Novela ASCENDENTE
Olá, leitores queridos! Quer ter sua opinião estampada na capa do meu livro e ainda ganhar um exemplar impresso + brindes exclusivos? Lei...
Olá, leitores queridos! Quer ter sua opinião estampada na capa do meu livro e ainda ganhar um exemplar impresso + brindes exclusivos? Lei...
═══ • ◆ • ═══ Mesmo nas incertezas, a luz do novo dia sempre acende a promessa de que o melhor ainda está por vir...
═══ • ◆ • ═══ Tudo na vida um dia passa, e hoje, os dias ruins são apenas capítulos de uma história que me fortaleceu e que mo...
═══ • ◆ • ═══
Tudo na vida um dia passa,
e hoje, os dias ruins são apenas capítulos
de
uma história que me fortaleceu
e que moldará minhas escolhas futuras.
═══ • ◆ • ═══
O som abafado das conversas animadas e os tropeços ocasionais de alguém com uma bebida a mais mal chegavam aos ouvidos de Camille. Acomodada em sua cadeira de praia, o namorado a seu lado era quase uma figura coadjuvante em seu universo momentâneo. Seus olhos seguiam Diego discretamente, enquanto uma corrente de pensamentos a envolvia. Era uma busca silenciosa por respostas, uma intuição crescente de que a verdade, como um rio calmo encontrando o mar, logo fluiria inevitavelmente até ela.
"Diego... meu pai? Impossível!" A frase ecoou em sua mente, confrontando a lógica. Mas a lembrança das palavras da avó sobre o passado de sua mãe a assaltou. A chegada repentina e suspeita de Luana e Rodrigo. Uma ponta de desconfiança a picou. O que ligava aqueles dois irmãos a Luana? E por que o ciúme possessivo dela em relação à sua mãe?
Uma teoria começou a tomar forma, hesitante a princípio: "E se... minha mãe e Rodrigo tiveram algo? Enquanto ele e Luana ainda...?" A possibilidade a surpreendeu pela simplicidade. "Meu Deus... se for isso, tudo faz sentido. Mas Diego... ele ainda é a sombra nessa história."
O pensamento a atingiu com um impacto quase físico, fazendo-a tropeçar levemente. "Ahá!"
— Amor, tudo certo? — A mão de Dominic tocou seu braço com ternura, seus olhos demonstrando genuína preocupação.
— Sim, sim — apressou-se Camille, buscando uma desculpa rápida enquanto seus olhos vagavam para o oceano. — Só... tentei me esticar para ver... sabe... juro que vi um brilho estranho ali! Parecia a barbatana de um golfinho!
Dominic franziu a testa, mas logo relaxou. — Golfinhos por aqui? Não é comum nessa época, mas acontece. Fica de olho e cuida para não cair.
Com um beijo rápido na bochecha de Dominic, Camille se afastou com a desculpa da bebida, a mente já mergulhada em suas próprias conclusões.
"Onde é que minha cabeça estava? Ah, sim! A peça final... mamãe e Diego... uma traição às costas do Rodrigo! Tem que ser isso!" Uma confusão turva seus pensamentos, misturada a uma crescente sensação de choque.
"Mas... se essa for a verdade... tudo que eu vivi... foi baseado em uma mentira?" A figura de Caio surgiu em sua mente, envolta em um brilho de afeto genuíno. Seu amor por elas, sua dedicação... um nó se formou em sua garganta. Uma súbita sensação de perda a invadiu, como se algo fundamental tivesse sido arrancado de dentro dela.
Então... a mamãe enganou o Caio durante todos aqueles anos? Ele sequer suspeitou da verdade antes de..." A frase ficou inacabada, dolorosa demais para ser completada.
Camille sentiu um nó se apertar em seu estômago, uma mistura fria de confusão, choque e a crescente e incômoda sensação de não pertencer à própria história. Aos poucos, como fragmentos de um espelho quebrado se rearranjam, as conversas fragmentadas e as pistas soltas começaram a se encaixar, formando um quadro perturbador que a deixava com a respiração presa.
Engolindo em seco a súbita ansiedade, pediu licença ao seu grupo com um sorriso forçado que não alcançou os olhos e marchou determinada em direção à sua mãe. Clara conversava animadamente com Dalila, o riso vibrante contrastando com a quietude tensa que se instalava em Camille a cada passo. Diego estava ao lado, um observador silencioso.
— Mãe — a voz de Camille saiu mais firme do que ela esperava —, você e o Diego... vocês eram muito amigos antes de conhecer o papai, não eram?
O som das risadas ao redor pareceu se abafar, como se o próprio ar prendesse a respiração. O sorriso de Clara se esfacelou, a alegria em seus olhos dando lugar a um brilho fugaz de pânico. Seus lábios se separaram levemente, como se uma palavra proibida estivesse prestes a escapar. Seus olhos, antes fixos nos de Camille, desviaram por uma fração de segundo para Diego, que paralisou o movimento da mão ao erguer o copo. Ele apenas acenou positivamente, um olhar calmo e carregado de uma promessa silenciosa, um fio de apoio que, ironicamente, intensificou a confusão no peito de Camille.
Camille observou a máscara de normalidade escorregar do rosto de sua mãe. Aquele breve vacilo no sorriso, o desvio de olhar... tudo gritava uma resposta não dita. Antes que pudesse insistir, Clara tomou a iniciativa, sua mão encontrando com a dela, entrelaçou seus dedos nos de Camille e a conduziu suavemente para um canto mais isolado na areia, longe do barulho da festa. — Precisamos conversar — murmurou, o tom de voz hesitante, quase inaudível.
Elas pararam, agora uma de frente para a outra, os olhos fixos.
— Filha, — seu tom era cauteloso e apreensivo, sua voz, apesar do esforço para manter a compostura, vacilava, as palavras escapando hesitantes — eu queria muito te contar isso há muito tempo e aqui nesse momento não era exatamente o que eu estava planejando, mas... — Clara desviou o olhar para o lado por um breve instante, como se as palavras cruciais estivessem flutuando invisíveis no ar, tentando capturá-las — ...eu precisava concertar algumas coisas antes disso e por isso demorei demais. Eu preciso que me escute agora, com o coração aberto, filha.
— Camille, antes de tudo eu quero que saiba que seu pai sempre te amou profundamente — uma lágrima solitária cintilou em seu rosto antes de cair, silenciosa. Ela jurou proteger seu bebê desde que descobriu que estava gravida e Caio a apoiou em todas as suas decisões sem piscar.
Comovida, Camille segurou as mãos trêmulas de sua mãe, seus próprios dedos apertando-as em um gesto de apoio.
Comovida, Camille segurou as mãos trêmulas da progenitora, os seus próprios dedos apertando as dela em um gesto de apoio.
— Sim, mãe, eu sei... Eu sempre soube o quanto o pai me amou, o quanto ele nos amou. O seu carinho nunca me deixou dúvidas sobre o lugar que eu ocupava no coração dele.
Clara respirou fundo, umedecendo os lábios antes de prosseguir. — Mas acontece que... o Diego é seu verdadeiro pai...
Um breve silêncio se instalou, carregado de uma compreensão que já florescia em Camille. — Eu sei, mãe. Eu já desconfiava... as coisas que a vovó me contou, a chegada do Rodrigo... as peças foram se encaixando. Ouvir você dizer agora... torna tudo mais concreto.
Lendo as expressões à distância e imaginando que a conversa se prolongaria, Diego se aproximou discretamente. Ele deu uma desculpa para que ninguém as incomodasse e trouxe cadeiras de praia e toalhas para que não sentissem frio, pois o clima estava virando e trazendo um vento gelado.
Camille observou seus movimentos. Ela começou a notar algumas semelhanças: o modo como ele segurava as cadeiras e as toalhas, a forma de seus dedos. Quando ele colocou a toalha por cima dos ombros de Camille, seus olhos se encontraram por um instante. Nesse breve contato, Camille notou uma pequena marca escura em sua bochecha, logo abaixo da orelha: uma pinta em forma de coração, igualzinha à sua. Naquele olhar, Camille sentiu amor e acalento, tudo o que ela precisava naquele momento. Diego sorriu suavemente e se afastou, para que mãe e filha pudessem continuar sua conversa em particular.
— Eu sei que tudo isso parece um nó na sua cabeça, meu amor, mas se você ouvir a minha história, entenderá que cada passo, cada decisão, foi tomada com a melhor das intenções, da forma que eu acreditei ser a mais segura, buscando proteger você acima de tudo. Há algo que nunca contei para ninguém, nem mesmo para Diego... — Uma expressão de intensa curiosidade surgiu no rosto de Camille, misturada a um afeto crescente. Ela apertou a mão da mãe, ansiosa por ouvir mais. — ...quando eu era mais jovem, tinha um costume bobo de fazer pedidos às estrelas. E uma noite, com o coração cheio de um amor muito especial, eu pedi uma filha, uma menina que fosse fruto desse amor. E olhando para você hoje, Camille, às vezes sinto que aquela estrela cadente realmente ascendeu o meu pedido e me deu você.
E assim, Clara mergulhou nas lembranças, contando sua história desde o início. Camille permaneceu em silêncio, absorvendo cada detalhe, o calor de suas mãos unidas um conforto silencioso. Para Clara, compartilhar aquela verdade era como libertar um peso sufocante, uma nudez emocional necessária para construir uma nova base com a filha. Ela sentia, com convicção, que era o momento de clareza.
— Por que guardou isso de mim? — A voz de Camille embargou, e duas lágrimas teimosas escaparam, deixando um rastro brilhante em seu rosto. "Minha história... incompleta por tanto tempo." — Eu tento compreender, mãe, as razões que te levaram a isso... mas essa omissão me fez sentir como se eu vivesse em um palco, interpretando um papel sem conhecer o roteiro verdadeiro. — As mãos de Clara emolduraram seu rosto, a preocupação vincando suas feições enquanto seus polegares carinhosamente secavam as lágrimas. O abraço que se seguiu foi um refúgio, um porto seguro onde Camille buscava alívio para a confusão que a consumia.
— Meu coração se aperta por ter esperado tanto para te contar, meu amor — sussurrou Clara, afastando-se para olhar nos olhos da filha, um gesto de ternura ao livrar seus cabelos do emaranhado.
— Eu te amo, mãe. E quando olhei para Diego... havia algo ali... uma bondade silenciosa em seus olhos. Sinto curiosidade em conhecê-lo. "Talvez ali eu encontre respostas... talvez um elo perdido." — Camille limpou as lágrimas persistentes, sentindo o sal em seus lábios. — O amor que dedico ao pai Caio é eterno, um farol em minha vida. Meu amor por você também é inabalável. Mas estou pronta para desvendar essa nova parte da minha história. Preciso de tempo para entender tudo... mas estou aqui. E desejo, mais do que tudo, que encontremos a paz juntas. — Com um pequeno sorriso trêmulo, Camille fortaleceu o aperto na mão da mãe.
═══ • ◆ • ═══
O sol começava sua lenta descida, pintando o céu com tons alaranjados e rosados. A brisa antes quente ganhava uma leve friagem, anunciando o fim de mais um dia à beira-mar. Diego se aproximou de Clara e Camille, que ainda estavam abraçadas, a conversa fluindo em um sussurro íntimo.
— Ei, meninas — disse ele, a voz suave para não quebrar a atmosfera delicada. — O pessoal combinou de subir, tomar uma ducha para tirar o sal e a areia, e depois voltar para o bar para petiscar alguma coisa.
Clara se afastou um pouco de Camille, um sorriso terno nos lábios. — É verdade, já está ficando mais fresco.
Diego olhou para Camille, um calor nos olhos que ela começava a reconhecer. — E eu estava pensando... se vocês quiserem, podemos ir até a minha casa. É mais tranquilo, podemos pedir algo por lá e continuar conversando com mais privacidade. O que acham?
Camille olhou para a mãe, que assentiu com um pequeno sorriso encorajador. Uma curiosidade genuína a invadia. — Eu gostaria, Diego.
O caminho até a casa de Diego foi curto, mas carregado de uma expectativa silenciosa. Ao chegarem, Camille observou o lugar com atenção. Era uma casa aconchegante, com uma varanda convidativa repleta de plantas e uma decoração que misturava elementos náuticos e modernos, com toques pessoais que denunciavam um espírito acolhedor.
— Que casa linda, Diego! — exclamou Camille, admirando um quadro com uma fotografia de uma onda perfeita.
— Eu adorei também — disse Clara entusiasmada, mas lembrou do motivo de sua distração anterior, quando ela e Diego estavam aos beijos e se agarrando, e abaixou o tom de voz em um sussurro, mais para si mesma — mas não havia reparado muito na decoração na primeira vez que estive aqui...
Diego, que ouviu o comentário de Clara, lançou-lhe um olhar rápido e travesso, um sorriso divertido dançando em seus lábios como uma piada interna compartilhada. No entanto, ele rapidamente direcionou sua atenção de volta para Camille, para que a filha não percebesse a troca de olhares significativa. — Obrigado, Camille. Eu gosto muito daqui. Foi meu refúgio por muitos anos.
Já acomodados na varanda, com o som suave do mar ao fundo, enquanto Clara foi ao banheiro para seu banho, Camille se sentiu à vontade para iniciar a enxurrada de perguntas que borbulhavam em sua mente.
— Então... Diego... — começou ela, a voz um pouco hesitante no início. — Como... como tudo aconteceu? Quero dizer, entre você e a minha mãe? Quando vocês se conheceram?
Diego suspirou levemente, um sorriso nostálgico curvando seus lábios enquanto seu olhar se perdia brevemente em memórias. — Nos corredores da escola, Camille. Clara sempre foi uma mulher incrível, desde aquela época. Nos conhecemos há muito tempo, antes mesmo de Caio e meu irmão, Rodrigo, entrarem na vida dela. Eu me lembro como se fosse ontem. Clara e as amigas dela estavam indo para a biblioteca, ela estava pesquisando para um projeto de arte que estava desenvolvendo, algo sobre a história das cores... Nossos olhares se cruzaram por um instante. Foi rápido, mas... marcante. As amigas dela, espertas como sempre, perceberam o clima e deram um jeito de nos juntar para conversar no intervalo.
A curiosidade de Camille se intensificou. — Então, depois que vocês se separaram... você chegou a procurá-la? Tentou... sei lá... reatar?
Diego suspirou novamente, um traço de melancolia em seu sorriso. — Sim, Camille. Depois que terminamos, houve um período... difícil. Eu sentia muito a falta dela. Quando soube que as coisas não estavam indo bem entre ela e Rodrigo, eu a procurei. Fui sincero, disse que ainda a amava e que, se ela decidisse terminar o relacionamento com ele, eu estava disposto a ficar ao lado dela, a construir algo juntos.
Clara, que ouvia atentamente, tomou a palavra com uma seriedade suave. — Eu me lembro disso, Diego. E eu fui muito clara na minha decisão. Embora houvesse um carinho muito grande entre nós, as circunstâncias... as coisas tinham se complicado de uma forma que me fez sentir que precisava me afastar. Minha escolha foi seguir um caminho diferente.
A atenção de Camille voltou-se para a mãe, absorvendo essa nova informação. Havia uma complexidade nas relações que ela não era capaz de desvendar.
Camille assentiu, o olhar fixo em Diego, buscando respostas em cada linha de seu rosto. Havia uma conexão ali, um laço invisível que ela começava a sentir, mas que ainda era nebuloso.
— E o futuro? — perguntou Camille, a mente já divagando sobre as possibilidades. — Isso muda tudo, não é? O que vamos fazer agora? Vamos ser... uma família? Morar juntos?
Diego olhou para Clara, buscando apoio. Havia uma ternura silenciosa na troca de olhares.
— Estamos todos juntos nisso, Camille, o que for decidido será feito, não quero deixar ambas desconfortáveis, mas também não quero abrir mão de vocês — respondeu Diego, a voz firme, mas carregada de emoção. — Vamos descobrir juntos qual será o nosso futuro. Há muitas perguntas a serem respondidas, muitas conversas a ter. Mas o mais importante é o aqui e agora.
Camille apertou a mão de sua mãe e a outra livre a mão de Diego, sentindo um misto de apreensão e uma estranha sensação de pertencimento. O futuro se apresentava como um quadro inacabado, esperando os traços únicos de cada um para compor uma nova imagem familiar. As respostas para suas inúmeras perguntas seriam descobertas à medida que essa nova e surpreendente fase de sua vida fosse preenchida.
PRÓXIMO CAPÍTULO:
═══ • ◆ • ═══ Em cada onda, um desafio. Em cada manobra, a busca pela glória. ═══ • ◆ • ═══ A luz do sol banhava a costa, e as onda...
Nota 1: "Olha a vaca" é uma gíria comum no vocabulário do surf brasileiro, utilizada como um aviso bem-humorado ou provocativo para alertar alguém que parece estar prestes a cair da prancha ou ser derrubado por uma onda (tomar um caldo). A expressão evoca a imagem de desequilíbrio ou falta de jeito, sendo usada aqui por Liam em tom de brincadeira com os surfistas mais jovens durante a competição.Nota 2: "Preparem-se para engolir nosso spray" é uma gíria usada no contexto do surf para expressar confiança e intenção de superar os adversários. O "spray" refere-se às gotículas de água levantadas pela prancha durante manobras rápidas e intensas. Ao dizer isso, Augusto está, de forma figurativa e provocativa, afirmando que ele e Isadora surfarão com tanta habilidade e proximidade que os outros competidores ficarão para trás, "engolindo" o spray de suas ondas, em vez de competir lado a lado. É uma demonstração de competitividade e crença na própria superioridade.
PRÓXIMO CAPÍTULO:
Deixa eu te contar um segredo, daqueles que a gente sussurra na escuridão. Sabe aquela sensação de ser diferente, de ter algo pulsando sob a...
═══ • ◆ • ═══ Com o sexto sentido em alerta, a inquietação impulsionava a jornada em busca de respostas que ecoavam na alma ═══ • ◆...
═══ • ◆ • ═══
Com o sexto sentido em alerta,
a inquietação impulsionava a jornada em busca de respostas
que ecoavam na alma
═══ • ◆ • ═══
A luz matinal, insistente, esgueirava-se pelas cortinas semiabertas, dançando com a brisa suave. Camille, ainda envolta em um torpor sonolento, abriu os olhos, buscando refúgio na familiar constelação de Sagitário, que adornava seu teto como um segredo particular. A lembrança do céu noturno, com seus pontos de luz cintilantes, contrastava com a imensidão negra e pontilhada que a cercava durante o dia.
E então, o brilho do anel em seu dedo a despertou por completo, um grito de alegria ecoando pelo quarto, celebrando o 'sim' da noite anterior. Com um chute preguiçoso, afastou o lençol, sentando-se na cama, os pés ainda flutuando sobre o chão frio. Uma pontada aguda na cabeça a atingiu, intensificando-se a cada batida do coração. O canto dos pássaros, outrora melodia matinal, tornou-se uma cacofonia irritante, aumentando sua vertigem.
— Ah, qual é? Nem bebi tanto assim! — Resmungou, calçando os chinelos e arrastando-se para fora do quarto. A promessa do café quente, com o aroma inconfundível do avô, a guiou pelas escadas, como um farol na névoa da ressaca.
— Bom dia, vô! — Camille o abraçou, depositando um beijo suave em sua face enrugada.
— Dormiu bem, querida? — perguntou o avô, a voz rouca e os cabelos alvos perfeitamente alinhados. — A ressaca te atormentou muito?
— O sono foi tranquilo, mas essa dor de cabeça... só um café do senhor para curar.
— Então me ajude a preparar a mesa — disse ele, selando a garrafa térmica e colocando-a no centro da mesa. — Vou chamar sua avó.
Enquanto organizava a mesa, uma sensação estranha invadiu a mente de Camille. Um turbilhão de imagens da noite anterior, fragmentos de conversas sobre sua mãe e Diego, ecos de um passado que parecia gritar por respostas. Uma interrogação gigante se formou em sua mente, um enigma que ela sentia que precisava desvendar.
Camille abriu a geladeira, buscando um refúgio para as lembranças insistentes. Os itens frios em seus braços a despertaram para a realidade. — Brrr, gelado! — murmurou, enquanto vasculhava armários e gavetas em busca dos utensílios restantes.
Os passos arrastados dos avós anunciaram sua chegada. Vovô, em seu ritmo peculiar, seguia a vovó, que ainda desfilava em sua camisola matinal.
— Bom dia, minha netinha linda! — exclamou a vovó, com um sorriso que iluminava a cozinha.
— Bom dia, vó! — Camille a abraçou, depositando um beijo demorado e estalado em sua bochecha, como se quisesse deixar ali toda a sua alegria. — O café do vô está pronto, e a mesa já está posta!
Sentaram-se à mesa, o café fresco e o leite morno compondo uma sinfonia de aromas. Vovó, com a precisão de um mestre, executava o ritual de aquecer a xícara com água da chaleira, um gesto que transcendia o simples ato de preparar café, transformando-se em um símbolo de afeto e cuidado, pois para ela, café frio era um sacrilégio.
— Vó, preciso perguntar uma coisa — Camille hesitou, pesando cada palavra. Sabia que o assunto era um campo minado. Vovó, com um "hum?" curioso, continuou a saborear os biscoitos amanteigados, pronta para ouvir.
— Quem é Diego? Encontramos ele ontem no bar do pai do Dominic, e a reação da mãe... foi estranha. Nunca a vi daquele jeito, e eu preciso entender.
Um olhar tenso se trocou entre os avós, um segredo compartilhado que Camille não compreendia. Vovô, hesitante, abriu a boca para responder, mas vovó o silenciou com um gesto. Bebericou o café, como se buscasse coragem para enfrentar a verdade.
— Em Cerca Grande, sua mãe tinha uma amiga de infância, nossa vizinha de porta, Amélia. Lembra?
Camille assentiu, a imagem de sua mãe desolada pela perda marcou sua infância profundamente.
— Lembro sim, mamãe ficou muito triste com a sua morte e veio no primeiro voo para o velório.
— Diego era o namorado dela. — A frase ecoou na cozinha, carregada de um peso inexplicável. Vovó bebeu o café, como se buscasse coragem para continuar.
— Sua mãe tem uma história... uma história que envolve Diego e um passado que a marcou. Mas não cabe a mim revelar os detalhes. É uma história que ela precisa contar a você, quando estiver pronta.
Camille, insatisfeita com a resposta evasiva da avó, tentou dissipar a tensão com um sorriso forçado. Mas o silêncio pesado que pairava sobre a mesa foi abruptamente interrompido por Augusto, que irrompeu na cozinha com a energia de um furacão, trazendo consigo o frescor da caminhada matinal.
— Bom dia, família! — exclamou, distribuindo beijos e puxando uma cadeira. — Esse café está divino!
— Minha mãe? Alguém viu? — perguntou, servindo-se de torrada com geleia de morango. — Fui chamá-la, mas o quarto estava vazio.
— Ah, ela saiu faz um tempinho — respondeu Augusto, com um sorriso malandro. — Foi visitar a Amélia, toda trabalhada no visual 'viúva de novela mexicana': preto dos pés à cabeça, parecia que ia para um velório... ou para um encontro secreto. Hum, isso está uma delícia!
A animação de Augusto se dissipou, dando lugar a uma expressão de deleite pela primeira refeição do dia. Camille, com um sorriso sarcástico, encarou a xícara de café e ergueu uma sobrancelha.
— Um velório... ou um encontro secreto? Hm, interessante. — Pensou, imaginando os cenários mais absurdos, por exemplo, sua a mãe em um encontro secreto com Diego no cemitério.
De volta ao quarto, Camille sentia a necessidade de organizar seus pensamentos, de dar forma ao quebra-cabeça que se formava em sua mente. Recorreu à sua habilidade de criar linhas do tempo, um talento cultivado na faculdade.
Com um caderno e caneta em mãos, traçou uma linha horizontal na folha, dividindo-a por anos. Abaixo, começou a anotar os eventos que conhecia, tentando encontrar um padrão.
— Mamãe e papai começaram a namorar no começo de 92, e eu nasci em dezembro... — murmurou, escrevendo com pressa, como se estivesse correndo contra o tempo.
— Antes dele, ela namorou Rodrigo, que é o pai do Liam... — Parou, anotou um ponto de interrogação ao lado da anotação. — E Diego era namorado de Amélia na mesma época em que minha mãe e Rodrigo namoravam...
As mensagens de Dominic a fez lembrar do encontro surpresa organizado por Henrique. Algo que eles sabiam, algo que estava escondido nas entrelinhas.
A cada nova informação, a confusão de Camille se transformava em irritação. Ela precisava de respostas. Decidida a adiar a investigação por enquanto, começou a se arrumar para a disputa de surf.
• ◆ •
Clara e Diego chegaram juntos, as mãos entrelaçadas, como se pombinhos recém casados. Na praia, a disputa de surf de Henrique era um espetáculo de cores e sons. Dom, sempre presente, havia trazido Camille e sua prancha, enquanto Liam e a namorada, surfistas experientes, se misturavam à multidão. As gêmeas Aurora e Pandora, orgulhosas, exibiam seus maridos e os filhos, herdeiros do mar. Henrique e sua esposa Dalila, anfitriões perfeitos, completavam o quadro, junto a outros amigos que o tempo havia presenteado.
O sol, um gigante dourado, transformava o mar em um espelho reluzente. A música alta pulsava, como um coração batendo no ritmo das ondas.
— O mar está nos abençoando hoje! — gritou Henrique, saudando o casal com um sorriso que parecia esconder algo. — Que bom que vieram! Que bom que se acertaram.
Camille observava a interação, sentindo um pressentimento estranho. O olhar cúmplice de Henrique para sua mãe e Diego, a forma como eles se tocavam... tudo parecia estranhamente familiar.
Henrique, com a energia de um apresentador de reality show, reuniu a todos para explicar as regras da disputa. A tensão, porém, permanecia no ar, como um aviso silencioso.
— Teremos três jurados: Dalila, minha esposa; Vinícius, meu camarada de longa data — Henrique apontou para o amigo ao lado — e... — ele parou, procurando com o olhar, e encontrou-a ao fundo — Luana!
A atenção de todos se voltou para a mulher que surgia ao fundo. Luana, com seus lábios de tom roxo quase negro, a pele contrastando com as marcas do sol, o corpo definido e os cachos loiros que pareciam desafiar a gravidade, era uma visão que impunha respeito. A fumaça do cigarro que apagou no cinzeiro se dissipava lentamente, como um rastro de mistério.
Ao lado de Luana, um homem com a postura de um Capitão-Tenente da Marinha, corpo atlético e ombros largos. Seus cabelos ondulados, cortados na altura das orelhas, emolduravam um rosto marcado pela disciplina e pela experiência. Clara o reconheceu instantaneamente: Rodrigo. A presença dele, mesmo em um ambiente descontraído como a disputa de surf, exalava uma aura de comando e respeito.
Um arrepio percorreu a espinha de Camille. A chegada dos dois, juntos, era estranhamente incômoda. Algo não se encaixava.
— Chegamos! — anunciou Luana, com um sorriso radiante. Ao seu lado, Rodrigo relaxou a postura, a expressão suavizou ao reconhecer os amigos e cumprimentá-los com um aperto de mão até seu olhar congelar em Clara.
— Vocês dois... juntos? — Henrique arqueou as sobrancelhas, a incredulidade estampada no rosto. — Pensei que estivessem em pé de guerra.
— Fizemos as pazes — respondeu Luana, com um tom que não deixava espaço para discussão. A tensão entre os dois era palpável, como uma corda esticada prestes a arrebentar. — Por enquanto.
Seus olhos encontraram os de Clara, e um sorriso amigável se abriu em seus lábios.
— Oi, você é a Clara, certo? Nos encontramos algumas vezes.
— Sério? — Clara franziu a testa, tentando resgatar as memórias perdidas.
— Na festa do Rodrigo, há alguns anos, e depois na pracinha, com nossos filhos.
Luana, com um sorriso gélido, finalmente entendeu. Clara. A ex-namorada de Rodrigo. A mulher por quem ele a traiu e que ele insistia em manter viva em seu passado, através da Santa Clara Casa de Surf. Maldita loja que ele se recusava a renomear, mesmo após anos de casados. A memória das discussões acaloradas, das noites em claro, das lágrimas derramadas, invadiu sua mente. A tensão na atmosfera se intensificou, tornando o ar quase irrespirável.
Camille observava a cena, sentindo o ciúme de Luana se espalhar pelo ambiente como um veneno invisível. O silêncio que se seguiu à chegada do casal era ensurdecedor, e Luana, com a expressão fechada, arrastou Rodrigo para o outro lado da barraca, criando uma divisão clara entre eles e o resto do grupo.
— Vamos começar, galera! — Henrique anunciou, apontando para a tela da TV. — Ali está o painel com os nomes e a pontuação de cada um. Teremos baterias individuais, e os melhores avançam para as próximas fases. No final, um pódio com os três melhores.
Ele explicou as regras com entusiasmo, tentando dissolver o clima tenso. Cada olhar trocado, cada movimento, carregava um peso que ameaçava afogar a competição e ele estava disposto a evitar a todo custo.
Enquanto Henrique explicava as regras, Camille observava os personagens, tentando decifrar o enigma que se desenrolava diante dela. A tensão entre Luana e Rodrigo, a proximidade de Clara e Diego... tudo parecia fazer parte de um jogo perigoso.
PRÓXIMO CAPÍTULO:
═══ • ◆ • ═══ O destino é traiçoeiro, mas o que está escrito nas estrelas sempre se cumpre ═══ • ◆ • ═══ • Madrugada, depois do reencontro n...
═══ • ◆ • ═══
O destino é traiçoeiro, mas o que está escrito nas estrelas sempre se cumpre
═══ • ◆ • ═══
• Madrugada, depois do reencontro no bar de Henrique •
Camille chegou em casa com sua mãe e, antes de dormir, checou as notificações, encontrando uma enxurrada de mensagens de Dominic.
Camille franziu a testa, confusa. 'Como assim, armaram?'
Foi então que caiu a ficha. Ela sabia que havia algo no passado de sua mãe, mas ninguém falava nada e ela sempre percebia que quando sua mãe e sua tia conversavam o assunto mudava quando ela se aproximava. Então era isso, era Diego. Talvez um namorado da adolescência?
Percebeu o quão sensível era seu namorado, por se importar tanto com Diego que nem era parente de sangue, apenas amigo de infância do seu pai. Primeiro sentiu um ponta de raiva por ele ter se metido nos assuntos de família, mas depois que entendeu sua posição, seu coração amoleceu por ele.
Camille terminou de digitar a mensagem com o pouco de sono que tinha e apagou imediatamente sob o aconchego dos seus lençóis de cetim perolizado.
• Manhã seguinte, no cemitério •
Sentindo os ombros mais leves, como se um fardo invisível tivesse sido retirado, Clara caminhou para fora do cemitério, decidida a não fazer mais promessas que não pudesse cumprir. Exalou um suspiro de alívio e apertou o botão do controle, destravando o carro.
— Oi, Clara — a voz de Diego a surpreendeu, ele aproximava com um buquê de tulipas rosas, suas favoritas.
— Oi, Diego — no primeiro momento, Clara pensou que ele estaria ali com o mesmo propósito que ela, mas a expressão nervosa de Diego a fez perceber que havia algo mais. Sorriu.
— Eu estava indo até sua casa para conversar com você, e passando aqui na frente, vi seu carro estacionado e resolvi esperar — ele passou uma mão pela nuca, em um gesto nervoso. — Estas flores são para você — estendeu o braço, oferecendo o buquê.
Clara segurou as tulipas com delicadeza, inalando o perfume suave. — Vamos, eu também preciso conversar com você.
Diego abriu a porta do carro para ela, um sorriso tímido iluminando seu rosto. — Podemos nos encontrar no bar do Henrique, está vazio a essa hora.
Clara assentiu, retribuindo o sorriso. Pousou o buquê no banco do passageiro e seguiu Diego em seu carro, o som suave de uma música lounge preenchendo o silêncio. Precisava organizar seus pensamentos. Ao chegarem, Diego estacionou em uma vaga privativa e fez um sinal para que ela o seguisse.
Entrando em uma porta passando por alguns corredores chegaram ao salão que diferente da noite passada, agora estava silencioso e com as luzes apagadas, apenas os raios do sol entravam pelas largas janelas de vidro. O tac, tac, tac dos saltos ecoava alto, preenchendo o ambiente.
— Quer beber algo? Posso preparar o que quiser.
— Quero ter uma conversa sóbria com você dessa vez — deu um sorriso travesso lembrando da noite na fogueira —, então só água, por favor.
— Ah ok — virou-se rindo para esconder o rubor em seu rosto, lembrando da mesma noite. Disse por cima dos ombros — Sente-se, que eu já volto!
Minutos depois Diego retornou com dois copos com gelo e duas garrafinhas de água mineral. Sentou de frente para ela, justamente ela escolhe a mesma mesa da noite anterior, algo naquele lustre lhe chamava a atenção. Diego percebeu que ela o encarava e o acendeu, iluminando ainda mais o seu rosto. Sentou novamente e lhe serviu.
— Eu tenho tantas perguntas, Clara. Mas não tenho certeza se você vai responder. — Diego fechou a tampa da última garrafinha, o som plástico ecoando no silêncio entre eles, e mirou seus olhos nos dela. Clara acompanhava seus movimentos lentos e precisos, o coração acelerado.
— Pode perguntar, eu prometo ser o mais direta e sincera possível — apoiou os cotovelos na mesa para segurar o queixo.
— Clara, eu preciso saber... por que você foi embora de repente? — A pergunta pairou no ar, densa e carregada de emoção. O clima mudou rapidamente, algo que já era previsto por Clara, mas ouvir diretamente de Diego a fez, de repente, voltar no tempo e sentir toda a pressão novamente. Ela desviou o olhar, as lágrimas marejando seus olhos antes de responder.
— Diego, eu... eu não sabia o que fazer — olhou ao redor parecendo perdida.
Diego sabia que precisava perguntar mais para fazê-la abrir seu coração, para que finalmente entendesse completamente a situação. Seu tom era doce e calmo, como se limpasse uma ferida aberta.
— O que foi aquela noite para você, Clara? Depois da festa da loja do Rodrigo?
— Nós... nós nos entregamos um ao outro. Para mim, Diego, foi um momento de paixão, de amor...
Diego parou para pensar um pouco, tentando processar as palavras de Clara.
— Certo... Para mim também. E depois? — Seu ciúme agora era evidente. — De repente, você foi embora com Caio!
Clara bebeu um gole de água, a garganta seca pela tensão. — Eu descobri que estava grávida. Grávida de você.
Diego ficou paralisado, a notícia o atingindo como um soco no estômago. Ele havia ouvido boatos sobre a gravidez de Clara, mas sempre os descartara, acreditando que o filho era de Caio. A revelação de Clara o deixou sem fôlego, a raiva fervendo em suas veias. Levantou-se bruscamente, arrastando a cadeira para trás, o som estridente ecoando no silêncio do bar.
— Um filho meu? Clara, por que você não me disse? Eu tinha o direito de saber! — Seus olhos, antes marejados, agora flamejavam de raiva e dor.
— Eu estava com medo, Diego. — As lágrimas escorriam pelo rosto de Clara, silenciosas e dolorosas. — Medo de te perder, medo de perder a Amélia. Eu fiz uma promessa para ela.
— Que promessa? — Diego franziu o cenho, confuso e magoado. Clara desviou o olhar.
— Que nunca mais te procuraria. — A revelação caiu como uma bomba, explodindo o mundo de Diego em mil pedaços. Ele se sentiu traído, enganado, roubado. 'Não acredito que Amélia fez isso', pensou ele, incrédulo. 'Eu não a conhecia completamente. Não imaginava o quanto ela era obsessiva e manipuladora a esse ponto.' A raiva, antes contida, explodiu em um grito selvagem, rasgando o silêncio do bar. Diego começou a andar em círculos, tentando processar a informação, a tensão se dissipando aos poucos.
— Então foi por isso que você foi para a Europa? — perguntou com a voz mansa.
— Sim, Diego. Eu tentei te esquecer, mas não consegui. Se eu ficasse, sabia que voltaria para você, e não podia ser egoísta e colocar a vida do nosso bebê em risco. Camille foi um presente, um pedido realizado por uma estrela cadente. Eu faria qualquer coisa por ela.
Diego se ajoelhou ao lado de Clara, seus olhos ternos e marejados buscando os dela. — Clara, você só queria o melhor para nossa filha. Eu te entendo, e estou aqui agora, disposto a recuperar cada segundo perdido, se você me permitir. Sem ressentimentos, sem mágoas, apenas amor.
As palavras de Diego ecoaram no coração de Clara, como um dia de sol no verão — Eu te amo, Clara.
Ele ergueu as mãos de Clara, beijando-as com fervor. — Eu nunca deixei de te amar.
Um soluço escapou dos lábios de Clara, a emoção transbordando em lágrimas de alegria. Diego ergueu-se, aproximando-se dela, seus lábios se encontrando em um beijo urgente, faminto, como se quisessem recuperar o tempo perdido.
— Me perdoa por não ter te procurado, Clara. Fui covarde, deveria ter lutado por nós.
— Não, Diego, você não fez nada de errado — Clara suplicou, a voz embargada pelo choro. — Me perdoa por ter te deixado, por ter te afastado da nossa filha.
Diego a abraçou com força, apertando-a contra o peito, como se quisesse protegê-la de toda a dor do mundo. — Eu te perdoo, Clara. Você era apenas uma menina, assustada e confusa. Eu nem consigo imaginar o que você passou. Tenho muito a agradecer a Caio, por ter cuidado de você e da nossa filha, por ter feito o que eu não tive coragem de fazer.
As lágrimas de Clara haviam cessado, mas seus olhos ainda brilhavam com a emoção do momento. Diego, com um toque suave, enxugou as últimas lágrimas que teimavam em rolar por seu rosto. Com um toque suave, guiou-a até a cadeira ao lado, onde poderiam compartilhar o silêncio e a proximidade.
— Mas agora eu estou aqui, Clara — ele disse, a voz embargada pela emoção. — Vamos recomeçar? Vamos construir um futuro juntos?
Um sorriso radiante iluminou o rosto de Clara, as lágrimas de alegria escorrendo por suas bochechas. — Sim, Diego. Vamos recomeçar.
O silêncio que se seguiu foi preenchido pela promessa de um novo começo. Diego, com um olhar apaixonado, segurou as mãos de Clara, entrelaçando seus dedos.
— Prometo que farei de tudo para te fazer feliz, Clara. Prometo que serei o pai que Camille sempre mereceu.
Clara assentiu, a voz embargada pela emoção. — Eu acredito em você, Diego. Eu acredito em nós.
Eles se abraçaram ainda mais forte, como se temessem que o momento mágico pudesse se dissipar. O futuro, antes incerto, agora se apresentava como um caminho promissor, onde o amor e a esperança guiavam seus passos.
Um sonoro 'oinc' ecoou pelo bar, quebrando o silêncio cúmplice.
— Desculpa, Diego — Clara corou, envergonhada com a mão na frente do rosto. — Acordei tão desolada que nem consegui tomar café da manhã. Estou faminta!
Diego explodiu em risadas, um som contagiante que preencheu o ambiente. Clara sorriu, aliviada por quebrar a tensão.
— Vou preparar algo para a gente comer — Diego a guiou pela mão, seus dedos entrelaçados, seus corpos emanando um calor que fazia suas mãos suarem. — Temos muito tempo até os funcionários começarem a chegar.
A cozinha, antes um mistério para Clara, agora se revelava como um palco para um novo começo. O cheiro do suco de morango e camarão fresco pairava no ar, convidando-os a desfrutar daquele momento.
— Você tem planos para a tarde? — Diego perguntou, enquanto enxugava os pratos que haviam servido uma refeição deliciosa. Clara, com os olhos fixos nos braços flexionados de Diego, hesitou por um momento.
— E pior que tenho — respondeu, um bico triste se formando em seus lábios. — Tem o desafio de surf do Henrique.
— Ah, é mesmo! — Diego exclamou, batendo na testa com a palma da mão. Olhou para o relógio de pulso. — Mas ainda temos tempo... — Com um movimento rápido, pressionou Clara contra a pia, seus lábios se encontrando em um beijo profundo e apaixonado, que fez as pernas de Clara bambearem. — Vem, vou te mostrar minha casa.
De mãos dadas, eles saíram do bar com o carro de Diego. O trajeto até a casa dele foi curto, o bairro não era grande e sua casa era próximo dali. Ao entrarem, a residência se transformou em um refúgio de amor e paixão. Beijos, carícias e suspiros preencheram cada cômodo. Entre um toque e outro, Diego parou, seus olhos brilhando como uma criança travessa prestes a fazer travessuras.
— Você ainda pode engravidar? Seria maravilhoso termos mais uma menina... ou quem sabe um menino!
Clara corou, um sorriso tímido se formando em seus lábios. — Diego! — Ela deu um tapinha de leve no ombro dele, a vergonha misturada com a alegria.
Risadas, gemidos e suspiros ecoaram pela casa, enquanto eles se entregavam ao prazer, celebrando o reencontro de suas almas.
PRÓXIMO CAPÍTULO DISPONÍVEL:
Siga-nos
Na vida nem tudo é branco no preto. Há outros tons, outras nuances, certamente encontrará a sua cor.