ele estaria ali com o mesmo propósito que ela, mas a expressão nervosa de Diego a fez perceber que havia algo mais. Sorriu.


— Eu estava indo até sua casa para conversar com você, e passando aqui na frente, vi seu carro estacionado e resolvi esperar — ele passou uma mão pela nuca, em um gesto nervoso. — Estas flores são para você — estendeu o braço, oferecendo o buquê.


Clara segurou as tulipas com delicadeza, inalando o perfume suave. — Vamos, eu também preciso conversar com você.


Diego abriu a porta do carro para ela, um sorriso tímido iluminando seu rosto. — Podemos nos encontrar no bar do Henrique, está vazio a essa hora.


Clara assentiu, retribuindo o sorriso. Pousou o buquê no banco do passageiro e seguiu Diego em seu carro, o som suave de uma música lounge preenchendo o silêncio. Precisava organizar seus pensamentos. Ao chegarem, Diego estacionou em uma vaga privativa e fez um sinal para que ela o seguisse.


Entrando em uma porta passando por alguns corredores chegaram ao salão que diferente da noite passada, agora estava silencioso e com as luzes apagadas, apenas os raios do sol entravam pelas largas janelas de vidro. O tac, tac, tac dos saltos ecoava alto, preenchendo o ambiente.


— Quer beber algo? Posso preparar o que quiser.


— Quero ter uma conversa sóbria com você dessa vez — deu um sorriso travesso lembrando da noite na fogueira —, então só água, por favor.


— Ah ok —  virou-se rindo para esconder o rubor em seu rosto, lembrando da mesma noite. Disse por cima dos ombros — Sente-se, que eu já volto!


Minutos depois Diego retornou com dois copos com gelo e duas garrafinhas de água mineral. Sentou de frente para ela, justamente ela escolhe a mesma mesa da noite anterior, algo naquele lustre lhe chamava a atenção. Diego percebeu que ela o encarava e o acendeu, iluminando ainda mais o seu rosto. Sentou novamente e lhe serviu.


— Eu tenho tantas perguntas, Clara. Mas não tenho certeza se você vai responder. — Diego fechou a tampa da última garrafinha, o som plástico ecoando no silêncio entre eles, e mirou seus olhos nos dela. Clara acompanhava seus movimentos lentos e precisos, o coração acelerado.


— Pode perguntar, eu prometo ser o mais direta e sincera possível — apoiou os cotovelos na mesa para segurar o queixo.


— Clara, eu preciso saber... por que você foi embora de repente? — A pergunta pairou no ar, densa e carregada de emoção. O clima mudou rapidamente, algo que já era previsto por Clara, mas ouvir diretamente de Diego a fez, de repente, voltar no tempo e sentir toda a pressão novamente. Ela desviou o olhar, as lágrimas marejando seus olhos antes de responder.


— Diego, eu... eu não sabia o que fazer — olhou ao redor parecendo perdida.


Diego sabia que precisava perguntar mais para fazê-la abrir seu coração, para que finalmente entendesse completamente a situação. Seu tom era doce e calmo, como se limpasse uma ferida aberta.


— O que foi aquela noite para você, Clara? Depois da festa da loja do Rodrigo?


— Nós... nós nos entregamos um ao outro. Para mim, Diego, foi um momento de paixão, de amor...


Diego parou para pensar um pouco, tentando processar as palavras de Clara.


— Certo... Para mim também. E depois? — Seu ciúme agora era evidente. —  De repente, você foi embora com Caio!


Clara bebeu um gole de água, a garganta seca pela tensão. — Eu descobri que estava grávida. Grávida de você.


Diego ficou paralisado, a notícia o atingindo como um soco no estômago. Ele havia ouvido boatos sobre a gravidez de Clara, mas sempre os descartara, acreditando que o filho era de Caio. A revelação de Clara o deixou sem fôlego, a raiva fervendo em suas veias. Levantou-se bruscamente, arrastando a cadeira para trás, o som estridente ecoando no silêncio do bar.


— Um filho meu? Clara, por que você não me disse? Eu tinha o direito de saber! — Seus olhos, antes marejados, agora flamejavam de raiva e dor.


— Eu estava com medo, Diego. — As lágrimas escorriam pelo rosto de Clara, silenciosas e dolorosas. — Medo de te perder, medo de perder a Amélia. Eu fiz uma promessa para ela.


— Que promessa? — Diego franziu o cenho, confuso e magoado. Clara desviou o olhar.


— Que nunca mais te procuraria. — A revelação caiu como uma bomba, explodindo o mundo de Diego em mil pedaços. Ele se sentiu traído, enganado, roubado. 'Não acredito que Amélia fez isso', pensou ele, incrédulo. 'Eu não a conhecia completamente. Não imaginava o quanto ela era obsessiva e manipuladora a esse ponto.' A raiva, antes contida, explodiu em um grito selvagem, rasgando o silêncio do bar. Diego começou a andar em círculos, tentando processar a informação, a tensão se dissipando aos poucos. 


— Então foi por isso que você foi para a Europa? — perguntou com a voz mansa.


— Sim, Diego. Eu tentei te esquecer, mas não consegui. Se eu ficasse, sabia que voltaria para você, e não podia ser egoísta e colocar a vida do nosso bebê em risco. Camille foi um presente, um pedido realizado por uma estrela cadente. Eu faria qualquer coisa por ela.


Diego se ajoelhou ao lado de Clara, seus olhos ternos e marejados buscando os dela. — Clara, você só queria o melhor para nossa filha. Eu te entendo, e estou aqui agora, disposto a recuperar cada segundo perdido, se você me permitir. Sem ressentimentos, sem mágoas, apenas amor.


As palavras de Diego ecoaram no coração de Clara, como um dia de sol no verão — Eu te amo, Clara.


Ele ergueu as mãos de Clara, beijando-as com fervor. — Eu nunca deixei de te amar.


Um soluço escapou dos lábios de Clara, a emoção transbordando em lágrimas de alegria. Diego ergueu-se, aproximando-se dela, seus lábios se encontrando em um beijo urgente, faminto, como se quisessem recuperar o tempo perdido.


— Me perdoa por não ter te procurado, Clara. Fui covarde, deveria ter lutado por nós.


— Não, Diego, você não fez nada de errado — Clara suplicou, a voz embargada pelo choro. — Me perdoa por ter te deixado, por ter te afastado da nossa filha.


Diego a abraçou com força, apertando-a contra o peito, como se quisesse protegê-la de toda a dor do mundo. — Eu te perdoo, Clara. Você era apenas uma menina, assustada e confusa. Eu nem consigo imaginar o que você passou. Tenho muito a agradecer a Caio, por ter cuidado de você e da nossa filha, por ter feito o que eu não tive coragem de fazer.


As lágrimas de Clara haviam cessado, mas seus olhos ainda brilhavam com a emoção do momento. Diego, com um toque suave, enxugou as últimas lágrimas que teimavam em rolar por seu rosto. Com um toque suave, guiou-a até a cadeira ao lado, onde poderiam compartilhar o silêncio e a proximidade.


— Mas agora eu estou aqui, Clara — ele disse, a voz embargada pela emoção. — Vamos recomeçar? Vamos construir um futuro juntos?


Um sorriso radiante iluminou o rosto de Clara, as lágrimas de alegria escorrendo por suas bochechas. — Sim, Diego. Vamos recomeçar.


O silêncio que se seguiu foi preenchido pela promessa de um novo começo. Diego, com um olhar apaixonado, segurou as mãos de Clara, entrelaçando seus dedos.


— Prometo que farei de tudo para te fazer feliz, Clara. Prometo que serei o pai que Camille sempre mereceu.


Clara assentiu, a voz embargada pela emoção. — Eu acredito em você, Diego. Eu acredito em nós.


Eles se abraçaram ainda mais forte, como se temessem que o momento mágico pudesse se dissipar. O futuro, antes incerto, agora se apresentava como um caminho promissor, onde o amor e a esperança guiavam seus passos.


Um sonoro 'oinc' ecoou pelo bar, quebrando o silêncio cúmplice.


— Desculpa, Diego — Clara corou, envergonhada com a mão na frente do rosto. — Acordei tão desolada que nem consegui tomar café da manhã. Estou faminta!


Diego explodiu em risadas, um som contagiante que preencheu o ambiente. Clara sorriu, aliviada por quebrar a tensão.


— Vou preparar algo para a gente comer — Diego a guiou pela mão, seus dedos entrelaçados, seus corpos emanando um calor que fazia suas mãos suarem. — Temos muito tempo até os funcionários começarem a chegar.


A cozinha, antes um mistério para Clara, agora se revelava como um palco para um novo começo. O cheiro do suco de morango e camarão fresco pairava no ar, convidando-os a desfrutar daquele momento.


— Você tem planos para a tarde? — Diego perguntou, enquanto enxugava os pratos que haviam servido uma refeição deliciosa. Clara, com os olhos fixos nos braços flexionados de Diego, hesitou por um momento.


— E pior que tenho — respondeu, um bico triste se formando em seus lábios. — Tem o desafio de surf do Henrique.


— Ah, é mesmo! — Diego exclamou, batendo na testa com a palma da mão. Olhou para o relógio de pulso. — Mas ainda temos tempo... — Com um movimento rápido, pressionou Clara contra a pia, seus lábios se encontrando em um beijo profundo e apaixonado, que fez as pernas de Clara bambearem. — Vem, vou te mostrar minha casa.


De mãos dadas, eles saíram do bar com o carro de Diego. O trajeto até a casa dele foi curto, o bairro não era grande e sua casa era próximo dali. Ao entrarem, a residência se transformou em um refúgio de amor e paixão. Beijos, carícias e suspiros preencheram cada cômodo. Entre um toque e outro, Diego parou, seus olhos brilhando como uma criança travessa prestes a fazer travessuras.


— Você ainda pode engravidar? Seria maravilhoso termos mais uma menina... ou quem sabe um menino!


Clara corou, um sorriso tímido se formando em seus lábios. — Diego! — Ela deu um tapinha de leve no ombro dele, a vergonha misturada com a alegria.


Risadas, gemidos e suspiros ecoaram pela casa, enquanto eles se entregavam ao prazer, celebrando o reencontro de suas almas.


 PRÓXIMO CAPÍTULO DISPONÍVEL:

• VINTE E NOVE

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